FONTE: Gabriela Guimarães e Marina Oliveira, Colaboração para o UOL (http://estilo.uol.com.br).
Masturbar-se é mais simples do que fazer sexo a
dois. Para começar, não existe exigência de desempenho. Não é necessário ter uma
ereção muito rígida, no caso do homem, nem mantê-la por muito tempo. Também é
dispensável passar pelo ritual corporal e mental de preparação para o sexo, que
requer relaxamento, envolvimento e preliminares. E, no fim, você pode
simplesmente gozar, virar para o lado e dormir imediatamente, sem ter de falar
sobre emoções.
“Preferir se masturbar apenas significa que
encontramos uma forma mais fácil de obter o mesmo prazer sexual”, diz o
psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de
Sexualidade.
Segundo os especialistas, a masturbação tem um
papel importante na sexualidade individual e do casal. É uma maneira de
"manter a chama do sexo e da própria libido acesas", explica o
sexólogo Rodrigo Torres, membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual.
"A masturbação proporciona autoconhecimento, uma relação melhor com o
corpo e com as fantasias íntimas – que, depois, podem ser desenvolvidas no sexo
a dois", diz Torres. Além disso, é uma forma de lidar com apetites sexuais
diferentes – afinal, se o par não está muito a fim, por que não proporcionar o
próprio prazer?
A masturbação só se torna um problema quando
prejudica o relacionamento ou faz a própria pessoa ficar insatisfeita. "Se
o outro se irrita com o afastamento, sente-se rejeitado e interpreta aquele
comportamento como falta de atração, pode haver um desgaste", explica a
psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "A pessoa
que se masturba também pode se sentir culpada por não conseguir ter prazer na
atividade a dois da mesma forma que tem na masturbação", diz a psiquiatra.
Masturbação muito frequente também traz riscos.
A preferência pela masturbação pode ter origem na
dificuldade de comunicar ao par o que realmente gosta. O uso de brinquedos
eróticos também pode estimular a busca pelo prazer solitário. Os vibradores são
um exemplo. "Há vibradores de todas as formas e muito potentes.
Utilizando-os, é possível chegar ao orgasmo muito mais rapidamente",
explica a psicanalista Lelah Monteiro, especialista em Sexualidade pela
Universidade Estadual de Londrina. De acordo com os especialistas, homens que
veem muita pornografia também podem preferir a masturbação ao sexo.
Da mesma forma, quem vive uma relação que caiu no
comodismo pode acabar exagerando na masturbação. "Quando um relacionamento
se torna cansativo, a masturbação pode ser a solução", diz Lelah. Contudo,
ela afasta o casal do diálogo, fundamental para resolver o descompasso. Outro
risco é condicionar o corpo a só responder aos estímulos solitários. "Ao
se condicionar a ter prazer apenas dessa forma, a pessoa não vai conseguir se
excitar, conduzir e terminar o ato sexual quando estiver com alguém. Homens que
se masturbam repetitivamente podem não conseguir ter ereção ou ejacular",
diz Carmita Abdo.
Em longo prazo, a masturbação como única forma de
prazer também pode causar uma espécie de déficit de atenção sexual, quando a
pessoa não consegue se concentrar no momento da transa e, então, não estabelece
nenhum tipo de troca com o parceiro.
Masturbação não deve ser encarada como fuga da
relação.
Masturbar-se é muito saudável, não importa o status
de relacionamento. A prática só não pode ser uma fuga de diálogos importantes
entre o casal. É preciso haver liberdade para falar o que não funciona mais na
relação. "Relacionar-se é saber lidar com frustrações. Tem que cair na
realidade e entender que não há como ler a mente do outro ou ter a mente lida.
Tem que falar!”, diz Oswaldo Rodrigues Jr.
Também não custa lembrar que a masturbação pode ser
feita durante a relação a dois, com brinquedos eróticos, inclusive. Pode,
ainda, servir como preliminar: você se masturba sozinho, enquanto o outro olha
e se excita.
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