Um dos tumores
cerebrais mais agressivos e letais, o glioblastoma multiforme é raro e
esporádico, mas é o mais comum entre os cânceres cerebrais. Em geral, o
tratamento envolve cirurgia, seguida de radioterapia e quimioterapia. Por ser
muito agressivo, o tratamento é complexo, e na maioria das vezes há recidiva,
ou seja, ele volta a aparecer, o que torna difícil as chances de cura.
Pesquisadores do
Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de
Ribeirão Preto desenvolveram uma estratégia para tornar o tratamento do
glioblastoma multiforme mais eficaz.
Esse tratamento associa
uma molécula fotoativa e um agente quimioterápico, ou seja, uma molécula que
reage ao estímulo da luz a um medicamento para o câncer, ambos encapsulados em
nanopartículas.
O estudo foi feito
usando nanotecnologia e cultura de células, com diferentes estágios do
glioblastoma mais agressivo e também em linhagens de glioblastoma menos
agressivo. O grupo agora dará início aos testes em animais; portanto, ainda
levará um tempo para chegar aos pacientes.
O professor Antônio
Cláudio Tedesco, do Centro de Nanotecnologia e Engenharia Tecidual e
Fotoprocessos, disse que os resultados já obtidos foram o desenvolvimento de
uma partícula contendo um marcador fluorescente para o delineamento do tumor e
do diagnóstico, e um ativo, para impedir o crescimento ou bloquear a progressão
do tumor.
Ainda segundo Tedesco,
essa nova terapia poderá ser usada antes, durante e depois da cirurgia de
remoção do tumor, obrigatória nesses casos de câncer agressivo. O uso de
nanopartículas, diz o professor, permite liberar os medicamentos diretamente na
região afetada, de maneira gradual e sustentada, durante alguns meses.
Na cirurgia, quanto
menos tecido cerebral for removido, mais seguro será o procedimento, pois cai o
risco de comprometimento das funções vitais do paciente.
Para essa nova
estratégia, além da partícula que permite avançar a barreira hematoencefálica,
já patenteada pelo grupo, foi desenvolvida uma nova partícula que tem um
sinalizador fluorescente com maior direcionamento quimioterápico para o sistema
tumoral.
O grupo liderado pelo
professor trabalha em estudo financiado pelo Ministério da Saúde com outros
dois sistemas para o tratamento do glioblastoma.
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