INCA lança estudo
inédito que indica cenário preocupante para o futuro de jovens fumantes.
O Instituto Nacional de
Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde apresentam na cerimônia do Dia
Mundial sem Tabaco o estudo Avaliando a relação entre tabagismo e
obesidade abdominal em uma pesquisa nacional entre adolescentes no
Brasil.
O estudo constatou que
a obesidade abdominal em adolescentes de 15 a 17 anos é mais frequente entre os
fumantes diários do que entre os não fumantes.
A obesidade abdominal
(definida no estudo pela circunferência de cintura elevada) é um indicativo de
acumulação de gordura nessa região e representa um importante fator de risco
para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares,
câncer e diabetes.
O estudo não visou
estabelecer uma relação causal entre o tabagismo e o aumento da circunferência
abdominal, porque os adolescentes não foram acompanhados durante anos.
Ou seja, não se sabe se
os adolescentes já estavam com a circunferência da cintura acima dos padrões
antes de começar a fumar ou vice-versa. O fato é que a coexistência desses dois
fatores de risco já nessa fase da vida é algo preocupante, uma vez que esse
cenário pode se perpetuar na fase adulta.
“São cerca de 100 mil
adolescentes que fumam diariamente no Brasil. Se eles não mudarem seu
comportamento de fumar e adotarem hábitos de vida saudáveis, para além dos
malefícios de curto prazo, terão na fase adulta um risco aumentado para o
desenvolvimento de doenças crônicas”, afirma André Szklo, tecnologista do INCA
e coautor do estudo.
Embora seja difundido,
principalmente pela indústria do tabaco, que fumar proporciona um ganho
estético, o resultado do estudo revela que a proporção de circunferência de
cintura elevada entre os meninos fumantes diários foi 130% maior do que entre
os não fumantes. Entre as meninas fumantes, esse percentual foi cerca de 60%
maior quando comparadas às não fumantes.
Pesquisas anteriores em
adultos também encontraram uma associação positiva entre o fumo e a
circunferência da cintura elevada. Essas pesquisas sugerem que uma possível
explicação para este fato seria que a nicotina (substância do tabaco que causa
a dependência) aumenta a resistência insulínica, que por sua vez está relacionada
ao depósito de gordura na região abdominal.
Essa pode ser uma
explicação para o resultado do estudo apresentado hoje, mas a relação de
causalidade entre o tabagismo e a obesidade abdominal em adolescentes ainda
precisa ser mais investigada por pesquisas específicas.
Publicado na revista
científica Preventive Medicine, o estudo foi realizado por
pesquisadores do INCA, da Universidade Johns Hopkins e da Fiocruz. Os
pesquisadores utilizaram dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em
Adolescentes (Erica), pesquisa nacional feita em 2013 e 2014 entre estudantes
brasileiros de escolas públicas e privadas, coordenada pelo Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ. Eles analisaram informações
de 21.671 rapazes e 17.142 moças de 15 a 17 anos e observaram a relação entre o
tabagismo e a presença de outras características e comportamentos de risco à
saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário