Sensibilidade à flor da
pele e vontade grande de comer doce são sentimentos comuns durante o período
menstrual. Mas para as 10% das mulheres brasileiras esse momento é um tormento,
por causa das fortes dores de cólica que aumentam nesses período por causa da
endometriose.
A endometriose é uma
doença inflamatória que ataca o tecido do útero, os ovários, a bexiga e até o
intestino. "O diagnóstico não é fácil e é mais comum em mulheres que estão
no período reprodutivo. A doença pode surgir logo após as primeiras
menstruações. Além disso, muitas mulheres a confundem com cólicas
menstruais", explica Euzi Bonifacio, enfermeira e técnica da área da Saúde
da Mulher do Ministério da Saúde.
Os sintomas da doença
podem surgir na adolescência como cólica menstrual forte, dores durante a
relação sexual, entre as menstruações, ao defecar e ao urinar, sangramento na
urina ou nas fezes e infertilidade.
Após sofrer episódios
de dores abdominais intensas e cólicas fortes, Renata Garcia Nerys, da cidade
de Araucária, no Paraná, recebeu o diagnóstico de endometriose em 2013. "A
endometriose prejudica muito minha rotina de trabalho, pois sinto dores o tempo
todo e não dá para ficar nem muito em pé, nem muito sentada.
Em casa, na minha
rotina diária, não aguento fazer tanto esforço. Durante e depois da relação
sexual também sinto muitas dores, uns dias mais e outros menos. Parece que tem
dias que tudo dói mais. O meu intestino não funciona mais legal, tenho muita
dificuldade nessa parte", conta Renata.
Diagnóstico.
Na maioria dos casos, o
diagnóstico clínico-ginecológico é suficiente, permite iniciar o tratamento e
manter o acompanhamento da mulher a fim de avaliar a resposta terapêutica.
"A escolha do tratamento deve levar em consideração a gravidade dos
sintomas, a extensão e localização da doença, o desejo de gravidez, a idade da
paciente, efeitos adversos dos medicamentos e complicações cirúrgicas",
ressalta a técnica da área da Saúde da Mulher.
Tratamento.
O Sistema Único de
Saúde (SUS) oferece o tratamento medicamentoso ou cirúrgico, ou ainda a
combinação desses. Mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos que
suspendem a menstruação. Lesões maiores de endometriose, em geral, devem ser
retiradas cirurgicamente. "Tudo vai depender do diagnóstico e do
planejamento familiar da mulher", explica a técnica.
Quando a mulher já teve
os filhos que desejava, e não obtém melhora com o tratamento medicamentoso, a
remoção dos ovários e do útero pode ser uma alternativa de tratamento. Os
exames laboratoriais e de imagem podem contribuir. A vídeo-laparoscopia é
indicada apenas nos casos que não melhoram com o tratamento instituído.
Alimentação
e exercícios influenciam?
"Isso é um mito.
Não têm estudos científicos que provem a verdadeira causa da
endometriose", destaca Euzi. Segundo ela, ainda estão sendo estudadas as
possíveis causas da endometriose, para saber se são fisiológicas, hormonais, de
hereditariedade, entre outras.
"O que podemos
dizer é que todo mundo deve ter uma alimentação saudável e adequada de
preferência evitar alimentos processados", enfatiza a técnica, conforme
orienta o Guia Alimentar da População Brasileira. "Já os exercícios
físicos podem ajudar a mulher a ter mais disposição e controlar a dor",
completa.
Infertilidade.
Hoje, a maior causa de
infertilidade é a endometriose. A instalação da doença nos ovários pode
provocar o aparecimento de um cisto denominado endometrioma. Este cisto pode
atingir grandes proporções e comprometer o futuro reprodutivo da mulher. O
diagnóstico e tratamento precoce são importantes para prevenir a infertilidade.
"É importante
destacar que nem todas as mulheres que têm a doença não podem ter filhos. Ou
seja, as mulheres afetadas pela doença fazerem o tratamento correto",
esclarece Euzi.
A
endometriose tem cura?
A endometriose é
considerada uma doença crônica, portanto, sem cura definitiva. Entretanto, os
tratamentos com cirurgia ou medicamentos específicos podem permitir uma melhor
qualidade de vida às portadoras da doença. Alguns estudos recentes mostraram
que cirurgias que conseguem extrair todas as lesões visíveis podem diminuir ou
retardar a recorrência das lesões e dos sintomas de endometriose.
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