O UNICEF (Fundo das
Nações Unidas para a Infância) divulgou um novo relatório dedicado à saúde
alimentar e à nutrição das crianças em todo o mundo. O documento Situação
Mundial da Infância 2019: Crianças, alimentação e nutrição traz dados
preocupantes, como por exemplo, que há 250 milhões de crianças sofrendo de
desnutrição ou sobrepeso no mundo.
Dados de 2018 do Unicef
mostram que 149 milhões de crianças menores de 5 anos sofrem de déficit de
crescimento ou estão muito baixas para a idade. E 50 milhões delas estão com
baixo peso para a sua altura.
Além disso, metade das
crianças com menos de 5 anos (340 milhões) sofrem de fome oculta, caracterizada
pela falta de nutrientes essenciais, como vitamina A e ferro, o que prejudica a
capacidade de crescerem e desenvolverem todo o seu potencial. O levantamento
também aponta que 40 milhões delas estão obesas ou com sobrepeso.
Atualmente, a má
alimentação é o principal fator de risco para doenças. Uma dieta pobre em
nutrientes mas alta em calorias é a realidade de milhões de pessoas em todo o
mundo e afeta, principalmente, as populações mais pobres. De acordo com as
Nações Unidas, é preciso que as crianças tenham acesso a alimentos nutritivos,
seguros, acessíveis e sustentáveis.
Dados
Mundiais.
Entre 2000 e 2016, a
proporção de crianças de 5 a 19 anos com excesso de peso aumentou de 10% para
quase 20%. O sobrepeso pode levar ao aparecimento precoce de diabetes
tipo 2 e depressão.
O número de crianças
com crescimento atrofiado diminuiu em todas as regiões, exceto na África,
enquanto o número de crianças com excesso de peso aumentou em todas as regiões,
incluindo a África.
Nas áreas rurais e
entre as famílias mais pobres, apenas uma em cada 5 crianças de até 2 anos de
idade recebe o mínimo de nutrientes para um desenvolvimento cerebral adequado.
Cerca de 45% das crianças entre 6 meses e 2 anos não consomem frutas ou legumes
e 60% não consomem ovos, leite, peixe ou carne.
Apenas 40% das crianças
com menos de 6 meses são alimentadas exclusivamente com leite materno. A
amamentação pode salvar a vida de 820 mil crianças por ano ao redor do planeta.
Um número crescente de
bebês é alimentado com fórmulas infantis. As vendas de fórmula à base de leite cresceram
72% entre 2008 e 2013 em países de renda média-alta, como Brasil, China e
Turquia, em grande parte devido a propagandas inadequadas e políticas
ineficientes para estimular e apoiar a amamentação.
Muitos adolescentes
consomem regularmente alimentos processados: 42% bebem refrigerante pelo menos
uma vez por dia e 46% consomem fast food pelo menos uma vez por semana. Essas
taxas sobem para 62% e 49%, respectivamente, para adolescentes em países de
renda alta.
Brasil.
De acordo com o Unicef,
o Brasil reduziu a taxa de desnutrição crônica entre menores de 5 anos de 19%,
em 1990, para 7%, em 2006. No entanto, ainda é um sério problema para
indígenas, quilombolas e ribeirinhos. De acordo com o Ministério da Saúde, em
2018, a prevalência de desnutrição crônica entre crianças indígenas menores de
5 anos era de 28,6%. Os números variam entre etnias, alcançando 79,3% das
crianças ianomâmis.
No Brasil, o consumo de
alimentos ultraprocessados (com baixo valor nutricional e ricos em gorduras,
sódio e açúcares) vem crescendo, assim como as taxas de sobrepeso e obesidade.
Uma em cada três crianças de 5 a 9 anos possui excesso de peso. Entre os
adolescentes, 17% estão com sobrepeso e 8,4% são obesos.
Na América Latina e no
Caribe, 4,8 milhões de crianças menores de 5 anos têm desnutrição crônica
(baixo crescimento para a idade), 0,7 milhão têm desnutrição aguda (baixo peso
para a altura) e 4 milhões têm excesso de peso, incluindo obesidade.
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