Quase todo mundo já ouviu a recomendação e, se não
testou, teve vontade de tomar vitamina B1 na expectativa de escapar
de picadas de mosquitos. E agora que está em alta a preocupação com a
febre amarela, a busca por alternativas para manter os insetos voadores bem
longe aumentou. Isso abriu espaço para as pessoas divulgarem outras táticas que
prometem espantar mosquitos, como tomar água ou suco com própolis. Mas, para
proteger sua saúde, é importante saber o que realmente funciona.
Vitaminas do complexo B evitam
picadas de mosquito?
A informação de que ingerir doses diárias de
vitamina B1 faz o corpo exalar um cheiro que repele
insetos começou a circular nos anos 1960, quando estudos sugeriam que o
método era eficiente. Porém, trabalhos científicos realizados
depois nunca comprovaram isso.
Uma pesquisa brasileira feita com militares em
missão na Amazônia testou a ação de diversas alternativas de repelente, entre
elas a suplementação de vitamina B por via oral. A parcela do grupo que
experimentou essa opção considerou a proteção insuficiente. Os
resultados foram publicados nos Anais Brasileiros de Dermatologia, publicação
oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Então, não conte
com o nutriente para se prevenir de picadas do Aedes
aegypti ou de qualquer inseto.
E o própolis?
É um remédio natural amplamente estudado. Existe
comprovação de que a substância reforça a imunidade, cura infecções
respiratórias e feridas na pele – além de possuir outros atributos.
Porém, não há registros de que a ação repelente do própolis tenha sido
testada.
A informação de que tomar água ou suco com três a
seis gotas de própolis espanta mosquitos circulou fortemente nas redes sociais
no início de 2017, quando vários casos de dengue foram registrados no Brasil.
Os boatos diziam que uma farmacêutica da Fiocruz declarou que o uso de própolis
seria eficiente para repelir o Aedes aegypti, mosquito transmissor
da dengue e da febre amarela urbana. Na mesma época, a Fundação emitiu uma nota
explicando que “essa afirmação não tem fundamentação científica e que nenhum
pesquisador da instituição fez afirmações sobre o uso de substâncias naturais
para afastar mosquitos”.
A dose de própolis sugerida como eficiente pelas
pessoas torna o boato ainda mais absurdo. É necessária uma quantidade bem
maior para que a substância faça qualquer efeito no organismo e seja exalada
pelo corpo.
Não há, até o momento, qualquer alimento com ação
repelente comprovada. A
melhor arma para afastar mosquitos transmissores de doenças é o uso de repelentes
tópicos.
*** Fontes: Paulo Olzon Monteiro da Silva,
médico e professor das disciplinas de clínica médica e infectologia da Unifesp;
Adriana Proença, médica infectologista do Hospital São Camilo, em São
Paulo; e Giovanna Oliveira, nutricionista da clínica Dra. Maria Fernanda
Barca, em São Paulo.
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