quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

DISQUE 191 PARA AFASTAR A SOLIDÃO...

FONTE: Kelly Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.
Desespero, angústia e solidão são problemas que há 25 anos os baianos não precisam mais enfrentar desamparados. Com atendimento gratuito via telefone, chat ou pessoalmente, o Centro de Valorização à Vida -  Organização Não-Governamental criada com o objetivo de prevenir o suicídio - oferece um “ouvido amigo”, 24 horas por dia, a quem está passando por problemas, mas não tem com quem desabafar.
Para quem pensa que em pleno século XXI, em tempos de internet 4.0 e de proliferação de redes sociais e aplicativos, a solidão seja o último motivo para sofrimento, eis a surpresa. O serviço oferecido pela ONG contabiliza mais de um milhão de atendimento por ano no Brasil, cerca de dois mil mensais só na Bahia, segundo informou a voluntária e coordenadora de divulgação do grupo Josiana Rocha.
Segundo ela, o principal objetivo da ONG é fazer a prevenção ao suicídio através do apoio emocional. “Muitas vezes as pessoas passam por situações delicadas, mas não têm com quem desabafar ou compartilhar o problema”, explicou. Ela diz que o trabalho dos voluntários, que é ofertado 24 horas por dia, é de um “amigo provisório”, que embora não possa solucionar o problema, funciona como uma válvula de escape e o mais importante, com a garantia de anonimato.
“É importante que as pessoas saibam que o atendimento no CCV não substitui uma terapia. É apenas um apoio emocional direcionado a aquelas pessoas, que por algum motivo, se sentem sozinhas e sem ter com quem contar no momento do desespero”, continuou, lembrando que o trabalho segue uma linha diretiva apenas de diálogo, sem sugerir aconselhamentos, promover críticas ou julgamentos.
Voluntariado.
Atualmente, 30 pessoas atuam como voluntárias do serviço em Salvador, atendendo a todo o estado, através do número (71) 3322-4111 ou do 141. No entanto, segundo Josiana, a quantidade de voluntários é insuficiente para a demanda em toda a Bahia.
Para conseguir suprir a necessidade no estado são necessárias pelo menos 84 pessoas atuando nunca carga horária de cinco horas semanais. Para se candidatar à vaga, basta ter no mínimo 18 anos e passar por um treinamento realizado por voluntários mais antigos.
A ONG também oferece atendimento presencial na sede da instituição, localizada na Rua do Bângala, em Nazaré, entre as ruas da Mouraria e da Independência. Entre os principais motivos para procurar a ajuda estão os problemas relacionados às drogas, depressão, separação e doenças em geral.  “É um apoio para que as pessoas possam encontrar o próprio caminho. No momento em que elas partilham, começam a pensar mais claramente sobre o assunto e achar a solução passa a ser um processo mais fácil”, disse a voluntária.
Especialista.
“Embora não seja um trabalho necessariamente terapêutico, a escuta é importante para superar os problemas”, afirma a psicóloga do Hospital da Bahia, Daniela Castro. Segundo ela, repetir os problemas vividos, no sentido de partilhar, faz com que o entendimento do problema seja absorvido de maneira mais rápida, além de melhorar o estado de desespero de quem está sofrendo com determinada angústia.

“Às vezes são pessoas não necessariamente solitárias, mas que têm o receio de se abrir com parentes e amigos por medo de serem julgadas ou taxadas como fracas”, continua a psicóloga, que acredita no poder de serviços de escuta como o oferecido pelo CCV. “Através da partilha as pessoas conseguem trabalhar reflexões’, pontuou, lembrando a importância de se buscar informações sobre a instituição escolhida para ter acesso ao serviço, antes de prestar informações a cerca da vida pessoal. É necessário ter a garantia do anonimato”, concluiu.

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