FONTE: Guga Fakri, em São Paulo.
Mesmo após o "conto de fadas" vivido pela equipe Brawn GP e por Jenson Button, a temporada 2009 da Fórmula 1 será lembrada por acontecimentos fora das pistas. Além da briga entre a Fota (Associação das Equipes) e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e da mentira de Lewis Hamilton na Austrália, o ano foi marcado pelo maior escândalo da história da categoria.
Conhecido como crash-gate, o caso que confirmou que Nelsinho Piquet bateu sua Renault propositadamente no GP de Cingapura de 2008 manchou negativamente a temporada. Após ser demitido da Renault, o brasileiro confirmou que a armação tinha sido arquitetada pelo chefe da equipe na época, o italiano Flavio Briatore, e pelo então engenheiro-chefe, Pat Symonds. Na ocasião, o "acidente" causado pelo brasileiro foi fundamental para a vitória de seu companheiro de equipe, Fernando Alonso.Em julgamento realizado no dia 21 de setembro, a FIA acabou banindo Briatore definitivamente do automobilismo. Já Symonds recebeu uma suspensão de cinco anos. Os pilotos envolvidos foram inocentados. Por ter admitido a culpa, a Renault só foi advertida, e está sujeita ao banimento caso tenha novos problemas graves nos próximos dois anos.Mas o crash-gate não foi a única polêmica extra-pista desta temporada. No primeiro semestre, Fota e FIA travaram uma batalha de bastidores após a entidade máxima do automobilismo anunciar que iria impor um teto orçamentário de US$ 65 milhões a partir da temporada 2010. Descontentes com a intransigência do então presidente da entidade, Max Mosley, em relação às contrapropostas apresentadas pela Fota, as equipes ameaçaram criar uma nova categoria, dissidente da Fórmula 1. O impasse se arrastou por várias semanas, até que no dia 1º de agosto foi assinado um novo Pacto de Concórdia, uma espécie de "contrato de paz" entre a FIA, os detentores dos direitos comerciais e as equipes.Ofuscado pela briga entre FIA e Fota e pelo escândalo de Cingapura 2008, o outro episódio polêmico da temporada foi quase esquecido: o "caso da mentira" de Lewis Hamilton. Em Melbourne, na primeira corrida do ano, durante intervenção do safety car, Jarno Trulli saiu da pista e Hamilton o passou. Depois, após ordem da McLaren, que temia uma punição, o inglês cedeu a terceira posição de volta ao italiano. Após a prova, Hamilton disse aos comissários que não havia recebido ordem da equipe para deixar Trulli. Com isso, piloto da Toyota foi punido com o acréscimo de 25 segundos ao seu tempo de corrida por ter ultrapassado sob bandeira amarela. No entanto, a conversa de rádio entre a McLaren e Hamilton foi recuperada e o piloto acabou sendo desclassificado. No fim, quem sofreu as conseqüências foi o diretor esportivo da equipe, Dave Ryan, suspenso pela própria escuderia por ter "estimulado" Hamilton a mentir aos comissários sobre o incidente.Os acontecimentos deste ano dão sequência a outros escândalos recentes, como a eliminação da McLaren do campeonato de 2007 após ter sido flagrada em posse de documentos secretos da Ferrari, ou a orgia sado masoquista do ex-presidente da FIA, Max Mosley. Após tantos problemas nos últimos anos, a parte esportiva da Fórmula 1 foi ofuscada pela política de bastidores. Talvez seja essa a explicação para as arquibancadas vazias da temporada deste ano. No momento, quem pode mudar esta situação é o francês Jean Todt, eleito no último dia 23 de outubro como novo presidente da FIA. Apesar de vencer a eleição com o apoio de Mosley e com um discurso conservador, o ex-chefe da Ferrari parece entender as necessidades da principal categoria do automobilismo mundial no atual momento. "Queremos desenvolver a Fórmula 1 para que todos os envolvidos saiam ganhando, as equipes e os torcedores também", afirmou Todt durante sua campanha. É o que esperam os fãs.
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