Pelo menos 15% da população
apresenta dificuldades de gerar filhos, segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS).
Pelo
menos 15% da população apresenta dificuldades de gerar filhos, segundo dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS). Fatores como idade, tabagismo e doenças
como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a endometriose são apontadas
com as principais causas da infertilidade.
Porém,
poucas pessoas se atentam para o impacto que a alimentação e o peso podem ter
sobre a saúde reprodutiva. A relação da fertilidade com os bons hábitos
alimentares, bem como com os demais costumes saudáveis, é consenso entre os
médicos especialistas em medicina reprodutiva. Sabe-se que a dificuldade que
muitas mulheres encontram para engravidar pode estar ligada diretamente à má
alimentação e a um estilo de vida sedentário.
Segundo
a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, já em
2013, mais da metade dos homens e mulheres em idade reprodutiva estava acima do
peso recomendado. Além de ocasionar problemas como diabetes, cardiopatias,
hipertensão arterial e depressão, a obesidade pode ainda acarretar disfunção
sexual, infertilidade, perdas gestacionais e outras complicações da gravidez.
“Manter
uma dieta adequada ajuda a regular hormônios e a combater os radicais livres
afetando diretamente na qualidade da ovulação aumentando assim, as chances de
gravidez e ainda preparando o corpo da mulher para receber uma gestação e até
mesmo evitar abortos”, explica o médico especialista em reprodução assistida,
Daniel Diógenes.
Mas
não são apenas as mulheres que devem prezar pela saúde alimentar quando o casal
planeja ter um filho. Os homens também precisam seguir uma dieta equilibrada e
buscar manter o Índice de Massa Corporal (IMC) indicado, pois ambos fatores
influem na qualidade de produção de espermatozoides.
Impactos
Uma
pesquisa feita por estudiosos franceses da Universidade de Paris Descartes e
publicada em 2014 na Fertility and Sterility, publicação mensal da Sociedade
Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), demonstrou que, em homens, quanto
maior o peso, menor o volume de sêmen, a quantidade de espermatozoides e pior a
movimentação deles. O estudo foi realizado analisando 10 mil homens. A taxa de
azoospermia, ou de ausência de espermatozoides na ejaculação, era 9,1 % maior
em obesos.
Além
disso, a pesquisa também apontou que o sêmen de homens obesos apresentava uma
qualidade inferior ao de homens com níveis normais de IMC. Outros estudos mais
recentes demonstram também que a obesidade pode estar associada a uma menor
quantidade de testosterona (o hormônio masculino) e a um maior dano ao material
genético do espermatozoide, fatores que interferem para piorar ainda mais a
fertilidade.
Embora
não se compreendam completamente os mecanismos que ligam o excesso de peso à
infertilidade, é possível constatar também que, nas mulheres, os distúrbios
hormonais sejam os principais causadores, com repercussões sobre a ovulação.
Recentemente, a obesidade foi destacada também como um fator isolado para problemas
uterinos, como pólipos.
A
obesidade pode estar relacionada ainda com a diminuição das taxas de sucesso
até mesmo em tratamentos de reprodução assistida. Por isso, recomenda-se aos
casais que queiram iniciar os processos de fertilização in vitro (FIV), a
mudança dos hábitos alimentares e a busca por um estilo de vida mais saudável.
Vilões.
Especialista
em reprodução assistida, Daniel Diógenes explica que o consumo de álcool,
associado ao excesso de peso e ao tabagismo influencia negativamente a
concentração e a movimentação dos espermatozoides, sendo um dos principais
vilões da fertilidade masculina, ao contrário do que é observado pelo alto
consumo de frutas, cereais e vegetais que, por conterem minerais e vitaminas
antioxidantes, influenciam positivamente a concentração e a motilidade
espermática.
O
café, bem como demais alimentos e bebidas que contenham cafeína, também são
representados como fator de risco real para atraso em se atingir uma concepção
naturalmente, além de influenciar negativamente as taxas de fertilização em
ciclos de fertilização in vitro. O consumo de alimentos gordurosos, como carnes
vermelhas, leite e derivados está relacionado às piores taxas de gravidez e
implantação embrionária. Segundo Daniel, isso se deve provavelmente à presença
de esteroides anabolizantes presentes na gordura destes alimentos.
Portanto,
o recomendado para casais que recorrem aos métodos da reprodução assistida é
que conste na alimentação de ambos, o consumo elevado de antioxidantes e
micronutrientes, seja na dieta ou por meio de suplementação, para poder ter
reflexos positivos nas taxas de gravidez.
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