FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Cerca de 95% das pessoas terão,
no mínimo, uma crise de enxaqueca ao longo da vida. No entanto, há muitas
dúvidas sobre o que realmente desencadeia a enxaqueca. Conheça abaixo dez mitos
e verdades sobre as causas da enxaqueca, listadas pelo neurologista, doutor
em ciências pela Unifesp, membro da Academia Brasileira de
Neurologia, pós-doutor pela University of British Columbia, no Canadá, e médico
pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein, André Felicio.
Verdade
Caracteristicamente, a enxaqueca é muito
mais frequente em mulheres do que homens justamente porque nelas, as flutuações
hormonais, em uma pessoa suscetível, servem como fator desencadeante e
agravante da dor. Durante a gestação, entretanto, a grande maioria das mulheres
experimenta um alívio das suas crises, em particular, no segundo e terceiro
trimestres.
2 - A enxaqueca é sempre
hereditária?
Mito
Embora existam casos de enxaqueca
claramente familiares, como a conhecida e rara síndrome da enxaqueca
hemiplégica familiar, é comum
que indivíduos desenvolvam episódios de enxaqueca, esporádicos ou crônicos, sem
que existam membros na família com uma dor semelhante.
3 - Toda dor de cabeça que
pulsa ou lateja é uma enxaqueca?
Mito
De acordo com os critérios diagnósticos
para enxaqueca, o fato de a dor ser pulsátil ou latejante reforça tratar-se
desta síndrome. A questão é que é perfeitamente possível que um indivíduo tenha
enxaqueca e sua dor não seja pulsátil, apresentando, porém, outras
características da enxaqueca, por exemplo, sintomas de um
lado só da cabeça, intensidade da dor moderada a forte e piora com exercício ou
atividade física.
Verdade
Existem alimentos que caracteristicamente
estão associados à enxaqueca, por exemplo, queijos amarelos e outros derivados
do leite, produtos enlatados, molho vermelho, bebidas alcoólicas, etc. Cabe
ressaltar que esta lista de alimentos pode desencadear dor em alguns indivíduos,
mas não em outros, ou seja, existem variações individuais.
Verdade
A toxina botulínica já é um tratamento
previsto em bula para a prevenção da enxaqueca, forma crônica, na qual os
pacientes já fizeram medidas terapêuticas sem sucesso. Os resultados são muito
bons, mas este tratamento deve ser indicado corretamente, porque não servirá
para a grande maioria dos pacientes com a forma episódica ou crônica responsiva
à profilaxia.
6 - A enxaqueca só acontece
em adultos?
Mito
A enxaqueca pode ocorrer em qualquer
faixa etária, por exemplo, crianças e adolescentes, quando é mais comum em
meninos que meninas, e pode ocorrer pela primeira vez em indivíduos acima de
60 anos. Esta, entretanto, não é uma situação comum e, normalmente, o médico
responsável sugere investigação complementar por imagem, a fim de excluir
outras causas potencialmente mais graves e que iniciam na terceira idade.
7 - Os exames de tomografia
ou ressonância de crânio fazem o diagnóstico da enxaqueca?
Mito
Nenhum exame complementar faz diagnóstico
de enxaqueca. Aliás, não é necessário qualquer exame de imagem do cérebro para
diagnosticar esta síndrome. Existem indicações muito claras para solicitação de
exames complementares na investigação de cefaleia, mas normalmente isto se deve
a alguns sinais de alarme, com os quais o médico fica atento, para investigar
situações específicas.
8 - Muito remédio para dor
de cabeça (enxaqueca) provoca mais dor de cabeça?
Verdade
Existem diversas estratégias para tratar
a enxaqueca, mas uma das principais é cortar o uso excessivo, muitas vezes
abusivo, dos analgésicos. Isto perpetua um ciclo vicioso de sensibilização
periférica e central, leva a efeito rebote e auxilia a perpetuar a enxaqueca.
9 - Existe enxaqueca sem
dor?
Verdade
Esta é uma situação incomum e curiosa.
Sabemos que uma minoria dos indivíduos com enxaqueca pode desenvolver um tipo
especial, conhecida por enxaqueca com aura. Este fenômeno nada mais é que um
sinal neurológico focal que normalmente antecede a dor, como por exemplo, a
aura visual, na qual o indivíduo tem alterações visuais e só depois de 10 a 15
minutos desenvolve a crise propriamente dita. Ocorre que pouquíssimos
indivíduos que têm enxaqueca com aura podem desenvolver algumas crises com
aura, mas, acredite se quiser, sem a enxaqueca, a conhecida aura sem enxaqueca,
uma situação na qual só existem os sintomas neurológicos focais (escotomas
cintilantes, por exemplo) sem dor.
10 - Não existem medicações
específicas para o tratamento da crise de enxaqueca?
Mito
Há, pelo menos, duas classes de
medicações utilizadas em nosso meio e que são específicas para o tratamento das
crises agudas de enxaqueca: os ergotamínicos e triptanos. São remédios com
diferentes ações farmacológicas, mas, de maneira geral, promovem vasoconstrição
cerebral. Uma vantagem dos triptanos é que, além da tradicional via oral,
existem formulações sob a forma de spray nasal e injeção subcutânea.
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