Quer checar os seus
emails? Basta acessá-los no celular. Precisa de uma resposta rápida de alguém?
Só mandar uma mensagem de texto pelo celular. Está a fim de assistir a um
vídeo? Veja pelo celular. Não tem nada para fazer? Então dê uma checada no feed
das suas redes sociais ou divirta-se com um joguinho no celular.
Essa maquininha que
cabe na palma da mão é realmente mil e uma utilidades e por isso é meio
automático passarmos muito tempo vidrados em sua tela. Pesquisas já apontaram
que uma pessoa olha para ele cerca de 150 vezes ao longo do dia. Um
levantamento realizado pela empresa especializada em estatísticas Statista, que
tem escritórios em vários lugares do mundo, revelou que os brasileiros são os
campeões nesse quesito, passando quatro horas e 48 minutos em média por dia utilizando
o aparelho. E esse valor mais do que dobrou em quatro anos.
E até mesmo crianças
bem pequenas estão se acostumando a interagir bastante com ele. Não dá para
negar que eles são uma mão na roda, ou melhor, no smartphone, em diversas
situações, mas esses exageros podem custar muito caro para o nosso corpo. Pode
ser que dentre as suas metas para 2020 esteja usar menos o celular (ou não!),
então é bom saber os problemas que ele pode causar à sua saúde.
A visão está entre as
partes mais afetadas. Ficar tantas horas focando em um objeto tão pequeno pode
deixar os olhos ressecados, o que favorece o aparecimento de inflamações e
infecções. Isso sem falar que existem grandes chances de o usuário que passa da
conta sofrer com dores
de cabeça com frequência por causa do estímulo visual
constante.
A longo prazo, o
problema pode ser mais grave. "O fato de precisarmos gerar um bom foco
para perto durante tanto tempo pode prejudicar a visão de longe, que se torna
embaçada, inclusive no caso dos pequenos", alerta Euripedes Neto,
oftalmologista de São Paulo. "Não existe um número de horas máximo
indicado nesse caso, mas o ideal é alternar esse tipo de estímulo com
atividades que estimulem o foco de longe e que contem com luz natural",
diz Neto.
A coluna, os braços, as
mãos e os músculos também pagam caro nesse caso. "As tensões musculares
provocadas pela má postura podem gerar processos inflamatórios que levam a
dores intensas e crônicas, como a que se inicia no pescoço e irradia para os
braços e as mãos, conhecida como cervicobraquialgia, e as cefaleias
cervicogênitas, que são dores de cabeça provocadas por problemas na região
cervical, ou seja, no pescoço, que fica o tempo todo arqueado para frente
durante o uso do celular", conta Alessandra Masi, ortopedista e professora
do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, e membro
da International Cartilage Repair Society e da American Academy of Orthopaedic
Surgeons.
"Depois de um
tempo de uso excessivo podem surgir também problemas degenerativos na região
cervical e uma condição chamada de nevralgia occipital na qual o paciente sofre
com dores intensas na região ocular e sensibilidade excessiva na região do
couro cabeludo", acrescenta Masi.
Já os movimentos
repetitivos realizados durante o uso do aparelho podem desencadear processos
inflamatórios nos tendões e articulações, gerando incômodos nos dedos e nas
mãos que podem seguir até os cotovelos. "Para diminuir esses impactos, é
indicado posicionar o smartphone em uma altura que permita que fiquemos com uma
postura adequada e evitar ficar com a cabeça posicionada para baixo e os ombros
caídos, postura bastante comum durante o uso do aparelho", aconselha a
médica.
Ela também indica que a
utilização contínua não ultrapasse uma hora e seja intercalada com
alongamentos. "No caso das crianças o ideal é não passar de meia hora,
intercalando com o mesmo período de descanso."
E a lista dos danos
provocados pelo uso exagerado dessa maquininha vão muito além. Quem vive com
ele na orelha ou utiliza os fones para ouvir música ou mesmo para fazer
ligações coloca a audição em risco.
Cuidado
redobrado com a criançada.
No caso dos pequenos o
risco é ainda maior. Um trabalho realizado na Universidade de Toronto, no Canadá,
revelou que a cada meia hora a mais que a criança fica vidrada na telinha
aumenta em 49% o risco de atraso de fala.
Além disso, eles podem
apresentar prejuízos de aprendizagem, problemas cognitivos, além de aumento da
impulsividade, irritabilidade e agressividade. O tema é tão sério que a
Academia Americana de Pediatria lançou um documento com orientações sobre o
assunto. De acordo com o documento, as crianças só deveriam entrar em contato
com o mundo digital depois dos 18 meses com supervisão ativa dos pais.
Entre 2 e 5 anos, o
período máximo indicado é de uma hora por dia. Depois disso, indica-se que o
cuidado seja personalizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário