FONTE: Do UOL, em São Paulo (http://noticias.uol.com.br).
Estar ao lado da mulher, de mãos
dadas, na hora do parto, pode realmente ajudá-la a suportar as dores de dar à
luz. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista Scientific
Reports e realizado por pesquisadores da Universidade do Colorado em Bolder,
dos Estados Unidos, e da Universidade de Haifa, de Israel.
De acordo com a pesquisa, em um casal
com forte empatia, quando o homem segura a mão da companheira, a respiração e
as batidas de coração dos dois entram em sincronia enquanto as dores se dissipam.
O estudo é mais um que abarca o tema
da "sincronização interpessoal", fenômeno em que as pessoas passam a
reproduzir aspectos fisiológicos daqueles com os quais convivem.
Pesquisas desta linha já haviam
revelado que os indivíduos, subconscientemente, sincronizam seus passos com os
das pessoas com quem caminham. Ou, ainda, que têm as frequências cardíacas e
ritmos respiratórios sincronizados quando assistem juntos a um filme com alta
carga de emoção.
O novo estudo, contudo, é o primeiro
a explorar a questão da "sincronização interpessoal" no contexto da
dor e do toque. E o "insight" para a pesquisa se deu quando Pavel
Goldstein, autor principal do estudo e pesquisador do Laboratório de
Neurociência Cognitiva e Afetiva da Universidade do Colorado em Bolder, teve a
sensação de que, ao segurar a mão da esposa durante o parto de sua filha, a
ajudou a suportar a dor.
"Pode
realmente o toque diminuir a dor?".
"Minha esposa sofria e tudo o
que pude pensar foi: 'O que posso fazer para ajudá-la?' Segurei sua mão e isso
pareceu ajudá-la", diz Goldstein. Ele então resolveu testar esta relação
entre o toque e a diminuição da dor em um laboratório. "Pode realmente o
toque diminuir a dor? E, em caso afirmativo, como?", questionou-se.
Foram recrutados, então, 22 casais
heterossexuais, com idade entre 22 e 32 anos, que estão juntos há bastante
tempo e que têm alto grau de empatia, portanto. Os pares foram colocados em um
ambiente que simulava uma sala de parto. Os homens assumiram o papel de
observadores, ao passo que as mulheres enfrentaram situações de dor.
Instrumentos foram usados para medir
as batidas cardíacas e as taxas de respiração destes casais, que foram
colocados, em um momento, juntos, mas sem se tocarem; depois, juntos, de mãos
dadas; e, por fim, em salas separadas.
Apenas por sentarem-se de maneira
próxima, já foi registrada uma sincronia na batida do coração e no ritmo
respiratório dos casais. Ao expor a mulher à dor, gerada por calor no
antebraço, esta sincronia, porém, foi interrompida. Mas quando o homem segurou
a mão da mulher, a sincronia na respiração e no batimento cardíaco foi retomada
e as dores diminuíram.
"Parece que a dor interrompe
totalmente essa sincronização interpessoal entre casais", disse Goldstein.
"O toque a traz de volta".
A força da empatia.
Segundo pesquisas de Goldstein,
quanto mais empatia existe entre o casal, mais a dor diminui com o toque. Este
estudo mais recente, no entanto, ainda não pode verificar se a dor diminui por
causa da sincronia ou vice-versa.
O cientista da Universidade do
Colorado em Bolder afirma que mais pesquisas são necessárias para descobrir
como o toque de um parceiro alivia a dor. Ele suspeita que a sincronização
interpessoal pode desempenhar um papel, possivelmente afetando uma área do
cérebro chamada córtex cingulado anterior, que está associada à percepção da
dor, empatia e função cardíaca e respiratória.
Goldstein também afirma haver lacunas
no estudo, já que não foi explorado se esta relação entre a diminuição da dor
com o toque poderia ocorrer com casais do mesmo sexo. Também não foi analisado
o que acontece quando o homem é o alvo da dor.
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