Como
seria a vida consumindo apenas um único alimento? E qual deles seria o
mais nutritivo para essa
situação? De acordo com informações da BBC
Brasil, frutas, legumes e verduras não são as melhores candidatas, nem
mesmo a carne. Passar muito tempo digerindo apenas proteína acaba
sobrecarregando o organismo, principalmente o fígado. Sobreviver de pães também
não seria o recomendado. Em um mês, a pessoa desenvolveria escorbuto, doença
desencadeada pela deficiência de vitamina C.
Proteína, não.
Segundo
estudos de Vilhjamur Stefansson, antigo explorador do Ártico canadense e das
dietas e costumes locais, existe um fenômeno conhecido como “rabbit starvation”
(inanição do coelho, em tradução livre), que acontece quando um indivíduo se
alimenta apenas de carne magra, sem gordura, como a carne de coelho. Depois de
uma semana, a pessoa pode apresentar diarreia, dor de cabeça, fadiga e uma vaga
sensação de desconforto.
Dieta de batatas.
Para
Jennie Jackson, nutricionista da Universidade Glasgow Caledonian, a melhor opção para uma alimentação única seria a
batata. Apesar de ser um amiláceo, fonte de amido, a batata tem uma
quantidade incomum de proteína e, consequentemente, uma grande variedade de
aminoácidos. Jennie citou o caso de um homem na Austrália, Andrew Taylor, que
passou a comer batatas para perder peso e dar início a hábitos mais saudáveis.
No
entanto, mesmo ingerindo três quilos de batatas diariamente, elas correspondem
a apenas dois terços da quantidade recomendada para um homem adulto como
Taylor. Além disso, a batata não possui a quantidade diária recomendada de
gorduras. Taylor incluiu batatas doces em seu experimento, o que acrescenta as
vitaminas A e E, ferro e cálcio. Porém, vitamina B, zinco e outros minerais
essenciais ficaram em falta nessa dieta. Apesar dessas características
desfavoráveis, ele conseguiu sobreviver à dieta sem grandes prejuízos, perdendo
bastante peso.
Adicione leite.
Se a
batata sozinha não é suficiente, adicionar leite pode resolver o problema. Há
alguns anos, um leitor do jornal americano The
Chicago Reader perguntou
à coluna The Straight Dope se era possível sobreviver à base de
batata e leite. Na Irlanda, durante o período da Grande Fome, as
pessoas alimentavam-se apenas de batatas. A resposta do jornal foi positiva.
Segundo
Cecil Adams, principal autor da coluna, com leite e batata somos capazes de
conseguir quase todos os nutrientes necessários, com exceção do mineral molibdênio.
No entanto, se acrescentarmos um pouco de aveia à dieta, esse problema já é
resolvido. “Isso faz sentido. Essa é a dieta escocesa há centenas de anos.
Batatas, leite e aveia, com um pouco de couve também.”, explicou Jennie,
à BBC Brasil.
O problema da saciedade.
Porém,
o maior desafio da dieta com apenas um alimento é a saciedade sensorial.
Para evitar a desnutrição, a falta dos nutrientes
essenciais, nosso corpo cria mecanismos próprios. Nesse caso, quanto
mais você come um mesmo alimento, menos seu estômago consegue processá-lo,
obrigando-o a uma dieta mais variada.
“Eu
chamo isso de ‘situação sobremesa’. Quando você come uma refeição e fica cheio,
você não conseguiria dar mais nenhuma mordida. Então alguém traz uma sobremesa
e você consegue ingerir mais algumas calorias.”, disse a nutricionista.
Sendo
assim, se torna cada vez mais difícil consumir apenas a mesma comida por um longo
período de tempo. Além disso, a lógica de viver com um único alimento desde que todas as vitaminas, minerais
e calorias estejam presentes nele, na verdade, não funciona. Isso se dá por
causa da atual percepção de nutrição ideal.
No
começo do século XX, pesquisadores estudavam a relação entre nutrientes e saúde
em ratos, em que tiravam certos nutrientes de suas dietas e observavam se
ficariam doentes ou morreriam. A partir desse tipo de experimento, foi possível
perceber quais nutrientes
eram vitais para o
organismo e deveriam ser consumidos sempre.
Dieta variada.
Apesar
disso, segundo Jennie, é possível que outros nutrientes
essenciais e benefícios de uma dieta variada não sejam identificados nesse tipo de
estudo. Por exemplo, dados epidemiológicos já deixaram claro que uma maior
variedade de legumes e verduras na dieta é mais saudável do comer apenas
alguns. No entanto, ainda não se sabe ao certo o motivo.
Veja também.
Alguns
estudos apontam que o consumo de folhas verdes pode evitar o câncer. “Não
sabemos exatamente que comidas provocam quais efeitos”, disse Jennie. “Então,
se por um lado você pode saber o que consegue tirar de nutrientes macro, por
outro, você não saberá exatamente o que está perdendo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário