As 20 mil doses
da vacina
chinesa que chegaram nesta segunda-feira a São Paulo
serão testadas, a partir de amanhã, em 890 médicos e paramédicos no Hospital
das Clínicas em São Paulo.
Segundo o governo de
São Paulo, os voluntários terão consulta a cada duas semanas e a estimativa é a
conclusão da fase 3 em até 90 dias. Os testes acontecerão em até 9 mil
voluntários em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Distrito Federal. O início dos testes nestes estados deve acontecer
na próxima semana.
A terceira fase da
pesquisa, feita em parceria com o Instituto Butantan, deve acabar em novembro e
a expectativa é que, se provada sua eficácia, 120 milhões de doses sejam
distribuídas no Brasil pelo SUS no início do próximo ano.
Nos próximos 90 dias,
metade dos voluntários receberá duas doses da vacina, com intervalo de 14 dias,
e metade receberá placebo. O período de 3 meses inclui também a análise da
segurança e tolerância dos voluntários à vacina. Serão acompanhados depois por
até um ano para checar se são expostos ao vírus e se desenvolvem a doença. Os
testes serão acompanhados por pesquisadores internacionais na plataforma online
do estudo.
— É um grande dia para
a ciência brasileira e de esperança para milhões de brasileiros. Tivemos mais
de 1 milhão de acessos de pessoas interessadas até sábado no site que cadastra
voluntários — afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, ao anunciar a
chegada das cepas da vacina ao Brasil. O acordo prevê que o Butantan terá
domínio da tecnologia para produção nacional da vacina.
Covas comentou também
os resultados positivos divulgados hoje para a vacina produzida em Oxford,
Inglaterra. A chinesa, chamada de Coronavac, foi criada pelo laboratório chinês
privado Sinovac Biotech e deve continuar sendo desenvolvida mesmo que outras
estejam disponíveis primeiro.
— Já tivemos outras
epidemias causadas pelo coronavírus (MERS e Sars) e, naquele momento, a
produção da vacina pela China foi paralisada quando a epidemia foi contida.
Agora, ela poderia ser útil. Temos que completar o desenvolvimento dessa vacina
porque ela pode ser útil nessa ou outra epidemias que poderão vir. E isso não
tem interferência de outras que podem estar disponíveis no mercado.
Covas ressaltou ainda
que as vacinas chinesas e de Oxford são produzidas com tecnologias diferentes,
com histórico de testagem e aprovação distintos.
— São vacinas com
tecnologia e histórico diferentes, e isso tem impacto inclusive na velocidade
dos estudos e aprovação. A nossa é tradicional e já foi usada em outras vacinas
que produzimos no Butantan, contra raiva e dengue. Já tem um perfil de
segurança testado, aprovado por organismos tradicionais e estão em uso —
ressaltou. — A tecnologia de Oxford é nova, ainda não usada em outras vacinas.
Pode até ser uma evolução (nas tecnologias de produção de vacina), mas
precisará ter seu processo produtivo validado.
Esper Kallás,
infectologista do Hospital das Clínica e integrante do Centro de
Contingenciamento, ressaltou a importância do desenvolvimento paralelo das
diferentes vacinas.
— Qualquer vacina que
seja provada eficaz, quanto mais cedo possível, melhor. Muito provavelmente,
teríamos duas ou três para escolher qual a melhor ou talvez fazer combinações
que melhorem seu desempenho. Isso só o tempo vai responder.
O médico explicou ainda
que não há nenhum perfil de voluntários que serão priorizados para receber a
vacina, dentro dos profissionais de saúde.
Caso seja aprovada, os
brasileiros que receberão primeiros as doses deverão ser os grupos com risco de
desenvolver doença mais grave e as pessoas mais responsáveis pela transmissão
do vírus, informação que os estudos atuais ainda não conseguiram definir com
precisão.
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