FONTE: *** Heloísa Noronha, Colaboração para o UOL, (http://estilo.uol.com.br).
Tem gente que adora dar pitacos na maternidade
alheia -- se a mãe for de primeira viagem, então, pior ainda! E, além de não
solicitados, alguns palpites e conselhos são furados, antiquados e só confundem
ainda mais a cabeça da mulher que precisa de paz e sossego para cuidar de um
recém-nascido. A amamentação é mesmo um tema ainda rodeado por mitos --
explicamos se os mais comuns conferem ou não.
1. Algumas mulheres têm leite
fraco.
Isso não existe: o que pode haver é erro na forma
de amamentar e variações anatômicas, como mamilo invertido. Cirurgias plásticas
podem dificultar a mamada, mas não é impossível amamentar mesmo nessas
situações. Às vezes, as mães consideram seu leite fraco porque o comparam com o
leite de vaca, mais denso e consistente. E quando a criança toma mamadeira
parece que dorme mais e demora para ter fome, mas isso ocorre porque a digestão
é mais lenta. O leite da mãe é o ideal e o único com anticorpos que protegem a
saúde do bebê.
2. Não deixe o bebê dormir no
peito, senão ele acostuma.
Um recém-nascido precisa se sentir protegido e
acalentado, então dormir amamentando não é ruim. Além disso, muitos soltam o
seio depois que adormecem. Já crianças maiores, com mais de 1 ano, devem ser
desacostumadas, principalmente porque precisam escovar os dentes para evitar
cáries.
3. Quem faz cesárea sofre mais
para amamentar.
Independentemente do tipo de parto, todas as
mulheres conseguem amamentar sem sofrer. Algumas posições são mais
confortáveis, como a mamada invertida: o corpo do bebê fica na lateral do corpo
e embaixo do braço da mãe, que deve estar apoiado em um travesseiro ou
almofada. O corpo do bebê precisa estar alinhado, a cabeça e coluna em linha
reta, no mesmo eixo, e a boca de frente ao bico do peito para que ele posso
abocanhar, ou seja, colocar a maior parte da aréola (área escura e arredondada
do peito) dentro da boca. Essa é uma posição boa se você submeteu à cesárea,
pois não comprime a barriga dolorida.
4. O bebê deve mamar a cada duas
horas para ganhar peso.
O ideal é que a criança mame em livre demanda,
principalmente quando é recém-nascida. Não se deve estabelecer intervalos: o
bebê pode querer mamar de duas em duas horas, de três em três, ou até variar. O
mais importante é deixá-lo esvaziar bem o primeiro peito, ou seja, deixar mamar
até se soltar para que consiga retirar o leite do final da mamada, rico em
gordura. Se necessário, ofereça o outro. Assim, ele vai ganhar peso e crescer.
5. Amamentar deixa os seios
caídos.
Não mesmo. As mamas podem crescer na gestação e nos
primeiros dias após o nascimento do bebê, quando o leite desce. Com o passar do
tempo, vão diminuir, e com a interrupção da amamentação voltarão ao tamanho
original. Isso não tem nada a ver com flacidez. Toda mulher terá flacidez nos
seios, se amamentar ou não, pois a elasticidade da pele diminui com o passar
dos anos.
6. Quando a mulher volta a
trabalhar, o leite seca.
Com alguns cuidados, não seca. Amamente com
frequência quando estiver em casa, inclusive à noite, quando a produção de
leite é mais estimulada. Quando voltar ao trabalho, a mulher deverá esvaziar as
mamas durante o expediente e armazenar o leite em local adequado. Ele pode ser
retirado manualmente ou com uma bombinha, armazenado em pote de vidro com tampa
plástica esterilizado, em geladeira por 12 horas ou no congelador por 15 dias.
Depois, é só aquecê-lo em banho-maria com fogo desligado antes de dar para o
bebê.
7. Canjica e cerveja preta
aumentam a produção de leite.
Não há comprovação científica de que esses
alimentos tenham esse poder. Para aumentar a produção de leite, você deve
amamentar o bebê sempre que ele quiser (livre demanda), inclusive à noite,
beber três litros de água por dia e descansar quando o pequeno dormir.
*** Fontes: Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra, neonatologista e membro da SBP
(Sociedade Brasileira de Pediatria) e Patricia Scalon, consultora e enfermeira
do GAAM (Grupo de Apoio de Aleitamento Materno) da Maternidade São Luiz Itaim,
de São Paulo (SP).
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