FONTE: Helena Bertho, do UOL, em São Paulo (http://estilo.uol.com.br).
Andou comendo ou bebendo demais, ganhou uns quilos?
Para muita gente, fazer uma dieta detox é uma saída para "limpar" o
organismo. Mas alerta: nem sempre elas têm resultado e, ainda por cima, podem
até fazer mal.
"Alguns órgãos no nosso corpo, como o fígado e
rins, que são responsáveis por livrar o corpo de toxinas. E existem alimentos
que podem ajudar o metabolismo e esses órgãos a funcionar melhor, mas as
chamadas dietas detox vão no caminho contrário e podem trazer riscos à saúde
pois são extremamente restritivas, levando à perda de massa muscular e
nutrientes importantes", explica a nutricionista Lara Natacci, membro da
Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.
Ela e a médica nutróloga do hospital Albert
Einstein, Andrea Pereira, analisaram alguns dos detox mais populares e os
prejuízos que eles podem trazer à saúde.
Confira:
1 - Detox com efeito laxante.
O detox da limpeza da vesícula e do fígado é
baseado em um livro de um médico alemão, prometendo eliminar de forma natural
as pedras da vesícula. O procedimento dura uma semana, envolvendo cinco dias de
alimentação sem produtos de origem animal e com consumo de suco de maçã,
seguidos de jejum nos dois últimos dia e apenas a ingestão de sulfato de
magnésio combinado com altas quantidades de azeite e limão para provocar
diarreias. Para ambas as especialistas, usar substâncias laxativas por conta é
algo extremamente perigoso. "Isso irrita a mucosa intestinal e provoca
inflamação, aumentando os riscos de câncer", diz Andrea Pereira. Ela
completa: "Além disso, pode levar à desidratação, que é muito
nociva". O uso indiscriminado de laxantes também altera a microbiota intestinal,
e como resultado, desregula o funcionamento do intestino.
2 - Detox da Ayuverda com indução
de vômito.
A Panchakarma, detox da Ayuverda, é um tratamento
da medicina oriental que tem como objetivo eliminar toxinas e reestabelecer o
equilíbrio do corpo. É baseado em cinco passos: vômitos, diarreia, enema
(lavagem do intestino), limpeza nasal e limpeza do sangue (através da retirada
de um pouco de sangue ou de chás). "Provocar vômito nunca é saudável,
nosso esôfago e nossa boca não estão preparados para receber o ácido do
estômago, além de poder estimular diversos distúrbios alimentares", diz
Andrea sobre a prática. Ela também considera a diarreia arriscada, como
explicado antes, e acredita que o enema não tem efeito de desintoxicação.
"Quando você evacua, elimina tudo que está no intestino. Não ficam toxinas
retidas ali".
3 - Dieta a base de líquidos.
Passar um período, mesmo que poucos dias, ingerindo
apenas sucos ou sopas pode levar à deficiência de nutrientes importantes para o
corpo. "Além disso, a mastigação é importante, ela dá saciedade e estimula
o intestino a funcionar", reforça Andrea. E uma pesquisa da Universidade
Federal de Viçosa ainda mostrou que a dieta líquida pode fazer com que você
coma ainda mais colorias depois, tendo o efeito contrário da desintoxicação.
4 - Só limão e água por três dias.
Queridinho de quem está querendo se cuidar e
emagrecer, o limão é benéfico para a saúde, pois tem vitamina C e fibras, mas
passar vários dias ingerindo apenas ele é perigoso. "Ele não tem tudo que
o corpo precisa, pode levar a perda de massa muscular" diz Lara,
explicando que é comum que o corpo, após perder músculos, recupere o peso em
forma de gordura e isso é prejudicial. Ela também lembra que o limão pode fazer
mal para o estômago de algumas pessoas.
5 - Fazer jejum por conta própria.
O resultado do jejum, durante um
ou mais dias, pode ser exatamente o contrário. "O corpo precisa de
alimentos para exercer suas funções. Se você não come, seu organismo vai tentar
compensar e pode trabalhar até de forma mais lenta", diz Lara Natacci. Ela
ainda reforça que o jejum pode levar à hipoglicemia, com mal-estar, tontura e
desmaios. "Se for uma pessoa mais velha ou com alguma doença, pode levar
ao coma", completa Andrea Pereira. Alguns médicos recomendam o método do
jejum intermitente associado à uma alimentação equilibrada para alguns perfis
de pacientes, como aqueles que tem resistência à insulina, mas nesse caso é o
profissional de saúde que deve orientar o paciente.
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