A Case Western Reserve University, uma universidade
norte-americana do estado de Ohio, divulgou um estudo curioso no início do ano.
Segundo a equipe de pesquisadores do curso de Odontologia da instituição, o
tratamento de doenças periodontais poderia reduzir os sintomas da prostatite.
Uma vez que haja uma higiene oral de qualidade nos homens e um controle de
processos inflamatórios sistêmicos é possível dizer que há uma provável relação
entre as duas patologias. A pesquisa, entretanto, ainda não é uma verdade
aceita de forma absoluta pelo mundo acadêmico.
Em pleno Novembro Azul, campanha que conscientiza o homem
da importância da prevenção e do combate ao câncer de próstata, a saúde da
população masculina ganha destaque. O objetivo é mudar os hábitos dos homens,
fazendo com que eles procurem seus médicos para falar mais abertamente sobre
doenças.
Não é exatamente novidade que as mulheres têm maior
preocupação com a saúde do que os homens, principalmente em se tratando de
higiene oral. Algumas pesquisas mostram que eles deixam muito a desejar em
questão de saúde bucal. As doenças periodontais são mais frequentes no sexo
masculino, pois eles têm menos cuidado com os dentes e menor taxa de retorno ao
consultório dentista do que o sexo feminino. A amostragem do estudo da CWR
University mostra que todos os 27 participantes tinham doença gengival, de
moderada a grave.
Além disso, foi verificado que 21 dos 27 homens na
pesquisa tinham entre uma inflamação leve ou ausência de inflamação na
próstata, mas 15 apresentavam câncer já diagnosticado e dois possuíam ambas as
patologias. Em todos eles foram realizados exames para detecção de doenças
periodontais. Com o resultado positivo dos testes, eles receberam tratamento
para gengivite. Entre quatro e oito semanas depois, foram apresentadas melhoras
significativas nos sintomas.
Durante o tratamento periodontal, 21 dos 27 homens
mostraram diminuição do PSA (Antígeno Específico da Próstata) ‒ substância
produzida pela próstata cuja função é tornar o esperma líquido após coágulo
formado na ejaculação e, dependendo da quantidade no sangue, serve como
indicador caso haja aumento benigno do órgão (hiperplasia), câncer ou
inflamação. Para o professor de periodontia da Universidade de Campinas (Unicamp)
e da Universidade Paulista (Unip), Márcio Zaffalon Casati, essa condição é uma
evidência fraca da relação entre gengivite e prostatite. “Cuidando de uma
infecção local a pessoa teria uma melhor resposta anti-inflamatória do corpo,
em geral. Então, não sei se essa relação entre as duas doenças é muito forte.
Não se pode estabelecer conclusões definitivas a respeito, mesmo porque esse
estudo é inicial”, afirma.
Toda infecção bucal gera marcadores inflamatórios no
corpo. Se houver uma dosagem dessas proteínas, que caracterizam a presença do
processo de inflamação e são produzidas pelas células da boca, pode acontecer
de haver uma integração com outras infecções do organismo. Dessa forma,
sintomas da prostatite seriam reduzidos ao tratar a periodontite. O urologista
Tiago Rosito explica que quando o paciente for tomar um antibiótico ele, por
tabela, estará tratando todas as doenças infecciosas no organismo ao mesmo tempo.
“Se as bactérias forem sensíveis ao medicamento, eventualmente, o tratamento de
uma infecção local ajudará em uma sistêmica”.
Segundo Casati, uma vez que haja controle de processos
inflamatórios sistêmicos, a higiene oral pode ser um fator preventivo para a
prostatite. Como homens são mais suscetíveis do que as mulheres em contrair
doenças periodontais, é natural que haja uma maior preocupação com a sua saúde
bucal. Afinal, a periodontite pode originar outros problemas sistêmicos, como
diabetes e disfunções cardiovasculares. “Existem outras consequências, por
exemplo, a perda de dentes e dificuldades de mastigação e na articulação de
fonemas. Além da famosa cárie”, esclarece o periodontista. Uma visita semestral
aos consultórios dentistas é suficiente para manter a limpeza bucal.
A prostatite é uma doença de cunho infeccioso causada por
uma bactéria que coloniza a próstata. “Não deixa de ser uma infecção do trato
urinário do homem”, analisa Rosito. Homens sexualmente ativos estão mais
propensos a serem afetados pela infecção.
Os urologistas não determinam uma idade absoluta em que
homens jovens e assintomáticos devam começar a fazer exames prostáticos e de
toque. A recomendação é para aqueles que têm histórico familiar e sintomas de
alguma patologia na próstata. “Se os pacientes quiserem saber se eles têm
sintomas que indiquem algum problema prostático, é ainda melhor como fator
preventivo”, acrescenta Rosito. O exame de toque deve ser feito uma ou duas
vezes ao ano a partir dos 45 anos, pois, junto com os níveis de PSA, ajuda na
prevenção do câncer de próstata.
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