Somando quase 1 milhão
de mortes por ano no Brasil, doenças como o câncer e a diabete, além de outras
doenças não transmissíveis custam ao sistema de saúde nacional um total de R$
7,5 bilhões ao ano.
Na sexta-feira (1º), na
esperança de frear essa explosão de custos e de mortes, a Organização Mundial
de Saúde lançou uma lista de recomendações e políticas em que apresenta
estratégias para que os países possam combater essas doenças. A estratégia foi
elaborada por 26 especialistas e chefes de estados, entre eles o Tabaré
Vázques, do Uruguai, e Michele Bachellet, do Chile.
Para o grupo, não
existe vontade política suficiente para lidar com essas doenças, mesmo diante
da produção científica que aponta para o peso que elas representam na sociedade
e nas contas do estado.
O problema não se
limita ao Brasil. No mundo, essas doenças matam 41 milhões por ano, o que
representa 70% de todas as mortes do mundo. Em termos financeiros, seus
tratamentos podem custar para a economia global US$ 47 trilhões até 2030.
Na avaliação da
entidade, os 78 países mais pobres poderiam salvar 8 milhões de vidas até 2030
se investissem US$ 1,27 extra por cidadão a cada ano e prevenção e tratamento
de doenças crônicas. Com esse investimento, os governos conseguiram economizar
US$ 350 bilhões em seus serviços de saúde.
Açúcar.
Apesar das
recomendações, não houve um acordo entre os especialistas sobre como
responsabilizar o setor privado por práticas como o grau de açúcar nos produtos
ou um monitoramento mais detalhado.
Tampouco houve um
acordo sobre elevar impostos sobre refrigerantes e ao açúcar. Há dois anos, a
OMS recomendou uma elevação de 20% nos impostos para refrigerantes, como forma
de combater diabete, obesidade e outras doenças.
"Não tivemos um
acordo sobre a recomendação de elevar impostos sobre refrigerantes, doces e
outros alimentos", admitiu Sania Nishtar, copresidente da iniciativa. Ela,
porém, se recusou a dar os nomes dos comissários que votaram contra a elevação
de impostos.
Para Tedros
Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, sua entidade "não mudará" a
posição da agência sobre o fato de ser favorável a um aumento de impostos sobre
refrigerantes e outros produtos como forma de reduzir certas doenças.
"O objetivo do
relatório é traçar orientações práticas que ajudem os países a cumprirem a meta
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que recomenda reduzir em um
terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de
prevenção e tratamento para promover a saúde mental e o bem-estar da
população", indica a OMS, em um comunicado.
Entre as medidas, o
grupo pede que líderes políticos municipais, estaduais e nacionais assumam a
responsabilidade por ações locais abrangentes. A iniciativa também sugere que
governos adotem uma lista de prioridades e que, acima de tudo, fortaleçam a
cobertura universal de saúde e reorientar os sistemas de saúde para incluir a
promoção da saúde, a prevenção e controle de doenças não transmissíveis e
serviços de saúde mental em suas políticas e planos estratégicos.
O grupo de
especialistas também pede que governos e a comunidade internacional destinem
"mais financiamento para o combate às doenças não transmissíveis,
estabelecendo um novo paradigma econômico para investimentos em ações de seu
controle".
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