FONTE: Kelly Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.
Desespero, angústia e solidão são
problemas que há 25 anos os baianos não precisam mais enfrentar desamparados.
Com atendimento gratuito via telefone, chat ou pessoalmente, o Centro de
Valorização à Vida - Organização Não-Governamental criada com o objetivo
de prevenir o suicídio - oferece um “ouvido amigo”, 24 horas por dia, a quem
está passando por problemas, mas não tem com quem desabafar.
Para quem pensa que em pleno século XXI, em
tempos de internet 4.0 e de proliferação de redes sociais e aplicativos, a
solidão seja o último motivo para sofrimento, eis a surpresa. O serviço
oferecido pela ONG contabiliza mais de um milhão de atendimento por ano no
Brasil, cerca de dois mil mensais só na Bahia, segundo informou a voluntária e
coordenadora de divulgação do grupo Josiana Rocha.
Segundo ela, o principal objetivo da ONG é
fazer a prevenção ao suicídio através do apoio emocional. “Muitas vezes as
pessoas passam por situações delicadas, mas não têm com quem desabafar ou
compartilhar o problema”, explicou. Ela diz que o trabalho dos voluntários, que
é ofertado 24 horas por dia, é de um “amigo provisório”, que embora não possa
solucionar o problema, funciona como uma válvula de escape e o mais importante,
com a garantia de anonimato.
“É importante que as pessoas saibam que o
atendimento no CCV não substitui uma terapia. É apenas um apoio emocional
direcionado a aquelas pessoas, que por algum motivo, se sentem sozinhas e sem
ter com quem contar no momento do desespero”, continuou, lembrando que o
trabalho segue uma linha diretiva apenas de diálogo, sem sugerir
aconselhamentos, promover críticas ou julgamentos.
Voluntariado.
Atualmente, 30 pessoas atuam como
voluntárias do serviço em Salvador, atendendo a todo o estado, através do
número (71) 3322-4111 ou do 141. No
entanto, segundo Josiana, a quantidade de voluntários é insuficiente para a
demanda em toda a Bahia.
Para conseguir suprir a necessidade no
estado são necessárias pelo menos 84 pessoas atuando nunca carga horária de
cinco horas semanais. Para se candidatar à vaga, basta ter no mínimo 18 anos e
passar por um treinamento realizado por voluntários mais antigos.
A ONG também oferece atendimento presencial
na sede da instituição, localizada na Rua do Bângala, em Nazaré, entre as ruas
da Mouraria e da Independência. Entre os principais motivos para procurar a
ajuda estão os problemas relacionados às drogas, depressão, separação e doenças
em geral. “É um apoio para que as pessoas possam encontrar o próprio
caminho. No momento em que elas partilham, começam a pensar mais claramente
sobre o assunto e achar a solução passa a ser um processo mais fácil”, disse a
voluntária.
Especialista.
“Embora não seja um trabalho necessariamente
terapêutico, a escuta é importante para superar os problemas”, afirma a
psicóloga do Hospital da Bahia, Daniela Castro. Segundo ela, repetir os
problemas vividos, no sentido de partilhar, faz com que o entendimento do
problema seja absorvido de maneira mais rápida, além de melhorar o estado de
desespero de quem está sofrendo com determinada angústia.
“Às vezes são pessoas não necessariamente
solitárias, mas que têm o receio de se abrir com parentes e amigos por medo de
serem julgadas ou taxadas como fracas”, continua a psicóloga, que acredita no
poder de serviços de escuta como o oferecido pelo CCV. “Através da partilha as
pessoas conseguem trabalhar reflexões’, pontuou, lembrando a importância de se
buscar informações sobre a instituição escolhida para ter acesso ao serviço,
antes de prestar informações a cerca da vida pessoal. É necessário ter a
garantia do anonimato”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário