FONTE:, CORREIO DA BAHIA.
A sugestão será
encaminhada para avaliação dos parlamentares e da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
A fosfoetanolamina não é tóxica e deve ser legalizada
como suplemento alimentar até que os testes clínicos comprovem sua real
eficácia contra o câncer, concluiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), após realizar uma série de estudos em parceria com universidades federais. A sugestão será
encaminhada para avaliação dos parlamentares e da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em resposta a demandas judiciais, o composto tem sido
distribuído pela Universidade de São Paulo (USP) em três cápsulas diárias para
cada paciente. "Isso significa que as pessoas estão absorvendo, por dia, em
torno de 1g dessa substância. Nessa quantidade, está comprovado que não é
tóxico. Temos certeza", assegurou o ministro Celso Pansera.
Ele considera que legalizar a fosfoetanolamina é "o
mais rápido caminho" para eliminar o mercado clandestino e desjudicializar
o acesso à substância, que ganhou o apelido de "pílula do câncer"
desde o ano passado, quando virou centro de polêmica.
Pacientes terminais conseguiram na Justiça o direito de
receber as cápsulas, produzidas pela USP há 20 anos, apesar da falta de estudos
científicos que comprovem a eficácia e a segurança do produto para a saúde
humana.
"Como suplemento alimentar, o composto pode ganhar
as farmácias e as lojas especializadas, com rótulos e orientações claras de que
seu uso não substitui nenhum acompanhamento médico ou tratamentos que já têm
eficiência conhecida", disse Pansera.
O MCTI informou que verificará com uma pequena empresa de
São Paulo - que já tem sintetizado a fosfoetanolamina para fins de pesquisa - e
com laboratórios de instituições públicas o interesse em solicitar a patente do
produto. Caberá à Anvisa, então, apreciar sua regulamentação como suplemento.
A agência já se manifestou "preocupada" com a
aprovação pelos deputados, semana passada, do projeto de lei que autoriza o uso
da substância como medicamento, sem que tenha sido testada "de acordo com
as metodologias científicas internacionalmente utilizadas". Afirmou,
porém, que, se qualquer grupo de pesquisa protocolar solicitação para a
realização de estudos clínicos, isso será feito "com presteza e
rapidez".
As pesquisas pré-clínicas e clínicas devem seguir sendo
conduzidas em animais para avaliar a eficácia contra o câncer, disse Pansera:
"É um processo longo e lento, que demanda anos"
Os próximos passos são os testes em um pequeno grupo de
pessoas e, depois, em um grande grupo. Os cientistas, vinculados ao MCTI por
meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
trabalham sobre as reações de células de câncer de pâncreas e de pele à
fosfoetanolamina.
"Isso já deveria ter sido feito lá atrás. Foi uma
opção dos pesquisadores não fazer. Por conta da polêmica, decidimos fazer o
roteiro correto", disse o ministro. Novos resultados devem ser
apresentados até a segunda semana de abril.
Pansera afirmou que a sugestão de legalizar a
"fosfo" como suplemento considera uma "realidade
estabelecida": a de que as pessoas estão consumindo a substância, mesmo de
forma ilegal.
"Isso está mitificando o composto. Existem defesas
apaixonadas, favoráveis e contrárias. Não tem outra saída senão jogar a luz da
ciência sobre esse fato", afirmou.
Ele se disse, ainda, "pessoalmente convencido"
de que se trata da "melhor opção" para mitigar a polêmica: "É
preciso orientar o consumo para que as pessoas parem de adquirir o produto em
feiras livres, porque aí sim existe risco tremendo para a saúde. Temos de
trabalhar com responsabilidade".
O ministério não informou se o suplemento poderá ser
vendido sem prescrição médica nem se doses maiores que 1g por dia podem ser
tóxicas ao organismo. "É uma decisão individual. Nenhum remédio tem
garantia de que será consumido apenas na quantidade recomendada pelo médico.
Não temos como entrar neste nível de controle", disse Pansera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário