FONTE: Cintia Baio, Colaboração para o UOL (http://noticias.uol.com.br).
Dormir por longos períodos, em uma
posição confortável e em um lugar quentinho é privilégio de poucos bichos.
Muitos dormem em pé ou voando, com um olho aberto e outro fechado, passam
longos períodos acordados ou apenas tiram pequenos cochilos durante o dia.
Esse tipo de sono, pouco tranquilo
para os padrões humanos, acontece porque tais animais, na maioria das vezes,
vivem em ambientes cercados de predadores (o que requer atenção redobrada) ou
precisam voar por milhares de quilômetros, como é o caso de algumas aves, como
as fragatas. O jeito, então, é se adaptar.
Dormindo em pé.
As girafas, por exemplo, estão no
time dos animais que dormem em pé. Seu período de sono não passa de duas horas
por dia, divididos em cochilos de 20 minutos em média. A
"relaxadinha", na maioria das vezes, acontece em pé justamente para
facilitar a fuga caso algum predador apareça.
Os cavalos e zebras também têm o
costume de dormir em pé na maior parte do tempo. Isso é possível por causa
de ligamentos especiais nas pernas que fixam as articulações, impedindo de
dobrá-las durante o sono, garantindo um baixo gasto de energia.
Meio acordado, meio
dormindo.
Alguns animais conseguem dormir em pé
por ter um comportamento de sono diferente, conhecido como "descanso
unilateral do cérebro". Como o próprio nome já diz, enquanto o corpo
descansa, uma parte do cérebro continua ativa. É isso que mantém, por
exemplo, as aves equilibradas em galhos ou fios enquanto dormem.
O descanso unilateral do cérebro é
observado em outras espécies, como golfinhos e leões marinhos e outros
répteis, como o crocodilo, que são capazes de dormir com os olhos abertos
para fugir de predadores e também para não se perderem do grupo.
Não param nem para
dormir.
Agora, como alguns pássaros com
comportamento migratório, como os albatrozes e fragatas, conseguem dormir se
passam tanto tempo voando? No caso dos albatrozes, as viagens duram até seis meses.
Uma pesquisa feita por cientistas
alemães do Instituto Max Planck de Ornitologia na Baviera, Alemanha, em 2016,
concluiu que as fragatas conseguem dormir mesmo durante o voo. Os cochilos
não passam de cinco segundos por vez e totalizam pouco mais de 40 minutos
por dia.
Em alguns momentos, elas dormem com
um hemisfério cerebral acordado e em outros dormem nos dois hemisférios. Além
do sono unilateral, as fragatas se beneficiam das correntes de ar para planar,
o que garante um voo com um gasto pequeno de energia e a possibilidade de tirar
tais cochilos.
E como os peixes
dormem?
Sem pálpebras, esses bichos não têm
como fechar os olhos. Assim, ao descansar, os peixes permanecem
aparentemente imóveis com movimentos muito lentos das nadadeiras.
Inclusive os tubarões, que antes eram
conhecidos como animais que nunca dormiam, agora já se sabe que eles têm
períodos de descanso.
Mas todos os
animais dormem?
Até agora, os cientistas sabem que o
sono é responsável não só por reparar o cansaço do corpo, mas também para
ajudar na organização das atividades neuronais, entre elas o rearranjo da
memória. A partir daí, deduzem que todos os animais passam por períodos de
descanso.
Em insetos e crustáceos, os métodos
de sono são pouco conhecidos, mas sabe-se que eles apresentam momentos de baixo
ou nulo movimento, normalmente associados ao comportamento de reclusão. As
moscas, por exemplo, passam por ciclos de sono de 3 horas, em média.
Especialistas consultados: Sérgio N.
Stampar, professor do Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática da Unesp;
Carlos Alberts, professor de zoologia e comportamento animal da Unesp.
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