As pessoas que fumam e
até as que deixaram de fumar relatam sentir mais dores do que aquelas que nunca
adquiriram o hábito, indica um estudo.
As conclusões são
baseadas em uma análise de dados de mais de 220 mil pessoas feita pela
University College London (UCL).
O grupo de combate ao
fumo Ash disse que as descobertas não devem ser vistas como surpresa.
Elas foram
classificadas em três categorias: as que nunca fumaram, as que fumam
diariamente e as que já fumaram, mas conseguiram deixar o hábito.
Foram, então,
questionadas sobre a quantidade de dor que sentiam e isso foi convertido em uma
escala de 0 a 100. Pontuações mais altas significavam mais dor.
Em outras palavras, o
tabagismo estava ligado a viver com mais dor ? mesmo depois de parar de fumar.
"A principal
descoberta é que os ex-fumantes ainda sentem o efeito da dor elevada",
disse uma das pesquisadoras da UCL, Olga Perski, em entrevista à BBC.
Ela acrescentou:
"É um conjunto de dados muito grande. Temos uma boa amostra para que
possamos estar bastante confiantes de que algo está acontecendo."
Perski disse que a
descoberta mais surpreendente foi a de que os níveis mais altos de dor foram
encontrados nas faixas etárias mais jovens (entre 16 e 34 anos).
O
que está acontecendo?
Não há explicação
definitiva. Uma das hipóteses é a de que alguns dos milhares de produtos
químicos contidos na fumaça do tabaco possam levar a danos permanentes nos
tecidos, resultando em dor.
Uma outra é que fumar
pode ter um efeito duradouro nos sistemas hormonais do corpo.
Essa possibilidade se
concentra especificamente no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA), que
está envolvido na maneira como reagimos à dor. Se o eixo HPA estiver
desequilibrado, isso pode levar as pessoas a sentirem mais dor.
Mas permanece a
possibilidade de que fumar seja um sintoma, não a causa.
Por exemplo, estudos
associaram o traço de personalidade neurótico a uma dor mais intensa e a um
maior risco de fumar.
Assim, pode ser que, na
média, o tipo de pessoa com maior probabilidade de relatar ter mais dor também
seja o tipo de pessoa com maior probabilidade de começar a fumar.
"Esta é certamente
uma questão que precisa ser investigada", disse Perski.
No entanto, ela disse
que o último estudo se concentrou em pesquisas anteriores que vinculavam o
tabagismo à dor crônica e à dor nas costas.
"Mesmo que você
pare depois de fumar regularmente, isso pode ter efeitos duradouros na dor, é
um incentivo muito bom parar o mais rápido possível", disse Perski à BBC.
A executiva-chefe da
Ash, Deborah Arnott, disse que "a prova de que o tabagismo causou câncer
de pulmão foi descoberta na década de 1950. Ao longo dos anos, cresceram as
evidências de que quase todas as condições médicas podem ser causadas ou
agravadas pelo fumo".
"Isso inclui
câncer, doenças cardíacas e respiratórias, cegueira, surdez, diabetes,
demência e infertilidade. Os fumantes também demoram mais para se recuperar das
operações e é mais provável que o resultado seja um fracasso."
"Portanto, não é
surpreendente que os fumantes também sintam mais dor do que aqueles que nunca
fumaram."
Nenhum comentário:
Postar um comentário