FONTE: Lílian Machado (TRIBUNA DA BAHIA).
“Bahia, terra da felicidade”. O verso que há muito tempo se tornou frase clichê, bastante usada em anúncios publicitários, ainda se concretiza na vivência de milhares de turistas que aportam em solo baiano e se encantam com as características do Estado. A arquitetura antiga - patrimônio da humanidade, as belezas naturais, a cultura e a culinária baiana são alguns dos pontos que mais atraem essa gente que chega à vontade, de tênis, e com máquina fotográfica nas mãos pronta para o click nas igrejas, monumentos e praias. No entanto, apesar de o Estado ser campeão na preferência dos brasileiros, como apontou pesquisa divulgada, ontem, pelo Ministério do Turismo, alguns aspectos tiram a magia que a Bahia apresenta para os visitantes.A reportagem da Tribuna da Bahia foi às ruas saber o que mais dá prazer e o que menos satisfaz os turistas na capital baiana. O Pelourinho – reconhecido como Patrimônio da Humanidade continua sendo um dos locais mais visitados de Salvador. O lugar que se confunde com a história da cidade é um dos que mais chamam a atenção pela arquitetura das igrejas e dos casarios antigos. A história do Pelourinho que tem esse nome por ser o local onde os escravos eram castigados pelos senhores de engenho também atrai a curiosidade de quem chega. “A Igreja de São Francisco ornada a ouro é algo maravilhoso. Além disso, a arquitetura antiga que conta a história da cidade encanta bastante”, disse a jornalista curitibana Marcela Campos, enquanto passeava pelas ruas do Pelô acompanhada da colega Adriana De Cunto, também de Curitiba (PR).
HISTÓRIA.
As duas se juntavam a um grupo de americanos que também demonstravam encantamento ao ouvir a história da cidade relatada pelo guia turístico. “A simpatia, o bom humor e a receptividade das pessoas é algo bastante positivo”, acrescentou Adriana, depois de comprar um colar artesanal nas mãos de uma vendedora informal. Mesmo com a repercussão negativa evidenciada por empresários locais que reclamam de descaso e abandono do poder público, quem anda pelas ruas do Pelourinho encontra com facilidade grupos de turistas brasileiros e estrangeiros. “Adoro tudo em Salvador. A beleza do Pelourinho, das praias e a comida baiana que é sensacional”, afirmou o paulista Gilberto Coelho que aportou de veleiro na cidade ao lado de dois amigos alemães. Eles saíram da Irlanda e estão há dois dias na cidade.Visto como um dos maiores cartões postais de Salvador, o Farol da Barra é um dos lugares que fazem parte dos roteiros dos visitantes. Construído no século XVII com a intenção de orientar os navegantes o Farol é considerado um dos monumentos mais bonitos da capital. As curitibanas Deise Fleig, Marilúcia Sá e Denise Bernadi destacaram a passagem pelo local. “É um lugar que tem magia, complementa a beleza da cidade”, disse Fleig. Com máquina fotográfica elas registraram a beleza do mar diante do Farol.Mais adiante o Porto da Barra agrega o conjunto de lugares que apaixonam os turistas. “A água calma e morna da praia é realmente uma delícia”, disse o carioca Alexandre Misaes. Eleita por um jornal inglês, uma das melhores praias do mundo, o local atrai pessoas de todos os lugares. O Morro do Cristo complementa o passeio do turista que deseja conhecer cada pedaço da grande Salvador. A vista e a brisa que se juntam ao verde somam as características ressaltadas por quem conhece o local pela primeira vez.A costa baiana com 1.150 quilômetros de praia abriga uma das principais escolhas dos turistas. A Costa dos Coqueiros, a Costa do Dendê, Porto Seguro – a terra do Descobrimento, a Ilha de Itaparica, a Costa das Baleias, que se inicia na Ponta do Corumbau e a Costa do Cacau complementam o roteiro turístico de quem se interessa pela Bahia.
ASSÉDIO, INSEGURANÇA, OBRAS INACABADAS E TRÂNSITO LENTO.
Mas, apesar da beleza dos lugares e do jeito baiano que servem de atrativo, alguns pontos afastam os turistas da capital baiana.
Não precisa ser turista para saber o que mais irrita quem passeia principalmente pelas ruas do Centro Histórico. Assim que chega ao Pelourinho, um grupo de turistas americanos é logo cercado por vendedores de bugigangas e de água. “Essa é uma questão que eu já sabia mesmo antes de vir pra cá e nem adianta ficar bravo, reclamar porque não tem jeito, pois eles ficam em cima mesmo”, diz a jornalista curitibana Adriana De Cunto.O assédio de pedintes, meninos de rua, e drogados, também é algo que incomoda os visitantes. Mas tem uma das questões que também aparecem entre os turistas abordados pela reportagem – que são as obras inacabadas. “A segunda vez que venho aqui e encontro tapumes em vários lugares. Infelizmente nem tudo é perfeito”.A orla com a reforma inacabada e a destruição das barracas é um dos aspectos negativos que afugentam quem chega a fim de conhecer os quilômetros de praia mais extensos do país. O imbróglio das barracas que já se prolonga por três anos e a obra do metrô há dez anos é um dos quesitos que sugerem descaso do poder público com a cidade. Além desse ponto, surgem outros como a falta de incentivo na preservação dos imóveis antigos – pois apesar da reforma, muitos estão prestes a desabarem, a insegurança e o trânsito. “As pessoas são super educadas, dispostas a ajudar – ontem mesmo me perdi na cidade – mas o trânsito é caótico”, disse o turista do Amapá, Cleurismar Nascimento. Guias turísticos e lojistas de áreas turísticas da cidade confirmam as reclamações: “A insegurança é um problema muito grande. No Dique do Tororó, por exemplo, temos notícias de assaltos todos os dias”, afirma o guia turístico Élson Andrade.“Aqui no Pelourinho existem muitos mendigos e vendedores ambulantes que ficam cercando os turistas. Isso constrange bastante”, conta Ricardo Luciano Dias, sendo confirmado pelo Relações Públicas de uma famosa joalheria, Jhonatan Lima. “Não existe assalto à mão armada, mas os furtos são frequentes. Além disso, tem os guardadores de carros que exploram com preços absurdos e ainda ameaçam danificar o carro dos visitantes”.
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