A promessa não é
pequena: maior lubrificação, sensibilidade da vagina, prazer e duração do orgasmo.
Quem é que não quer isso? Os lubrificantes
de maconha parecem ser o aditivo dos sonhos para o sexo. E, mesmo sendo ilegais
no Brasil, eles têm sido feitos de forma caseira por mulheres, que vendem entre
amigas ou por meio de redes sociais. A base é óleo de coco, na qual é
adicionado um outro óleo, extraído da erva.
A redação da Universa
descolou dois lubrificantes de maconha feitos por diferentes produtoras e os
testou. Um deles vem num frasco de 45 ml e custa R$ 70. O outro, de 10 ml,
custa R$ 100.
Para não rolar
preconceito, testamos de muitas formas: no sexo hétero, no lésbico e na
masturbação.
Veja o que nossas repórteres e um casal de amigas acharam:
No sexo hétero:
"Os orgasmos mais intensos que já tive" -
Talyta Vespa, repórter.
Cheguei em casa animada
e contei ao meu namorado que teríamos que reservar alguns minutos do dia para
uma pesquisa sexual empírica — coisa de trabalho. Havia uma pessoa limpando a
minha casa, então recorremos ao motel.
Lambuzei o dedo
indicador com o óleo e passei nos grandes lábios, no clitóris e no canal
vaginal. Contei meia hora, como recomendava o produto. Enquanto isso,
assistíamos a um seriado na TV. Quando levantei para pegar uma água, meu
clitóris começou a latejar de tesão — e só tinham se passado 15 minutos.
Minha vagina ficou
extremamente sensível. O boy não conseguiu chegar nem perto do clitóris, porque
eu sentia choques intensos. No sexo oral, a língua precisou encontrar outros
caminhos – que ficaram maravilhosamente sensíveis. Tudo latejava. Meu namorado
reclamou um pouco do gosto; ele não gosta de maconha nem de derivados dela. O
lubrificante é comestível, tem o sabor da erva e é bastante adocicado. É tipo
um óleo de coco canábico.
Chegou a hora da
penetração. E aí, caro leitor, é que começa o clímax desse negócio. Tive a
sensação de que tudo ficou mais apertado, teve muito mais atrito entre o pênis
e a vagina. Apesar de eu estar lubrificada, em momento algum senti minha vagina
anestesiada ou com pouca sensibilidade. Meu primeiro orgasmo veio com cinco
minutos de penetração e uma intensidade que me fez ver estrelinhas.
Mudamos algumas vezes
de posição e, apesar de eu já ter gozado, continuava tão excitada quanto no
começo – o que raramente acontece. Já perto dos 20 minutos, senti que teria um
segundo orgasmo. Ele veio, ainda mais forte que o primeiro.
Para ele, o
lubrificante não provocou nenhuma sensação diferente.
Alguns dias depois,
testamos o segundo óleo. Mesmo processo chato de meia hora até a pegação, só
que dessa vez, em casa. Ufa. Melecação daqui, melecação dali, esperei, enquanto
entrevistava uma pessoa pelo telefone. Não avisei ao meu namorado que seria o
momento do segundo teste. Passados os 30 minutos, cheguei chegando.
No sexo oral, a
sensibilidade ficou maior — mas não tão grande quanto no caso do primeiro lub.
Meu clitóris continuou desesperadamente sensível e dolorido, então, mais uma
vez, ele foi deixado de lado por decisão minha.
Começamos a penetração
e deu ruim. Eu não sentia nada. Minha vagina ficou anestesiada, o atrito era
muito pouco, foi bizarro. Demorei 20 minutos para gozar e só consegui, com a
ajuda da bendita siririca. Para o boy, mais uma vez, não mudou nada. Orgasmo
normal, sem grandes sensações interessantes.
No sexo lésbico:
"Meu orgasmo durou três minutos" - Tamy Moz,
analista de marketing.
Sou fã do lubrificante
de maconha faz tempo, me empolguei quando descobri que testaria novas marcas.
Como já sou muito lubrificada e, no sexo lésbico, isso não é tão interessante
porque diminui o atrito, passei bem pouquinho.
Passei o primeiro por
toda a xoxota: nos grandes lábios, nos pequenos, no clitóris e no canal —
apesar de eu odiar penetração, senti que lá ficou mais sensível do que as
outras regiões.
Esse primeiro
lubrificante é bastante oleoso, e isso diminuiu um pouco o atrito entre os
dedos da minha namorada e a minha vagina.
Na hora da tesoura,
aquela posição em que a gente fica deitada com as pernas entrelaçadas e roçando
as xoxotas, eu demorei bastante para gozar. Foram 20 minutos. Só que quando
gozei, foi uma sensação absurdamente forte. Foi tão intenso, que senti uma leve
dor no músculo vaginal. Mas durou pouco, só alguns segundos.
No dia seguinte, testei
o segundo. Lambuzei os dedos e melequei toda a pepeca. Esperei os trinta minutos
e começamos a pegação. Não testamos o sexo oral porque minha namorada ainda
estava no fim do ciclo menstrual. Ficamos só com os dedos.
O clitóris inchou e
ficou bastante sensível. Estava animada com toda aquela sensação. Sentia minha
vagina bastante contraída, formigando de tesão.
Gozei em cinco minutos,
só com ela me masturbando. O orgasmo durou uns três minutos e eu fiquei
bastante cansada quando acabou. Gostei mais do segundo, apesar do orgasmo ter
sido bem diferente do que estou acostumada a ter.
Na masturbação:
"Boa companhia para a solidão? Nem tanto" - Helena
Bertho, repórter.
"Sou boa solteira,
eu não conseguia prometer para a reportagem a missão de testar o lubrificante
de maconha com outra pessoa; então me coube a missão de descobrir se ele podia
deixar a masturbação ainda mais gostosa -- porque, convenhamos, é difícil ser
ruim, né?
Numa segunda-feira à
noite, fiz o primeiro teste. Besuntei a pepeca por todos os lados, lábios,
clitóris, entrada do canal, e esperei. A recomendação era dar meia-hora para a
magia começar. Sozinha, se assistisse ou lesse algo para me estimular, nesse
tempo, já teria chegado a alguns orgasmos. O jeito foi esperar fazendo outras
coisas. Vi TV, sem sentir nada de especial.
Chegado o momento, não
sentia nada ainda lá embaixo. Peguei meu amigo vibrador e, fuen, ele estava sem
pilha. Ia ter que ser na mão mesmo. Então, com ajuda de alguns vídeos, fiz o
teste. Sendo sincera: o lubrificante de maconha não fez a menor diferença.
Senti o tesão exatamente igual, a excitação exatamente igual e o orgasmo
exatamente igual. Não foi ruim, óbvio, mas também não foi especial.
Só acho que vale contar
aqui que eu estava de TPM, num momento de baixa em todos os sentidos.
Sinceramente, não consegui descobrir se isso afeta ou não. Mas vale ressaltar
que, se não fosse pelo fator profissional do teste, eu não pensaria em sexo
naquele dia "nem fodendo".
E foi já sem esperanças
que parti para a experiência com o segundo lubrificante. Era quinta-feira de
manhã, segundo dia de menstruação, e com a libido de volta à boa forma.
O óleo estava duro, por
causa do frio, e precisei esquentá-lo. Vagina lambuzada, vamos esperar a
maldita meia-hora. Aproveitei para botar roupa para lavar e fazer café da
manhã, porque obviamente tinha perdido a hora e estava atrasada para o
trabalho.
Enquanto fazia minha
tapioca, comecei a sentir uma formigação lá embaixo, o que me deu um
tesãozinho. Quando deu a hora, já estava bem excitada. Com ajuda de filminhos,
comecei e me masturbar. Para repetir o teste com o primeiro óleo, também deixei
o vibrador de lado, fiquei na mão. Como eu já estava excitada, foi tudo mais
gostoso. Mas as sensações e o orgasmo em si não foram diferentes, não. O que
foi mais diferente foi que, mesmo depois de gozar, continuei com tesão e, bem, fiquei
bem mais tempo ali até me sentir satisfeita.
No queimar das ervas
(versão maconheira para "no frigir dos ovos", caso a piada não tenha
ficado clara), não achei nada demais os lubrificantes para o uso solitário. Não
só porque os efeitos não foram grande coisa, mas também porque essa necessidade
de esperar meia hora para poder começar a brincar, quando se está sozinha,
acaba sendo um belo corta clima".
Como a maconha
interfere nos nervos da xoxota.
A maconha, no seu uso
sistêmico, afeta o sistema neurológico, com efeito analgésico e relaxante, e
também psicoativo. Mas no caso do lubrificante, o funcionamento é um pouco
diferente. "Usada de maneira local, ela vai atuar no sistema nervoso
periférico. E a vagina tem bastante terminação nervosa. O resultado é aumento
da lubrificação e relaxamento muscular. Isso favorece o orgasmo ", explica
o biomédico Renato Filev, pesquisador do Centro Brasileiro de Informações Sobre
drogas Piscotrópicas (CEBRID), da UNIFESP.
Ele ressalta que
existem poucos estudos sobre os lubrificantes especificamente. "Mas
usuários que fumam maconha para transar relatam uma melhora, um efeito
semelhante. A diferença é que com o uso do lubrificante, não tem o efeito
euforizante, que é o barato".
E existem riscos ao
usar o lubrificante de maconha? O principal está ligado à procedência do
produto, já que, por ser ilegal, não é possível saber exatamente a qualidade do
que está comprando. Para Renato, é importante conhecer de onde o produto vem. "Se
for produzido em casa, com boas práticas desde o cultivo da planta até o manejo
e a higiene para extração do óleo", diz. No mercado, vendem-se óleos
oriundos do cânhamo chinês, de onde não se sabe o quanto tem de agrotóxico e
fertilizante".
É importante saber que
o óleo de coco enfraquece o látex, então esses lubrificantes só podem ser
usados com camisinhas de poliuretano ou polisopreno.
O que diz a lei.
Fazer uso de maconha é
ilegal no Brasil. Em 2015, dois compostos da erva foram liberados para fins
medicinais no Brasil. O canabidiol (CBD) saiu da lista da Anvisa de substâncias
proibidas no país e o THC também foi retirado dela por determinação da Justiça
Federal do Distrito Federal.
Gostaria de experimentar.....
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