FONTE: , TRIBUNA DA BAHIA.
Às vezes, amamentar pode ser difícil, causar dor e
frustração.
Amamentar
é um dos períodos de maior ligação entre mãe e filho, pois o contato físico
implica em diversas reações emocionais, geralmente positivas, e psicológicas.
Mas, às
vezes, amamentar pode ser difícil, causar dor e frustração, como relatou a
atriz Thaís Fersoza em seu canal no Youtube.
Há
diversos fatores que levam mães a não conseguirem alimentar seus filhos. Além
da questão biológica, há ainda o quadro social, emocional e cultural, explica
Elsa Giugliani, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A
especialista diz que, do ponto de vista biológico, são poucas as mulheres que
não conseguem amamentar. Porém, o estresse, dores, baixa autoestima e até o
desejo intenso de querer amamentar podem inibir o processo de descida do leite.
Segundo
ela, a percepção de pouco leite ou ausência total é complicada. "A descida
do leite pode demorar quando, por exemplo, a mulher faz cesárea ou passou por
cirurgia de mama. Pode ser também severa insuficiência de tecido mamário, que
não produz ou produz pouco leite", afirma.
Como a
produção de leite se dá conforme o esvaziamento da mama, qualquer fator que
dificulte o processo faz o cérebro entender que não é mais necessário produzi-lo.
O fato
é que cada caso precisa ser analisado. O que vai definir é o acompanhamento da
criança e o ambiente em que mãe e filho estão inseridos. Exames e a observação
da técnica utilizada para amamentar podem identificar o possível problema.
Recomendações.
Embora exista a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) do
aleitamento materno exclusivo até, pelo menos, os seis meses de vida da
criança, Elsa diz que, por diversos fatores, menos de 10% das mães no Brasil
conseguem fazer isso.
Algumas
mães começam a introduzir sucos, frutas e papinhas após esse período, ou antes,
mas alguns itens não são aconselháveis. Recentemente, a Academia Americana de
Pediatria deixou de recomendar o consumo de sucos de frutas antes do primeiro
ano de vida devido à quantidade excessiva de açúcar.
Caso o
leite que a mãe fornece seja insuficiente, Elsa diz que é obrigação do pediatra
suplementar a alimentação. "Qualquer grau de desnutrição pode afetar o
desenvolvimento da criança, inclusive cognitivo", afirma.
O ideal
seria fornecer o alimento disponível nos bancos de leite, mas a demanda,
geralmente, é para bebês prematuros que estão em tratamento intensivo, diz a
especialista.
O mais
recomendado, então, são as fórmulas infantis, nada de leite de vaca. "Por
ser extremamente rico em proteínas, a ingestão do leite de vaca pode provocar
diversos distúrbios no sistema gastrointestinal da criança, que ainda não está
preparada para digerir tal alimento", diz a nutricionista Joanna Carollo.
A
amamentação em horários regulares só é aconselhável quando o bebê é prematuro,
não chora quando está com fome ou tem dificuldades para mamar.
Nos
demais casos, em que a criança é saudável e não há problemas, Elsa recomenda a
amamentação por livre demanda, ou seja, sempre que o bebê pedir.
Agora,
o que na verdade não é uma opção, principalmente do ponto de vista da saúde
pública, é a amamentação cruzada, ou seja, quando outra mulher, que não a
própria mãe, amamenta o bebê.
"É
contraindicada devido ao risco de passar doenças infecciosas, tanto para o bebê
quanto para a mulher", explica Elsa. A amamentação cruzada só é aceitável
em casos excepcionais, como quando bebês são encontrados em situações críticas
e não têm a mãe por perto.
Estimulação.
Algumas mães usam técnicas para estimular a produção de leite. Thaís Fersoza
comenta que tomava chás, mas Elsa diz que não há comprovação científica sobre a
eficácia de qualquer bebida ou alimento para aumentar a produção do leite
materno. "Tem muita crença e teoria. Só o fato de a mulher acreditar que
vai melhorar, a confiança dela aumenta e pode influenciar positivamente",
diz.
Outra
opção citada pela atriz é a relactação. Elsa explica que essa é uma técnica
utilizada quando a mulher parou de amamentar e quer voltar. Por meio de uma
sonda flexível, com uma ponta conectada a um recipiente com leite e a outra no
mamilo da mãe, o bebê suga o leite artificial ao mamar no peito.
A
especialista dá algumas dicas que podem aumentar a produção de leite:
-
Amamentar muitas vezes ao dia: quanto mais o bebê mama, mais leite será
produzido.
- Fazer
massagem na mama;
- Fazer
compressas mornas;
-
Repousar sempre que possível. Quando a mulher dorme, o nível de prolactina
aumenta, que é o hormônio que induz a produção do leite;
-
Ingerir líquidos, mas não tomar água em excesso, apenas o suficiente para
saciar bem a sede;
- Ter
uma boa alimentação;
- Não
fumar.
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