FONTE: http://noticias.uol.com.br
Pesquisa mostra
que diferenças de metabolismo exigem adequação do medicamento às
especificidades da natureza do corpo. Na Alemanha, agências reguladoras já
exigem testes em ambos os sexos.
A travessia entre o
diagnóstico e a cura de uma doença submete homens e mulheres a tratamentos com
remédios que não necessariamente são adequados às particularidades de cada
organismo, concluiu um estudo realizado no Instituto Max-Planck em Dresden, na
Alemanha.
Para os cientistas
envolvidos na pesquisa, a produção de medicamentos pela indústria farmacêutica
desconsidera o fato de que a diferença de gêneros não é só sexual. Um exemplo é
o metabolismo hepático.
A equipe de Dresden
descobriu que a gordura no sangue do homem e da mulher é diferente. Isso indica
que o fígado de um e de outro funciona de maneira distinta. Por esse fator, um
quinto dos homens analisados pelos pesquisadores apresentou risco maior de
desenvolver ao longo da vida diabetes tipo 2, pressão alta e obesidade. Essas
informações deveriam ser levadas em conta na hora de definir a composição de um
remédio para eles. Mas na maioria dos casos, não são.
Nas mulheres, as
chances de uma síndrome metabólica são menores. Só que outro problema foi
detectado – aliás, um problema para as mulheres que tomam pílula. O consumo de
anticoncepcionais, segundo o estudo, produz uma mudança drástica na gordura
sanguínea. A consequência é que as células do fígado acabam danificadas.
Os cientistas alemães
chegaram ainda à conclusão de que a pílula faz diminuir a formação do
colesterol bom, o HDL, e eleva o perigo de infecções, pressão alta e
arteriosclerose.
Foram identificados
também distúrbios de ritmo do coração e da circulação do sangue. Tudo isso
poderia potencializar os efeitos colaterais de um medicamento, ou mesmo fazer o
organismo da mulher reagir de uma forma inesperada.
Remédio pode virar ameaça.
A médica de gêneros
Vera Regitz-Zagrosek, do Instituto de Pesquisa de Gêneros do hospital Charité,
em Berlim, alerta para uma negligência que pode transformar qualquer remédio em
uma possível ameaça. "Por motivos econômicos, a maioria dos testes para
desenvolvimento de medicamentos usa animais machos", afirma. O caminho
para minimizar os riscos pode estar na medicina de gêneros. De acordo com
Regitz-Zagrosek, o que essa área da saúde pretende é repensar a fabricação e a
indicação de fármacos.
Para ela, os
especialistas precisam se perguntar: "Posso dar isso a um homem? A uma
mulher? Na mesma dosagem? Faz diferença se a mulher está no período
menstrual?". As mulheres, aponta a pesquisa de Dresden, metabolizam
remédios mais lentamente. Por isso estão sujeitas a uma superdosagem. O que não
ocorre com os homens.
Outro desafio é tirar
o rótulo de que certas doenças só atingem um lado. A osteoporose, por exemplo,
é considerada por muitas indústrias farmacêuticas uma doença de mulher e os
medicamentos geralmente são fabricados para elas. Mas a diminuição da densidade
dos ossos afeta homens, que no fim são tratados com os mesmos princípios ativos
indicados para o sexo oposto.
Na visão de Jürgen
Gräßler, pesquisador do Hospital Universitário de Dresden, as conclusões do
estudo "podem significar que, no futuro, teremos que fazer um controle
mais eficaz e começar cedo ações de prevenção, como dieta e atividades
físicas".
Na Alemanha, as
primeiras mudanças já começaram a surgir. Agências reguladoras exigem que
testes para medicamentos sejam feitos em ambos os sexos porque a natureza de
cada corpo não é igual.
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