Pesquisadores da USP
(Universidade de São Paulo) identificaram uma enzima capaz de alterar as
propriedades dos aminoglicosídeos, moléculas produzidas por bactérias e usadas
na medicina como antibióticos. O trabalho foi feito em conjunto com a
Universidade de Cambridge (Reino Unido) e Wuhan (China).
Essa substância atua no
processo de formação das moléculas de antibióticos como a gentamicina, a
canamicina e a tobramicina, proporcionando resistência de micro-organismos
causadores de infecções. A descoberta poderá levar à produção, por vias
naturais, de antibióticos mais eficazes e com menos toxicidade.
As enzimas são
proteínas que catalisam reações químicas essenciais para vida ou para a
biossíntese de compostos.
“Essa bactéria faz parte de um grupo chamado
actinomicetos, que possuem enzimas capazes de transformar a glicose em
moléculas usadas como mecanismo de defesa contra outros micro-organismos”,
disse ao jornal da USP Marcio Vinícius Bertacine Dias, coordenador da pesquisa.
Dias afirma que os
estudos de biologia estrutural ajudam a entender a biossíntese de antibióticos.
“Apesar de serem usados clinicamente, muitos apresentam problemas de toxicidade
e também há um grande número de casos de resistência a antibióticos, uma vez
que são utilizados desde a década de 1950."
Atualmente, por causa
da toxicidade, a gentamicina (um tipo de antibiótico) é utilizada apenas em
casos graves de infecção, como último recurso, por meio de doses injetáveis.
“Também há uma tendência de uso dos aminoglicosídeos para tratar doenças
genéticas, pois eles inibem a síntese proteica realizada pelos ribossomos”, diz
Bertacine Dias.
“A canamicina era usada
contra bactérias gram-negativas, causadoras de infecções urinárias e sepse, mas
deixou de ser adotada desde a década de 1990, devido ao aumento da resistência
das bactérias ao antibiótico e sua toxicidade”.
Os estudos sobre
biossíntese estão aumentando nos últimos anos e ajudam a ampliar os
conhecimentos sobre engenharia biossintética de produtos naturais e
antibióticos produzidos por bactérias. “É uma estratégia promissora para ser
usada em paralelo com as técnicas tradicionais de química orgânica, aplicadas
hoje em dia para a modificação de antibióticos, mas que podem gerar resíduos
tóxicos para o meio ambiente", conclui Dias.
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