FONTE: Do VivaBem, em São Paulo, http://vivabem.uol.com.br
Quem já passou por uma cirurgia sabe que um dos
momentos mais tensos é ficar em jejum de líquidos e sólidos nos momentos do
pré-operatório. Agora, a enfermeira Patrícia Aroni, da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto (EERP) da USP, testou um tipo de picolé com sabor mentolado para
diminuir o desconforto da sede causada pelo jejum em pacientes que aguardavam
cirurgia e passavam por longos períodos de jejum.
Na pesquisa, Patrícia ofereceu o picolé para 20
pessoas no pré-operatório, enquanto outras 20 receberam apenas o padrão de
rotina nesses casos. Após analisar os dois grupos de pacientes, a pesquisadora
verificou que, ingerida três horas antes da cirurgia, a fórmula gelada
diminuiu significativamente a intensidade e o desconforto da sede.
Esses resultados foram observados após 20 minutos
do término da degustação. Depois de tomar apenas uma unidade do sorvete, o
paciente ficou satisfeito e não solicitou maiores volumes de líquido. O
conforto verificado, segundo Patrícia explicou para o
jornal da USP, faz do
picolé mentolado uma alternativa viável, de baixo custo e com boa
aceitabilidade.
Manter os pacientes no pré-operatório em jejum de
líquidos e sólidos é uma medida de segurança contra o risco do conteúdo
gástrico ser aspirado durante a anestesia. Apesar dessa indicação, a
enfermeira, que participa de um grupo de pesquisa que estuda a sede de
pacientes tanto no pré quanto no pós-operatório, ressaltou que grande parte das
equipes de saúde, públicas e privadas, costumam utilizar medidas não
padronizadas e, muitas vezes, ineficazes para resolver a questão da sede nesses
pacientes.
Sabor e aroma de frescor na boca.
O picolé mentolado utilizado na pesquisa é uma
formulação de 30 mililitros (ml), congelada no palito e feita com mentol
dissolvido em álcool de cereais, água ultrafiltrada e sacarina (um tipo de
açúcar). Tanto gosto quanto aroma são parecidos com uma bala de menta, podendo
ser ingerido pelos pacientes três horas antes da cirurgia.
Patrícia explicou que substâncias frias e
mentoladas ativam um receptor de temperatura que fica na cavidade bucal. Esse
receptor, quando ativado, envia uma mensagem à região cerebral relacionada ao
alívio da sensação de sede. E, como se trata de um impulso nervoso, o paciente
não precisa ingerir grandes quantidades para matar a sede.
A enfermeira conta que outras formas de lidar com a
sede nesse momento já foram testadas, como o creme mentolado, o picolé de gelo
e a goma de mascar. Mas o picolé mentolado foi testado pela primeira vez na
realidade nacional. "Além de ser uma estratégia fria, que sabidamente
proporciona maior alívio da sede, ele tem sabor e aroma que auxiliam no
refrescamento de cavidade oral", ressaltou ela para a publicação.
O uso do produto no centro cirúrgico está em
implementação no Hospital Universitário de Londrina, que já se prepara para o
treinamento de sua equipe de saúde. Além dessa instituição, o intuito é
divulgar os resultados da pesquisa para mais locais. No dia 26 de março, a
orientadora do estudo, professora Cristina Maria Galvão, da EERP, apresentará
os resultados do trabalho no AORN Global Surgical Conference & Expo 2018,
em Nova Orleans, Estados Unidos.
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