FONTE: Gretchen Reynolds, Do The New York Times, http://vivabem.uol.com.br
Nosso esqueleto pode nos ajudar a manter o peso sob
controle, de acordo com um fascinante estudo feito com animais. A pesquisa
sugere que os ossos podem estar muito mais intimamente ligados ao controle de
peso e de apetite do que os cientistas imaginavam. Isso também levanta questões
interessantes sobre se um estilo de vida sedentário pode nos fazer ganhar
alguns quilos, em parte, por confundir nossos ossos.
Não há dúvida de que nosso corpo gosta de manter o peso que teve em algum momento. Isso se deve, em grande parte, a nossa predileção biológica pela homeostase, ou estabilidade fisiológica, que nos leva a recuperar todo o peso que perdemos e, teoricamente, perder todo o peso que ganhamos.
Não há dúvida de que nosso corpo gosta de manter o peso que teve em algum momento. Isso se deve, em grande parte, a nossa predileção biológica pela homeostase, ou estabilidade fisiológica, que nos leva a recuperar todo o peso que perdemos e, teoricamente, perder todo o peso que ganhamos.
Para atingir essa estabilidade, entretanto, nosso
corpo precisa conseguir sentir o quanto pesamos, perceber quando nosso peso
muda e responder de acordo, como se tivéssemos uma balança interna. Ainda não é
claro como isso ocorre.
Há alguns anos, cientistas descobriram um dos
possíveis mecanismos envolvendo a leptina, um hormônio liberado pelas células
gordurosas. Em termos gerais, quando as pessoas ganham gordura, produzem mais
leptina, que iniciam um processo no cérebro que reduz o apetite e deveria fazer
o corpo baixar esse novo peso. Mas, obviamente, esse sistema não é perfeito
--ou ninguém manteria os quilos adquiridos.
Então, no novo estudo, publicado na Proceedings
of the National Academy of Sciences, um grupo internacional de
pesquisadores se perguntou se poderia haver outro processo ocorrendo. Para
descobrir, camundongos e ratos foram separados em grupos. Eles escolheram as
duas espécies na esperança de que, se algum resultado fosse comum, poderia
indicar que talvez ocorresse em outras espécies de mamíferos, potencialmente
seres humanos.
Depois, os cientistas implantaram cápsulas no
abdômen dos roedores. Umas continham 15% do peso de cada animal, outras estavam
vazias. Assim, alguns animais tinham acabado de ganhar bastante peso.
Os cientistas, então, deixaram os roedores
enfrentarem sozinhos o peso extra. E seu corpo rapidamente começou a trabalhar.
Em dois dias, os animais que tinham as cápsulas pesadas estavam comendo menos
e, após duas semanas, em geral tinham perdido quase o mesmo peso contido nas
cápsulas.
Em seguida, quando os cientistas removeram as
cápsulas de alguns dos animais, os ratos e camundongos começaram a comer mais e
logo ganharam o peso de volta.
Os sensores homeostáticos de peso estavam claramente trabalhando bem, em ambos os sentidos.
O passo seguinte foi repetir o processo, mas em
camundongos que foram criados para produzir pouca leptina. De novo, os animais
comeram menos para estabilizar seus pesos após a implantação das cápsulas. Ou
seja, seus corpos não confiavam apenas na leptina para perceber e responder às
mudanças de peso.
Finalmente, os cientistas consideraram os ossos.
Como sabiam, a maioria dos esqueletos dos animais sente prontamente que há uma
sobrecarga quando, por exemplo, fazem exercícios físicos pesados, e vão
adicionar células extras para lidar com a pressão.
Pesquisa sugere que os ossos
sentem quando há mudanças na massa corporal.
Os cientistas creem que os osteócitos, um tipo de
célula óssea, são os que reconhecem quando forças externas estão afetando os
ossos e emitem sinais bioquímicos provocando a criação de nova matéria óssea.
Para ver se também iriam detectar e responder às
mudanças no peso corporal, os cientistas criaram um novo grupo de camundongos
com níveis anormalmente baixos de osteócitos. Depois, implantaram as cápsulas
com peso extra.
Dessa vez, os animais não perderam o peso
adicionado. O corpo pareceu não perceber que estava mais pesado,
presumivelmente por causa dos baixos níveis de osteócitos, e os roedores
permaneceram artificialmente mais gordos.
O resultado indica que ossos saudáveis parecem
sentir mudanças na massa corporal e de alguma forma iniciam alterações de
apetite e alimentação que podem fazer o corpo votar ao peso anterior, de acordo com John-Olov
Jansson, neurocientista da Universidade de Gotemburgo, que liderou o estudo.
Ele e seus colegas chamam os sensores dos ossos de
“gravitostato”, que é acionado pelo peso corporal que sobrecarrega os ossos, um
resultado da inexorável força da gravidade.
E suspeitam que um “gravitostato” similar exista nos humanos.
E suspeitam que um “gravitostato” similar exista nos humanos.
Possibilidade pode explicar a
relação entre ficar sentado e obesidade.
Quando passamos muito tempo sentados, muito do
nosso peso corporal é suportado pela cadeira e não pelos ossos, deixando nosso esqueleto sem
saber o quanto realmente pesamos e se esse peso mudou ou deveria mudar.
Obviamente, essa teoria é puramente especulativa no
momento, já que o estudo envolveu roedores, não pessoas. E também consegue
explicar como nossos ossos (se eles realmente têm algum controle sobre nosso
peso) conseguem essa façanha ou como passam a informação ao cérebro e seus
controladores de apetite.
Jansson e seus colegas agora planejam fazer estudos
mais detalhados. Mas, por enquanto, essas descobertas podem fornecer outra
razão plausível para levantar da cadeira e talvez ajudar nossos ossos a
controlar melhor nossa silhueta.
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