FONTE: Gabriela Guimarães e Rita
Trevisan, Colaboração para
o UOL
(http://estilo.uol.com.br).
Estabelecer uma conexão profunda com o par,
aplicar técnicas de massagem que estimulam o corpo todo ou simplesmente
desencanar do orgasmo – colocando o foco no processo e não no objetivo a ser
alcançado – são alguns dos segredos dos praticantes para atingir vários
orgasmos seguidos, com ondas de prazer que podem durar horas.
Multiorgasmos e ondas de prazer que podem durar horas.
Conheço a prática há mais de dez
anos, já fiz três vezes o treinamento multiorgásmico para casais, em um centro
especializado. No começo, a experiência foi difícil, pois o primeiro exercício
é olhar no olho do parceiro e, nesse momento, muitos medos e ansiedades surgem.
Mas, com o tempo, o sexo tântrico foi nos conectando mais e mais. A grande
diferença entre a prática e o sexo tradicional é que você não tem o objetivo
único de ejacular. O objetivo é conectar-se com a outra pessoa em um nível mais
profundo. Isso permite que o casal tenha multiorgasmos e ondas de prazer que
podem durar horas. Durante o sexo tântrico, sinto prazer quando sou tocada em
várias partes e não apenas nos genitais e, no orgasmo, meu corpo todo vibra,
porque está estimulado. É claro que não dá para fazer sempre, porque o ritual
completo pode durar de três a cinco horas. Mas é possível aplicar algumas
técnicas a cada vez que se faz amor, para ter uma experiência mais plena em
todas as relações sexuais. (Renée Marie Adolphe, 42 anos, psicóloga)
Orgasmo
é intenso e indescritível.
A proposta é explorar todas as
possibilidades de prazer entre um casal, desde experiências olfato-gustativas
(onde o cheiro tem um papel central), até a exploração do tato por toda a
extensão do corpo, culminando com manobras genitais. Eu e minha mulher
conhecemos a prática em um curso de massagem, em 2013. Depois, participamos de
vários workshops em um centro especializado em tantra. Com isso, acabamos
ressignificando várias práticas que a gente já conhecia, como a própria
penetração. No sexo tântrico, o prazer é muito maior, como também é muito mais
profunda a conexão e a sintonia que se estabelece entre o casal. É possível
sentir a energia vibrando no corpo do seu parceiro. Para nós, o ponto alto do
sexo tântrico é a penetração passiva, quando o homem fica sem se movimentar e a
estimulação do pênis ocorre por meio dos movimentos involuntários dos anéis
vaginais. Assim, o casal chega junto a um orgasmo intenso e indescritível.
(Milson Filho, 48 anos, economista)
Há
a percepção do corpo e dos sentidos.
O amor tântrico é diferente da
experiência da sexualidade atrelada à fantasia e ao erotismo. Ele traz uma
proposta de ampliação da percepção do corpo e dos sentidos, que torna a
experimentação da intimidade entre o casal mais humana e muito mais
satisfatória. Eu e meu marido começamos a estudar a prática em 2005 e ainda
continuamos nosso processo de desenvolvimento, pois o tema é vasto. A principal
diferença do sexo convencional para o tântrico é que, no segundo, não há
pressa. Ambos os envolvidos não querem desesperadamente chegar a algum lugar,
não querem acabar logo. Além disso, o que descobrimos em nossas pesquisas é que
o orgasmo é um fenômeno que não está restrito ao pênis ou a vagina. No
trabalho, há técnicas que despertam e expandem a bioeletricidade corporal,
linkando todas as cadeias musculares ao reflexo orgástico. A experiência se
torna mais intensa e duradoura, porque todo o corpo sente. É comum experimentar
orgasmos de 20, 30, 50 minutos ou mais. (Patrícia Agra, 29 anos, terapeuta)
O
orgasmo não fica restrito à vagina e clitóris.
Para mim, o sexo tântrico é um estado
de presença. É uma prática que me conecta com a minha própria energia sexual.
Minha primeira experiência com o tantra foi com a massagem, em 2015, e foi
muito reveladora. Pude perceber o quanto de bloqueios havia em mim e o quanto
eu podia me libertar e me empoderar por meio da minha energia sexual. Foi uma
verdadeira explosão de sensações, que eu jamais imaginei que pudesse sentir. No
sexo tântrico experimento todo o meu corpo de uma forma incrivelmente
prazerosa, o orgasmo não fica restrito à região genital. No sexo tradicional,
geralmente ocorre um ou dois picos de prazer e há uma baixa imediata da
energia. No tantra, ocorrem diversos picos e a energia aumenta a cada pico
atingido. Mas a questão da duração é relativa, tudo vai depender do grau de
conexão e sintonia entre os parceiros. O que realmente importa é o estado de
presença, que pode fazer um breve instante durar uma eternidade. (Roberta
Oliveira, 33 anos, advogada)
É
preciso muito treino.
Conheci a prática em um curso que
fiz, em 2009. Comecei a testar no mesmo ano e posso garantir que ainda não
consegui chegar a todas as possibilidades que ela oferece. Devo dizer, no
entanto, que a minha primeira experiência foi um desastre. Minha mente
ocidental e adaptada aos filmes eróticos e a modelos totalmente errados de sexo
não me ajudou em nada nesse primeiro contato. Mas não desisti e continuei minha
busca. Com isso, fui me desenvolvendo e, no processo, cheguei a praticar por
nove horas. No sexo tântrico, um parceiro sente o outro em sua totalidade.
Quando existe penetração, ela não tem aqueles movimentos que os homens estão
acostumados, os movimentos são sempre muito leves e lentos. Aproveitamos todo o
caminho, sem nos preocuparmos com o destino. No caso do homem, como não há
ejaculação ligada ao orgasmo, é possível experimentar o prazer por muito mais
tempo. No caso das mulheres, os orgasmos são mais longos e intensos porque não
são apenas clitorianos. (Daniel Carletti, 38 anos, terapeuta).
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