FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Depois dos excessos
cometidos no Natal e no Ano-Novo, muita gente se propõe a passar algumas
semanas longe do álcool para dar um descanso para o fígado. Mas será que essa
pequena pausa traz algum benefício para o organismo? Segundo um experimento
descrito na edição de 1º de janeiro da revista New Scientist, a
resposta é sim. Pelo menos a curto prazo.
O "janeiro
seco" é bem comum em países como o Reino Unido, onde um terço das mortes
causadas por doenças do fígado tem relação com o abuso de bebida alcoólica. Por
isso, uma equipe da própria revista decidiu se submeter a testes para
identificar os reais benefícios dessas semanas de abstinência. Nenhum dos 14
participantes se descreve como "bebedor pesado", segundo o periódico
(mas é bom lembrar que os britânicos bebem bastante).
A equipe foi
acompanhada pelo médico Rajiv Jalan, do Instituto do Fígado e Saúde Digestiva
da Faculdade de Medicina da Universidade de Londres (UCLMS). Apesar do
pequeno número de pessoas, o especialista acredita que o experimento traz pistas
importantes sobre os efeitos da abstinência para a saúde a curto prazo.
A equipe passou por
uma rodada de exames e, então, dez dos integrantes ficaram cinco semanas sem
consumir álcool, enquanto quatro mantiveram sua rotina habitual. Depois do
período estipulado, os exames foram repetidos.
Resultados.
Os resultados da
turma que ficou sem beber impressionaram o médico: a quantidade de gordura no
fígado caiu em média 15%, sendo que chegou a 20% para alguns indivíduos. Os
níveis de glicose no sangue também despencaram em média 23%. A taxa de
colesterol total teve redução de 5% e os participantes perderam 1,5 kg. O grupo
que continuou bebendo não apresentou nenhuma alteração significativa nos
exames.
Os participantes que
ficaram sem beber ainda relataram melhora no padrão de sono e na concentração,
o que se refletiu no desempenho profissional. O único lado negativo, relatou a
equipe, foi a diminuição do convívio social - afinal, não poder beber é um
empecilho para sair com os amigos.
Advertência.
Jalan comenta que é
impossível prever quão duradouros são esses benefícios. Mas ele acredita que os
resultados são consistentes a ponto de justificar a realização de estudos
maiores.
Outro especialista em
doenças hepáticas, o médico Scott Friedman, do hospital Monte Sinai, em Nova
York, também se impressionou com a rapidez com que os efeitos da abstinência
apareceram.
Mas ele adverte que o
experimento não deve servir de incentivo para que as pessoas exagerem nos 11
meses restantes. Para ele, a mensagem a ser passada é o quanto as pessoas podem
se beneficiar de um período ainda mais longo de abstinência.
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