FONTE: DO "NEW YORK TIMES" (www1.folha.uol.com.br).
A vitamina E ajuda pessoas
com alzheimer? Por anos, cientistas vêm tentando descobrir se isso é verdade,
imaginando que as propriedades antioxidantes da vitamina pudessem ser
benéficas. Mas os resultados de testes clínicos têm sido conflitantes e, depois
de um estudo que mostrou que altas doses de vitamina E podem aumentar o risco
de morte, cautelosos.
Agora, um novo estudo sugere
que a suplementos de vitamina E podem ser bons para algumas pessoas com
alzheimer. O benefício não foi enorme, mas para uma doença devastadora e que
quase não responde a tratamentos, já foi notável.
O trabalho, publicado nesta
quarta (1) no "Jama", revista da Associação Médica Americana, mostrou
que, por pouco mais de dois anos, uma dose alta de vitamina E retardou o
declínio de pessoas com alzheimer leve a moderado em cerca de seis meses.
A vitamina não atrasou a
deterioração cognitiva ou de memória. Mas pareceu proteger, ao menos
temporariamente, algo que os pacientes consideram especialmente valioso: sua
habilidade de realizar atividades do dia a dia como se vestir e se alimentar
sozinhos.
Em comparação com
participantes do estudo que tomaram placebo, os que usaram a vitamina
precisaram de menos horas de ajuda de seus acompanhantes a cada dia. "Será
que isso vai alterar dramaticamente a vida de pacientes com alzheimer? Isso não
está claro", afirmou Scott Small, diretor do centro de pesquisa sobre
alzheimer na Universidade Columbia, nos EUA, que não esteve envolvido com o
estudo. "Mas pode melhorar a capacidade dos pacientes de tomar banho e se
vestirem sozinhos."
Nesse estudo, a dose alta
(2.000 UI por dia) de vitamina E pareceu segura. Muitos médicos pararam de
recomendar a vitamina aos pacientes com alzheimer após uma análise publicada em
2005 ter sugerido que as altas doses poderiam aumentar o risco de morte.
Esse análise havia estudado
pessoas com diversas doenças, não só alzheimer.
"Estávamos preocupados
com a segurança e não achamos nenhum problema", afirmou Maurice Dysken,
professor de psiquiatria da Universidade de Minnesota, que liderou o novo
trabalho.
Mesmo assim, especialistas,
incluindo os autores, afirmam que o novo estudo não significa que doses altas
de vitamina E devam ser usadas por qualquer um com demência ou por pessoas
querendo evitá-la.
O estudo mostrou benefício só
em pessoas com mal de Alzheimer leve ou moderado. Mas outras pesquisas
mostraram que a vitamina E não retardou o avanço da demência em pessoas sem
sintomas ou com distúrbio cognitivo leve, que pode preceder o mal de Alzheimer.
Danis Evans, professor de
clínica médica na Universidade Rush e que escreveu um editorial acompanhando o
estudo no "Jama", alertou sobre possíveis extrapolações erradas dos
resultados para qualquer pessoa que não se encaixe no grupo estudado na
pesquisa. "Isso significa que todos nós que não queremos desenvolver
alzheimer devemos correr e comprar um vidro de vitamina E? Por favor,
não."
O estudo em si envolveu 613
veteranos de guerra, a maioria homens, nos EUA. Eles já tomavam medicação
contra alzheimer.
Um grupo recebeu 2.000 UIs de
vitamina E por dia, muito mais do que a quantidade disponível em um suplemento
comum. Outros grupos receberam memantina (uma droga contra demência), vitamina
E mais memantina ou placebo.
"Esperávamos que a
memantina e a vitamina E mostrassem benefícios e que a combinação tivesse o
efeito dobrado", afirmou Dysken.
Isso não aconteceu.
Só a vitamina E mostrou
efeito significativo. A memantina foi igual ao placebo quanto à redução do
declínio e a combinação com a vitamina E também não funcionou.
A vitamina E ajudou as
pessoas a reter suas habilidades de realizar tarefas do dia a dia por mais
tempo, mas não reduziu seu declínio cognitivo, maior característica do
alzheimer.
Habilidades funcionais entram
em declínio por uma série de razões ligadas ao envelhecimento, não
necessariamente o alzheimer.
A maioria dos especialistas
afirma que um tratamento realmente eficaz deve melhorar a habilidade funcional
e a cognição.
Mesmo assim, Evans e outros
médicos afirmam que os clínicos devem agora pensar em discutir o uso da
vitamina com os pacientes com alzheimer leve e moderado. "Duas mil
unidades é muito. É preciso ter o acompanhamento de um médico", afirmou
Evans.
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