FONTE: Caroline Chen, Da Bloomberg (http://noticias.uol.com.br).
Após uma série de
overdoses e mortes geradas pela crise de dependência de opioides nos EUA, as
empresas farmacêuticas estão correndo para criar analgésicos mais seguros.
As empresas estão
bastante motivadas para criar alternativas ao mercado de opioides, de US$ 4
bilhões. O governo dos EUA está reprimindo a prescrição negligente que contribui
para milhares de mortes por ano e começou a impedir a venda de medicamentos que
considera inseguros.
Drogas como morfina,
fentanil e oxicodona são analgésicos muito poderosos porque bloqueiam sinais de
dor de forma muito efetiva atuando diretamente no cérebro. Como atuam em um
nível tão fundamental, esses medicamentos seriam analgésicos perfeitos se não
tendessem a causar dependência.
"Na faculdade de
Medicina costumávamos jogar este jogo: se você só pudesse levar cinco
medicamentos para uma ilha deserta, quais seriam? Todos diziam morfina, porque
é um remédio fantástico para a dor", disse Morgan Sheng, vice-presidente
de neurociência e biologia molecular da Genentech, uma unidade da Roche
Holding.
As empresas
farmacêuticas estão encarando o desafio de todos os ângulos, trabalhando para
criar um arsenal de medicamentos feitos sob medida para diferentes formas de
dor.
Essas novas drogas
estão extraindo atributos de pimentas e da maconha conhecidos por modificar a
dor e valendo-se de mutações genéticas humanas que alteram a forma como as
pessoas sentem dor para produzir novos tratamentos para os 100 milhões de
pacientes crônicos do país. Um dos medicamentos mais avançados em
desenvolvimento deriva de uma toxina mortal encontrada no caracol-do-cone.
Muitas dessas
inovações se destinam a tratar a dor da osteoartrite, um enorme mercado devido
ao envelhecimento da geração dos baby boomers (nascidos após a Segunda Guerra
Mundial). A Centrexion Therapeutics está desenvolvendo uma injeção que usa
capsaicina sintética, um ingrediente ativo de pimentas. Um teste de fase
intermediária mostrou que uma única injeção no joelho dos pacientes trazia um
alívio significativo por até seis meses.
Adotando outra
tática, a Genentech está desenvolvendo um medicamento oral baseado em mutações
genéticas extremamente raras que impedem as pessoas de sentirem dor. O estudo
dessas mutações ajudou os cientistas a descobrirem uma via no corpo chamada
canal iônico de sódio Nav 1.7, que está envolvido com a dor. Ao modular o
canal, a Genentech espera que seu comprimido possa diminuir o sofrimento.
Entre os demais
tratamentos pré-clínicos estão os remédios experimentais da Cara Therapeutics e
da Centrexion, que miram os receptores canabinoides, imitando o efeito
analgésico da maconha. Enquanto isso, cientistas da Hunter College, em Nova
York, trabalham para produzir um analgésico intravenoso com base em uma toxina
encontrada no caracol-de-cone.
A Trevena, por sua
vez, trabalha em um opioide mais seguro de uso hospitalar que não retarda a respiração
dos pacientes, como muitos outros opioides atuais. "Aguardamos
ansiosamente o dia em que chegaremos a um tratamento para a dor que não causa
vício nem efeitos colaterais, mas, enquanto não encontrarmos esse remédio
perfeito, os opioides continuarão tendo um lugar", disse a CEO da empresa,
Maxine Gowen.
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