Agora que o Dia das
Mães já passou a gente pode falar sobre este assunto, este mistério da
humanidade. A mulher pare, amamenta, alimenta, dá amor, carinho, passa
pomadinha no bumbum, beija incontáveis machucados, paga as contas, põe pra
dormir, dá limite, incentiva, aguenta, respeita e algumas (muitas) coisas mais,
pra ali na frente fulaninho ser grosseiro, gritar e fazer malcriação?
E eu não estou falando
de crianças que chamam suas mães de “a mais chata do mundo” e nem dos
pré-adolescentes que nos amaldiçoam porque não deixamos ir na tal festa. Estou
falando de marmanjo adulto. De homem feito, barbado, que vive fazendo desfeita,
levantando a voz e perdendo a paciência.
E não me venham dizer
“eu não faço isso” ou “de onde eu venho nenhum boy trata a mãe mal”. Por favor.
Do meu vizinho ao carinha no ponto de ônibus, de alguns amigos ao político que
dizia desaforos para a mãe no telefone no aeroporto rumo à Brasília: é um mal
generalizado, muitos caras são impacientes e inadequados com suas mães. O que,
vejam, não significa que todos se comportem assim.
Tenho dois filhos
homens e essa questão realmente pega pra mim. Fico me perguntando onde essas mulheres
erraram, porque eu quero (preciso) fazer diferente. E claro: como toda mãe, eu
sempre acho que a culpa é minha. E se não é, vai ser. (Obrigada cultura
patriarcal por nos fazer assim).
Deve ser culpa desse
amor incondicional, que não morre nem quando deveria – Precisamos
falar sobre kevin (o filme) feelings. Deve ser culpa da
certeza mais que absoluta de que nunca vamos abandoná-los. (Tá, ok. Algumas
abandonam e isso é triste pra caramba. Mas não dá nem pra comparar com o número
de pais que abandonam seus filhos. No geral, é a mãe que fica lá, com a prole a
tiracolo).
Faça esse exercício,
olhe em volta. Pense: quantos homens ao seu redor tratam a mãe com o respeito e
o amor devido? Quantos não perdem a paciência com elas por coisas bestas? Isso
sem falar em coisas menores (mas não menos devastadoras – sim, tô meio mãe
judia hoje), como silenciar o celular dizendo: “ai cara… minha mãe me ligando
de novo”.
Meus filhos ainda não
têm idade pra ter celular, mas só de pensar neles fazendo isso eu já deprimo.
Macharada, olhem pra
vocês! Vamos valorizar essas mães aí! E eu não tô falando de colocar foto do
Facebook no dia do aniversário e nem de post fofo no Dia das Mães. Estou
falando das pequenas atitudes do dia a dia, de retribuir com respeito,
paciência e amor tudo (TUDO!) que a sua mãe te deu, te dá e vai dar.
Sobre
a autora.
A jornalista Lia Bock
começou a publicar os textos sobre relacionamento que escrevia desde a
adolescência em 2008, no site da revista TPM, onde se tornou redatora-chefe.
Passou por publicações como Isto É, Veja SP e TRIP e foi colunista de sexo da
GQ. É autora do livro "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou
vice-versa)". Já morou em Pirenópolis e em Londres. Nasceu em 1978 e é mãe
de dois meninos.
Sobre
o blog.
Um espaço para pensatas
e divagações sobre sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o
espaço da mulher no mundo.
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