FONTE:
- Juliana Carreiro,
http://leiamais.ba
Veja dez mitos que já
foram citados e que continuam rondando as casas brasileiras.

01 – Os alimentos
naturais são mais caros do que os industrializados.
Uma das principais desculpas de
quem não quer melhorar os hábitos alimentares é o alto custo dos alimentos mais
saudáveis, os naturais. Eles são de fato os que sofrem mais variações de preço,
principalmente as frutas e as hortaliças, porque são atingidos pelo aumento do
custo dos transportes, por exemplo e por condições climáticas adversas,
enquanto o dos ultraprocessados segue mais estável. Mas vamos analisar alguns
exemplos simples, 1kg de batata inglesa custa em média 4 reais, enquanto isso,
um pacote com 100gm de chips de batata custa 4,89.
O que alimenta mais, um quilo de
batata in natura ou um pacote de 100gm de chips? A resposta
está subentendida. Em um hipermercado nacional, 2kg de banana nanica saem por
cerca de 5,38 reais e um pacote de 140gm de bolacha recheada por 1,69. O valor
da bolacha é mais baixo mas, proporcionalmente, vemos que as bananas são mais
baratas. No caso do macarrão instantâneo com pouco mais de 1 real você pode
fazer o almoço para uma pessoa ou pode comprar uma dúzia de ovos por 4,75 e
complementar as refeições de toda a família por uma semana. Aparentemente
os valores dos produtos prontos são mais baixos, mas é só analisarmos as
quantidades de comida para notarmos que isso não é verdade.
02 – Arroz com feijão
engorda.
O arroz e o feijão têm
separadamente os seus benefícios, mas é quando estão juntos que eles são
imbatíveis. Em conjunto, este cereal e esta leguminosa nos fornecem
carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e fibras. Podem até substituir as
carnes para aqueles que são vegetarianos.
Outra grande vantagem é que
quando você consome uma leguminosa junto com um carboidrato, por exemplo, ela
faz com que a glicose dos carboidratos seja absorvida mais lentamente e isso
nos mantém saciados por mais tempo e com mais energia. E também nos ajuda a
perceber quando estamos saciados mais cedo, o que nos faz comer as quantidades
adequadas. Se você deseja reduzir ainda mais o índice glicêmico do arroz, pode
usar a sua versão integral.
O importante é não retirá-lo da
sua rotina alimentar, juntamente com as outras fontes de carboidrato, elas são
importantes para o funcionamento do nosso organismo. Este recurso utilizado por
quem quer perder peso pode até funcionar a curto prazo, mas a médio e
longo prazos trará reflexos negativos no nosso funcionamento geral, entre eles
a volta do quilinhos perdidos.
03 – O ovo aumenta o
colesterol e, por isso, deve ser evitado.
70% do nosso colesterol é
produzido pelo organismo e apenas 30% vem de fontes externas, como carnes, ovos
e leite de vaca. O ovo realmente possui colesterol na sua composição e ainda
que ele interfira no aumento desta substância, trata-se do HDL, conhecido como
bom colesterol. Mesmo o LDL, chamado de mau colesterol, tem a sua importância
para o nosso organismo. O problema é quando ele aparece em alta quantidade,
enquanto o HDL está mais baixo do que deveria. O colesterol é determinante para
inúmeras funções, é a principal matéria-prima para a formação de hormônios
femininos e masculinos e para a formação da vitamina D e da bílis, presente no
fígado, por exemplo.
É claro que precisamos ficar
atentos à forma como o ovo é preparado, não vale deixá-lo submerso no óleo de
soja ou na manteiga ou acrescentar queijos ou creme de leite à omelete ou aos
ovos mexidos, assim, o seu consumo estará ligado à substâncias alergênicas ou
gordurosas. Na hora de fritá-lo, por exemplo, basta um fio de azeite de oliva.
A proteína presente nos ovos é a mais completa de todas, mesmo considerando as
de origem animal e ele também é rico em nutrientes.
04 – As proteínas de
origem animal são fundamentais para a nossa saúde.
É perfeitamente possível retirar
as proteínas de origem animal do cardápio sem prejudicar a saúde, mas para isso
é necessário variá-lo bastante e colori-lo o máximo possível com um grande leque
de frutas, verduras, legumes, cereais e leguminosas. A diferença é que as
proteínas de origem animal são completas e as de origem vegetal, presentes
principalmente nos cereais, tubérculos e leguminosas, contém os mesmos
aminoácidos, porém são incompletas e por isso necessitam umas das outras para
nos fornecerem tudo que precisamos, como a combinação do arroz com feijão, por
exemplo.
Existem também grãos como a
quinoa e o amaranto que têm uma quantidade proteica excelente. Além disso, vale
lembrar que o consumo excessivo de proteína de origem animal não faz bem para
ninguém. Não precisamos comer mais do que 100 a 120gr de carne por refeição.
Quando ultrapassamos muito estas quantidades, o que acontece muito entre os
brasileiros, podemos acidificar o ph sanguínio, que deve ser levemente
alcalino, sobrecarregando o fígado e os rins. A única vitamina que precisamos
suplementar, quando retiramos as carnes da rotina, é a B12, que pode ser
facilmente suplementada entre os adultos e até entre as crianças.
05 – Suco de frutas é uma
ótima opção para as crianças.
A Organização Mundial da Saúde
não recomenda o consumo de açúcar e de alimentos ultraprocessados entre os
pequenos até que eles completem dois anos, pois o pico de formação do sistema
nervoso central ocorre entre o terceiro trimestre de gestação e o décimo oitavo
mês de vida, e o açúcar é prejudicial para esse processo.
Neste período temos uma grande
necessidade de vitaminas e minerais e estas substâncias ocupam o espaço que
deve ser dos nutrientes necessários para o desenvolvimento. Vale ressaltar que
até o sexto mês o bebê só deve ter contato com o leite materno, mesmo depois
disso, o ideal é que ele coma as frutas in natura, pois junto com
a frutose, o seu açúcar natural, também terão acesso às fibras, importantes
para o funcionamento do intestino. Mesmo os sucos naturais, feitos sem adição
de açúcar devem ser evitados porque quando os ingerimos, o açúcar natural das
frutas aparece em grande quantidade.
06 – Gelatina é saudável.
Assim como todos os ultraprocessados,
a gelatina não conta com praticamente nenhum nutriente na sua composição, é o
resultado de uma mistura de aditivos químicos nocivos à nossa saúde. É
considerada uma boa opção para quem deseja emagrecer porque tem poucas
calorias, porém também não tem fibras, vitaminas, minerais, nem gorduras boas,
que colaboram com o processo de emagrecimento. Se for consumida com
frequência, seus aditivos podem corromper as barreiras do intestinos,
prejudicando o seu funcionamento, o que atrapalha a perda de peso. Além disso,
já expliquei aqui que o aumento de peso também pode ser causado pela falta de
vitaminas e minerais no organismo e não só pelo excesso de gordura e
carboidrato.
07 – Refrigerantes ‘zero’
podem ser consumidos à vontade.
Algumas dietas que só levam em
consideração as calorias dos alimentos, costumam liberar a ingestão de
refrigerantes sem açúcar, como se o seu único problema fosse este ingrediente.
Porém, o excesso de sódio, de corantes, de cafeína e de aditivos químicos
também são grandes inimigos da nossa saúde. Eles podem destruir as células de
defesa do intestino prejudicando o sistema imunológico como um todo. Assim como
o excesso de açúcar, o destas substâncias também é relacionado cientificamente
com casos de hiperatividade, distúrbios de comportamento e déficit de atenção.
Entre os que querem emagrecer também há desvantagens nesse consumo, o excesso
de sódio, por exemplo, retém muito líquido, o que ajuda a aumentar as medidas,
os adoçantes artificiais podem causar resistência à insulina, que também
contribui com o aumento de peso. Além disso, esse tipo de bebida não possui
nenhum nutriente, mas ao mesmo tempo, ocupa bastante espaço no estômago, por
isso diminui a quantidade de nutrientes que seriam ingeridas em seu lugar, para
fazer o organismo funcionar.
08 – As frutas podem
engordar.
Além de não nos fazer engordar,
as frutas são grandes aliadas dos processos de emagrecimento e manutenção do
peso, além de garantirem o bom funcionamento do organismo de maneira geral. São
ótimas fontes de vitaminas, minerais e fitoquímicos – substâncias que têm ação
antioxidante, anti-inflamatória e desintoxicante, contêm enzimas digestivas,
principalmente o abacaxi e o mamão e também são ricas em fibras, que alimentam
as boas bactérias do intestino.
Ainda são uma maneira gostosa de
matar a sede e atingir a nossa cota diária de água, porque, em média, 80% de
sua composição é formada por ela. Se não bastasse, ajudam a reduzir o índice
glicêmico da refeição em que for consumida, no café da manhã e nos lanches intermediários,
principalmente. Isto porque, nestes momentos ela normalmente é acompanhada de
um carboidrato, que pode ter um alto índice glicêmico, mas as fibras presentes
nelas serão fermentadas pelas boas bactérias do nosso intestino e isso faz com
que a absorção tanto do açúcar presente nelas, a frutose, quanto o dos
carboidratos sejam mais lentas.
O que é bom para o organismo. O
que tem ocorrido recentemente em muitos consultórios médicos é uma certa
confusão entre a frutose presente nas frutas e a sua versão industrializada. Há
muitos profissionais receitando que os pacientes deixem de comê-las por conta
deste açúcar natural. Porém, o organismo absorve a frutose de formas diferentes
quando ela é consumida no meio da fruta ou isoladamente. No primeiro caso, além
da dose ser menor, ela também vem acompanhada das fibras e isto não acontece
quando a frutose é industrializada e utilizada para adoçar as preparações,
neste caso é absorvida mais rapidamente.
09 – Pães e biscoitos
integrais são mais saudáveis do que os refinados.
Quem se aventura a fazer um pão
verdadeiramente integral em casa sabe que ele costuma ficar bem mais duro do
que o tradicional e que estraga bem mais rápido. Então por que a
indústria consegue fazer com que eles fiquem com a mesma textura dos refinados?
O que acontece é que para os ingredientes integrais adquirirem a mesma
consistência dos tradicionais eles precisam acrescentar mais glúten à fórmula.
O acréscimo de glúten acaba com
os benefícios que as fibras presentes nestes produtos poderiam trazer ao
intestino e também acaba com a ideia de que os integrais têm índice glicêmico
mais baixo do que os refinados. Isto porque o glúten, como eu já escrevi
detalhadamente em outros posts, gera processos inflamatórios no nosso
intestino, alterando a sua permeabilidade e desencadeando processos
inflamatórios no organismo. Uma das consequências destes processos, para
aqueles com tendência genética, é o aumento da resistência à insulina, que
provoca o aumento de peso. Uma pesquisa realizada pelo Idec, o Instituto de
Defesa do Consumidor, com 14 marcas de biscoitos “integrais” revelou que apenas
3 continham farinhas integrais ou cereais integrais como ingredientes
principais, 5 delas não tinham ingredientes integrais e nenhuma possuía um alto
teor de fibras.
10 – Leite de vaca é uma
boa fonte de cálcio para os ossos.
Para explicar um assunto tão
polêmico vou até recorrer à química. O ph do nosso sangue deve ser levemente
alcalino, ou seja, básico. O leite de vaca possui três vezes mais proteína do
que o leite materno, mas esse excesso de proteína faz com que o sangue fique
mais ácido do que deveria. Para que ele volte a ficar equilibrado, um dos
recursos que o nosso organismo utiliza é retirar o cálcio de dentro dos nossos
ossos, que é onde ele deveria ficar, para devolvê-lo à corrente sanguínea. Isso
porque ao lado do magnésio, este mineral ajuda a alcalinizar o sangue.
Quem também tem esta função
alcalinizadora e que, portanto, ajuda a manter o cálcio no seu devido lugar são
as frutas, as verduras e os legumes. Estudos da Organização Mundial da Saúde
verificaram que os índices de fratura óssea e de osteoporose são menores em
países onde há um menor consumo de cálcio vindo de fontes animais, como o leite
de vaca. Isso porque nestes lugares há um grande consumo de outras fontes de
cálcio, como legumes, verduras escuras e leguminosas, como feijão, ervilha,
lentilha ou grão de bico, que são cada vez menos consumidos por aqui.
Esses alimentos têm menos cálcio
do que o leite, é verdade, porém, eles são ricos em todos os nutrientes, que
trabalham em conjunto com esse importante mineral para que ele seja melhor
absorvido e utilizado pelo nosso organismo. Por outro lado, em países como os
Estados Unidos, onde há um baixo consumo de frutas, verduras e legumes e onde a
média de consumo diário de leite é de cinco copos, a frequência destes tipos de
deficiência óssea é a maior do mundo. Infelizmente, o Brasil está indo por este
mesmo caminho. De acordo com o IBGE, o nosso consumo atual de vegetais e frutas
corresponde a menos de um terço do mínimo recomendado pela OMS, de 400 gramas
por dia.
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