FONTE: *** Jairo Bouer, http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br
Muitos estudos vêm destacando os problemas associados ao uso excessivo
dos smartphone – prejuízos ao sono, às relações interpessoais, a dificuldade de
se desligar do trabalho e assim por diante. Mas as tecnologias móveis também
têm sido estudadas como ferramenta para ajudar as pessoas a cuidar da saúde.
Aplicativos para combater o fumo, estimular a dieta ou o consumo de água são
alguns exemplos.
Há até apostas mais ousadas. Um pequeno estudo publicado pela
Universidade de Washington, esta semana, concluiu que um aplicativo de
smartphone pode trazer resultados comparáveis a uma sessão de terapia em grupo
para pacientes com transtornos psiquiátricos graves como a depressão. A
tecnologia ainda gerou uma taxa de adesão maior, de acordo com os
pesquisadores.
O experimento, descrito na revista Psychiatric Services, contou com 163
pessoas. Desse total, 49% tinham esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo,
28%, transtorno bipolar e 23% tinham depressão. Em média, os participantes
tinham 49 anos, 59% eram homens e 65% eram afro-americanos.
Uma parte dos pacientes foi convidada a usar o aplicativo, enquanto a
outra tinha a opção de ir a sessões de terapia em grupo. No final, 90% dos
participantes designados a usar o app utilizaram a ferramenta ao menos uma vez,
enquanto apenas 58% dos pacientes da terapia de grupo compareceram em pelo
menos uma sessão.
Cerca de 56% dos participantes do grupo do aplicativo para celular
completaram oito semanas ou mais de trabamento. Entre os designados para a
terapia presencial, 40% cumpriram o programa. As duas intervenções receberam
notas altas de satisfação no que se refere ao alívio dos sintomas.
O resultado reflete o que acontece um pouco na prática: muitos pacientes
com transtornos psiquiátricos que precisam de terapia têm dificuldades para
sair de casa, ou não tem acesso ao atendimento por motivos financeiros. Muitas
vezes até o medo do estigma fala mais alto, e a pessoa acaba sem qualquer tipo
de ajuda.
Claro que algoritmos estão longe de substituir o psiquiatra ou o
psicólogo no diagnóstico e tratamento desses transtornos. Mas, da mesma forma
que já existem aplicativos que ensinam técnicas de relaxamento, por exemplo, é
possível que essas ferramentas ajudem as pessoas a regular emoções ou
pensamentos negativos que aparecem no meio do dia.
No ano passado, um aplicativo que ajuda pacientes com transtorno bipolar
a identificar episódios de mania (euforia), desenvolvido por pesquisadores das
universidades de Illinois e do Michigan, chegou a ser premiado e pode, em
alguns anos, ser disponibilizado no mercado. E já existe até um aplicativo
feito na universidade alemã de Bonn, o Menthal, capaz de dizer se você está
viciado no smartphone. Chega a ser contraditório depender do celular para
descobrir que o aparelho está te fazendo mal. Mas é junto que a tecnologia
também traga soluções para os problemas que causa.
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