Uma mulher parisiense está
processando o governo francês por "danos provocados a sua saúde" pela
poluição do ar e quer uma indenização de 140 mil euros (cerca de R$ 514 mil).
Clotilde Nonnez, uma professora de
ioga de 56 anos, diz ter vários problemas respiratórios desenvolvidos durante
os mais de 30 anos em que morou na capital francesa.
E que se tornaram mais agudos em
dezembro do ano passado, quando Paris teve níveis recordes de poluição.
"Estamos responsabilizando o
Estado porque acreditamos que os problemas médicos vividos pelas vítimas da
poluição são resultado da falta de ação por parte das autoridades", disse
o advogado de Nonnez, François Lafforgue, ao jornal Le Monde.
Lafforgue citou estatísticas para
alegar que a poluição do ar mata 48 mil pessoas por ano na França.
A iniciativa de Nonnez não é isolada.
Segundo a mídia francesa, outras ações judiciais são iminentes em diferentes
cidades do país, como Lyon e Lille.
Paris há anos sofre com os altos
índices de poluição do ar, e as autoridades municipais têm instituído uma série
de leis para tentar combater o problema. Um exemplo é a multa para carros que
não apresentem um adesivo atestando que passaram em um teste de baixas emissões
- o "Crit'Air".
Diversos setores da capital francesa
têm restrições ao uso de carros. Um trecho de 3 km da Margem Direita do rio
Sena foi convertido em via exclusiva para pedestres.
Apesar de o ar na cidade ter quase o
dobro de partículas finas em suspenso no ar (as chamadas PM2.5) do que o índice
máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Paris está longe de
ser a mais poluída da Europa.
Segundo dados da OMS, o ar é bem mais
perigoso em cidades da Macedônia, Bósnia e Herzegovina, Polônia e Hungria. Na
Europa Ocidental, cidades como Nápoles, Mônaco, Turim, Brescia e Barcelona
apresentaram índices de poluição maiores que Paris neste ano.
Nonnez diz que teve uma vida
saudável, inicialmente como dançarina e depois professora de ioga, mas que
passou a sofrer de problemas respiratórios, da asma crônica a pneumonia. Em
dezembro, ela diz ter sofrido um ataque de pericardite - inflamação da membrana
que envolve o coração.
"A médica que cuidou de mim
disse que o ar de Paris está tão poluído que está apodrecido. Ela tem outros
pacientes no meu estado, incluindo crianças e bebês. Meu cardiologista diz o
mesmo", explicou ela ao site de notícias France Info.
No Reino Unido, um grupo de asmáticos
vivendo em Londres procurou advogados e, segundo o jornal Guardian,
prepara uma grande ação judicial para pedir indenizações. Segundo estatísticas
oficiais, 23 dos 28 países da União Europeia têm índices de contaminação do ar
acima do limite.
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