FONTE: *** Jairo Bouer, http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br
Dietas radicais e exercícios sem orientação
adequada são práticas comuns no início do ano, quando nove entre dez
brasileiros tentam cumprir a resolução de emagrecer ou ganhar músculos. Essas
práticas costumam durar pouco e resultar em frustração, especialmente para quem
já não tem uma relação saudável com a comida e a autoimagem.
De acordo com um estudo publicado no mês passado na
revista Obesity, a compulsão alimentar é um obstáculo importante para
quem realmente precisa perder peso. Uma equipe da Universidade da Pensilvânia,
nos Estados Unidos, avaliou dados de mais de 5.000 pessoas de 45 a 76 anos com
Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25, ou seja, com sobrepeso ou
obesidade, e também com diabetes tipo 2.
A análise mostrou que, depois de quatro anos
seguindo orientações de dieta e exercícios, aquelas pessoas que costumam sofrer
com episódios frequentes de perda de controle diante da comida tendem a perder
menos de 2% do peso corporal. Já quem não tem o problema consegue perder o
dobro disso. Sem contar o estrago que um episódio de compulsão, em que se
ingere grandes quantidades de calorias em pouco tempo, provoca nos níveis de
açúcar do sangue.
Os autores chamam a atenção para a importância de
se tratar a compulsão alimentar antes ou em paralelo com o programa de
emagrecimento. A estratégia que tem se mostrado mais eficaz para isso, segundo
evidências científicas, é a terapia cognitivo-comportamental. Em certos casos,
o uso de medicamentos pode ajudar também, mas o mais importante é conquistar
uma relação mais saudável com comida, aprendendo a identificar e a driblar os
gatilhos que levam à perda de controle.
Transtornos alimentares, como o comer compulsivo e
a bulimia, podem ter consequências graves à saúde, sem contar os prejuízos para
a qualidade de vida. Para essas pessoas, seguir uma dieta rígida demais, ficar
muito tempo em jejum ou eliminar carboidratos do cardápio podem ser estopins
para um episódio de descontrole, que termina em mal-estar, frustração e raiva.
Se dietas malucas são um perigo para quem está
acima do peso ou tem transtornos alimentares, tudo indica que elas também não
ajudam nem um pouco aquelas pessoas que só precisam perder alguns quilos.
Segundo pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, a obsessão
para emagrecer, comum em jovens adultos, traz consequências negativas a longo
prazo.
O grupo avaliou o comportamento alimentar e medidas
de saúde e bem-estar de 4.900 homens e mulheres na faixa dos 24 anos, e depois
observou o que aconteceu dez anos depois. Eles viram que a mania de se pesar o
tempo todo, cortar alimentos da dieta, planejar meticulosamente as refeições e
se entupir de bebidas sem calorias para driblar a fome é algo frequente, e
visto como inofensivo. Mas, aos 34 anos, essa obsessão se refletiu em uma cintura
maior e uma piora na saúde mental. Os dados estão no periódico European
Eating Disorders Review.
Se você quer ter um corpo mais harmonioso, em vez
de ficar obcecado com quilos ou centímetros, tente primeiro lutar para ter
comportamentos mais saudáveis, como combater a autocrítica excessiva, aprender
a reconhecer e respeitar a fome e a saciedade, e investir em estratégias para
dormir melhor e reduzir o estresse, que comprovadamente ajudam a manter o
apetite sob controle.
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