FONTE: André Carvalho, Do UOL, em São Paulo (http://noticias.uol.com.br).
Eles podem correr ou
nadar 100 metros de forma mais rápida. Ou suportar mais peso em uma competição
de halterofilismo. Mas há uma competição em que os homens sempre estão atrás
das mulheres: a longevidade.
Dados da OMS
(Organização Mundial de Saúde) divulgados em 2016 apontam que a expectativa de
vida de homens, no mundo, é de 69,1 anos, ao passo que as mulheres vivem, em
média, 73,8 anos. No Brasil, de acordo com o IBGE, as mulheres vivem,
em média, quase sete anos a mais que os homens (79,1 anos ante 71,9).
Mais: segundo o Grupo
de Pesquisas em Geronotologia, de Los Angeles, Estados Unidos, existem,
atualmente, 43 pessoas no mundo com mais de 110 anos. Destes
"super-centenários", apenas um é do sexo masculino. Mas o que explica
essa diferença de expectativa de vida?
Não há uma resposta
definitiva para essa pergunta, mas existem diversas hipóteses que explicam
isso. Entre elas, o maior cuidado delas com a saúde.
Elas agridem menos seus
corpos.
As mulheres se
cuidam mais. Elas fumam menos, bebem menos, trabalham em serviços menos pesados
e se tratam mais do que os homens."
Marcia Regina
Cominetti, do laboratório de biologia do envelhecimento da UFScar.
"A
primeira explicação seria essa: elas agridem menos seus corpos. Mulher vai ao
médico, faz exames, e os homens não."
Mas este padrão de
fêmeas serem mais longevas que os machos também se repete na natureza, o que
indica outras razões além das sociais para a maior expectativa de vida
feminina.
A diferença entre
hormônios femininos e masculinos está entre as hipóteses aceitas por
gerontologistas para explicar a vantagem das mulheres.
A ação dos hormônios no
envelhecimento do homem e da mulher
O estrógeno e a
progesterona, hormônios femininos, podem manter o sistema imunológico da mulher
mais forte. Para Cominetti, "o estrógeno pode funcionar no corpo da mulher
como um antioxidante, protegendo-o dos radicais livres" e neutralizando as
substâncias tóxicas que estressam as células.
Não sabe se é por
isso que as mulheres vivem mais, mas esse efeito antioxidante protegeria as
mulheres das doenças cardiovasculares, que são mais comuns em homens e são as
principais causas de morte."
"A mulher tem
cuidado, repõe os hormônios de alguma forma. Pesquisas verificam essa relação:
o controle hormonal ajuda a prevenir doenças. É por isso que elas têm mais
longevidade e qualidade de vida que os homens", ressalta Rosa Chubaci,
coordenadora de Gerontologia da USP (Universidade de São Paulo).
E a testosterona?
Por outro lado,
existe uma teoria, sustentada por estudos realizados na Coreia do Sul e nos
Estados Unidos, que indica que a testosterona teria uma ação negativa sobre o
envelhecimento nos homens. Isso se daria pelo fato de os eunucos --homens que
tiveram o saco escrotal removido do corpo, suprimindo a produção de
testosterona-- apresentarem uma expectativa de vida maior do que aqueles que
não foram capados. Tal padrão também repete na natureza, onde animais castrados
vivem mais que os não-castrados.
"O
hormônio pode aumentar a produção de fluido seminal hoje, mas promove o câncer
de próstata a longo prazo; altera a função cardiovascular para melhorar o
desempenho físico no início da vida, mas leva à hipertensão e à arteriosclerose", afirma David Gem, da University College Londres,
à BBC.
Nas mulheres, este
fortalecimento do sistema imunológico, alcançado pela ação dos hormônios,
também ocorreria durante a segundo metade do ciclo menstrual da mulher, no
período fértil, por conta de um aumento do batimento cardíaco verificado
durante esta época.
Seus benefícios
seriam semelhantes aos alcançados pela realização de exercícios moderados --o
resultado seria um risco mais tardio de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
Uma pesquisa,
realizada nos EUA em 2010 e conduzida por Steven Austad, especialista em
envelhecimento e professor do Departamento de Biologia da Universidade do
Alabama, revelou-se que, naquele país, as mulheres morreram a taxas mais baixas
do que os homens em 12 das 15 causas mais comuns de morte, incluindo câncer e
doença cardíaca.
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