Dos
27 clubes brasileiros, a maioria da primeira divisão, que tiveram seus balanços
analisados pelo Itaú BBA, apenas 11 reduziram suas dívidas entre 2015 e 2016.
Dois não registraram alteração e 14 ampliaram seus déficits, apesar do Profut
(Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol
Brasileiro), ao qual a maioria aderiu e que logo reduziu drasticamente o
endividamento acumulado em décadas com o governo federal. Os números foram
obtidos pelo blog com exclusividade.
O
cenário é pior quando é feita a comparação de 2013 com 2016. No período, que
começa antes da criação do programa que renegociou as dívidas das agremiações
com o Estado, apenas quatro reduziram seus déficits, um ficou na mesma, e 22
ampliaram os seus endividamentos. O Cruzeiro conseguiu elevar o que deve em
valores maiores do que a redução obtida pelo Flamengo em tal período.
"É
importante explicar o que está englobado no conceito de dívida que trabalhamos.
Trata-se da soma de dívida bancária, naturalmente com bancos ou similares;
operacionais, que são dívidas com impostos correntes e fornecedores,
basicamente valores a pagar a outros clubes pela aquisição de atletas; e
tributárias, que são impostos renegociados, e inclui o Profut", esclarece
César Grafietti, superintendente de crédito do Itaú BBA e coordenador do
trabalho.
O
estudo é anualmente desenvolvido pela equipe do banco, e revela que, mesmo com
mais um programa de socorro criado para os clubes de futebol, a maioria deve
como sempre. O trabalho é baseado exclusivamente em informações públicas, sem
contato com os clubes, e ressalta que alguns apresentam balanços detalhados,
mas há enorme dificuldade em ter a mesma confiabilidade em todos. Um exemplo:
não foi possível analisar o Atlético Goianiense, devido à pouca qualidade das
informações.
"Sobre
a relação dívida/faturamento, não é a melhor forma de analisar. O ideal é
comparar com o EBITDA, porque é o recurso que sobra depois das receitas pagarem
as despesas correntes, que são salários, encargos, custos gerais e
administrativos", explica Grafietti. Neste item o pior desempenho é o do
Fluminense em 2016, seguido do Internacional. Mas chama a atenção a situação do
Corinthians, que melhorou seu EBITDA (veja
o gráfico abaixo), mas segue muito atrás de Flamengo e Palmeiras, os
melhores.
São
Paulo e Vasco, que completam o quinteto das maiores torcidas do país, também
têm resultados melhores no quesito. Se consideramos o potencial de faturamento
do clube, são índices sofríveis. Um evidente desperdício de potencial. Detalhe:
os cálculos extraídos do balanço corintiano não incluem o estádio de Itaquera e
a milionária dívida que ele representa, na casa do bilhão de reais. "Está
num fundo ao qual não temos acesso", frisa Grafietti.
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