Comer uma paleta mexicana na praia ou
beber uma cerveja bem gelada no happy hour com o pessoal do trabalho pode
parecer praxe dos dias de verão. Porém, quem sofre com sensibilidade nos dentes
é capaz de pensar duas vezes antes de aceitar esses convites. A dor que atinge
a polpa do dente e aparece quando há ingestão de açúcares ou alimentos e
bebidas geladas é uma consequência do desgaste do esmalte dentário.
A sensibilidade dentária começa toda
vez que os canalículos dos dentes estão desprotegidos. Esses canalículos são
pequenos túbulos, preenchidos por um líquido e com terminações nervosas, que
ficam ligadas à polpa – parte mais interna e sensível dos dentes. A
dentina é quem abriga esses canais. Ela é um tecido intermediário na anatomia
do dente, fica entre a polpa e o esmalte. O último, além de ser o tecido mais
resistente do corpo, é o responsável pela proteção dos que ficam abaixo. Toda
vez que o esmalte sofre algum tipo de desgaste, os canalículos ficam expostos e
o paciente sofre com a sensibilidade. O desgaste do esmalte pode se dar por
fatores patológicos, naturais e químicos.
Patológico.
O desleixo com a higiene oral ou mesmo a escovação
feita com muita força pode provocar a inflamação das gengivas, conhecida como
gengivite. A dentista Renata Martins (CROSP 102411) explica que conforme forem
ocorrendo agressões na gengiva, ela irá se retrair e, como consequência,
acabará expondo parte da dentina que estava sendo protegida. Já o hábito de
ranger os dentes, conhecido como bruxismo, provoca sensibilidade porque
desgasta o esmalte a partir do atrito dos dentes. Nesses casos, tratar a dor
não irá resolver o problema. É preciso procurar um profissional para tratar
especificamente a causa.
Naturais.
Assim como o restante do corpo, a boca também se
mantém em temperatura média de 36º. Toda vez que os tecidos entram em contato
com uma superfície muito quente ou muito fria, ocorre algum tipo de estímulo.
Com a boca a sensação não é diferente. O problema é que a cavidade oral e os
tecidos periodontais periodontal são bem mais finos e sensíveis do que a derme.
Segundo Artur Cerri (CROSP 12139),
Diretor da Escola de Aperfeiçoamento Bucal da Associação Paulista de Cirurgiões
Dentistas (APCD), essas mudanças bruscas de temperatura acabam comprometendo a
vitalidade do dente e o ideal é sempre evitar os extremos. Para não abandonar
os picolés, Cerri sugere apreciá-lo em mordidas menores, de forma que a
superfície de contato com a boca e os dentes seja menor. Caso você já esteja
com sensibilidade e queira tomar um suco doce e gelado, utilizar um canudinho
também pode ajudar.
Químico.
Outra forma de provocar o desgaste é através do
contato com produtos de pH baixo. O consumo de refrigerantes, energéticos,
doces ou frutas ácidas faz com que o pH da cavidade oral passe de neutro para
ácido, de forma que o esmalte precisa se dissolve na saliva para liberar íons
que neutralizem novamente o pH da boca.
Tratamento e
cuidados.
Para aproveitar as comidas e bebidas boas do verão
sem se preocupar com sensibilidade, cuidar adequadamente da higiene oral é o
primeiro passo para não ter problemas. Para que a escovação seja eficaz e
segura, o dentista Mario Sérgio Giorgi (CROSP 23331) recomenda começar com uma
escova de cerdas macias e, durante a escovação, não utilizá-la em mais de três
dentes ao mesmo tempo. Ao higienizar as laterais dos dentes, incline a escova
em 45 graus e faça movimentos circulares ao redor da superfície dentária. Já na
parte oclusal dos dentes, onde ocorre a mastigação, mexa a escova da esquerda
para a direita, com um movimento vai e vem.
Utilizar cremes dentais para
sensibilidade pode aliviar a dor, pois eles têm uma concentração de flúor maior
e atuam como selantes, protegendo os canalículos que ficaram expostos. Embora
possam ajudar, os cremes atuam apenas sobre o sintoma do problema. O ideal é
sempre procurar um profissional para fazer um tratamento que atue no causador
do problema.
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