FONTE: CLÁUDIA COLLUCCI, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Mulheres respondem
melhor à vacina contra a gripe do que os homens. Já entre eles, quanto maior o
nível de testosterona, menor é a resposta imunológica.
É o que aponta um
estudo norte-americano que constatou que altos níveis do hormônio masculino
estão associados a um enfraquecimento do sistema imunológico.
"Homens não são
tão resistentes como pensam. As mulheres são superiores", brinca Mark
Davis, um dos autores do estudo e professor de imunologia da Universidade de
Stanford (EUA).
A descoberta é um
importante passo para a compreensão das diferenças imunológicas entre homens e
mulheres e de como elas podem impactar nos tratamentos.
Estudos epidemiológicos
já haviam demonstrado que as mulheres são mais suscetíveis às doenças
autoimunes, como lúpus, e os homens têm menos imunidade para infecções em
geral.
"A gente percebe
claramente que as doenças infecciosas são mais frequentes em homens. Desde as
infecções de ouvido na infância até as pneumonias que demandam
internações", diz o médico Renato Kfouri, presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações.
O sistema imunológico
dos homens também não responde com a mesma força que o das mulheres para as
vacinas contra o sarampo, a hepatite e a febre amarela.
Mas os mecanismos
envolvidos nesses fenômenos até então eram desconhecidos.
"Nosso estudo é o
primeiro a mostrar que, entre os homens, essa resposta imunológica à vacina
depende do nível de testosterona e da atividade os genes envolvidos na
imunossupressão", disse Davis, em entrevista à Folha.
EVIDÊNCIA
CLÍNICA.
O trabalho, feito com
34 homens e 53 mulheres, foi publicado na revista da Academia de Ciências dos
EUA, a "PNAS", no mês passado.
A pesquisa encontrou um
dado curioso: homens com baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta
imunológica melhor à vacina, similar à das mulheres.
Na vida prática, porém,
essas diferenças sobre a eficácia da imunização entre homens e mulheres ainda
precisam ser comprovadas.
"Uma coisa é a
resposta imunológica, a outra o desempenho clínico da vacina. Até o momento,
não há estudos mostrando que ela seja diferente para homens e mulheres",
diz Renato Kfouri.
Para ele, o estudo de
Davis abre um leque de outras possibilidades, inclusive para uma imunização
mais individualizada contra a gripe.
Há uma tendência
futura, por exemplo, de determinados grupos populacionais (como crianças, grávidas
e idosos) receberem diferentes tipos de vacina.
Pesquisas experimentais
feitas em células humanas in vitro ou em animais já tinham levantado suspeitas
de que poderia haver uma interação entre a testosterona e a resposta autoimune.
Para Davis, são necessários
mais estudos para entender o motivo pelo qual um hormônio responsável por
características masculinas ligadas à força está ligado a um sistema imune mais
frágil.
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