FONTE: Daniel Isaia, da Agência Brasil (redacao@correio24horas.com.br), CORREIO DA BAHIA.
Cientistas
verificaram que os pacientes medicados com diurético apresentaram redução de quase
45% no desenvolvimento de pressão alta.
Uma
pesquisa científica de âmbito nacional coordenada por pesquisadores do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) mostrou que o tratamento contra a pressão
alta é mais eficaz quando iniciado na fase de pré-hipertensão. O estudo,
batizado de Prever Prevenção pelos pesquisadores, contou com a participação de
31 cientistas de 11 estados brasileiros e dos Estados Unidos.
A
primeira parte da pesquisa foi realizada com pacientes que registraram pressão
arterial entre 120/80 milímentro Hg (mmHg) e 139/89 mmHg, ou seja, na fase de
pré-hipertensão. Em um primeiro momento, eles receberam orientações e suporte
para modificar a alimentação e praticar exercícios físicos com regularidade.
“Se
a pessoa não reduzisse a pressão em três meses, tendo esse apoio, tendo esse
material ilustrativo, ela era então convidada para participar do estudo
propriamente dito”, explicou uma das coordenadoras da pesquisa, Sandra Fuchs,
professora de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
pesquisadora do HCPA.
Os
pacientes pré-hipertensos foram, então, divididos em dois grupos. O primeiro
grupo foi medicado com meia dose diária de um diurético composto por
clortalidona e amilorida, enquanto o segundo recebeu um comprimido de placebo
por dia. Os pesquisadores, então, realizaram avaliações trimestrais com os
participantes para aferir a pressão arterial e avaliar possíveis aumentos ou
reduções da dosagem, de acordo com a evolução do quadro de cada um.
Ao
fim dos 18 meses, os cientistas verificaram que os pacientes medicados com
diurético apresentaram redução de quase 45% no desenvolvimento de pressão alta,
em comparação com aqueles que receberam o placebo. “Quase metade deixou de se
tornar hipertenso porque tomou esse medicamento em baixa dose”, ressaltou
Sandra.
Outro
resultado verificado nessa primeira parte do estudo foi a redução da massa
ventricular do coração nos pacientes que receberam clortalidona e amilorida. O
aumento de massa é uma reação fisiológica do coração ao aumento da pressão
sanguínea. “Com o tempo, passa a ser patológico. Aí se inicia o desenvolvimento
de doenças cardíacas”. Essa redução de massa não foi verificada em pacientes
medicados com placebo.
A
professora Sandra Fuchs acredita que os resultados do estudo deveriam servir de
base para mudanças nas diretrizes nacionais de tratamento da hipertensão. “Não
podemos mais aceitar que um sujeito com 135 mmHg seja mandado para casa sem
nenhum medicamento, apenas com orientações para mudanças no estilo de vida”, afirmou
a pesquisadora. Ela ressaltou que a pressão alta é a maior causa de morte em
todo o mundo. “O tratamento na fase de pré-hipertensão certamente salvaria
muitas vidas”, completou.
Pacientes hipertensos.
A segunda etapa da pesquisa foi feita com pacientes que já se encontravam na fase de hipertensão, ou seja, com pressão arterial acima de 140/90 mmHg.
A segunda etapa da pesquisa foi feita com pacientes que já se encontravam na fase de hipertensão, ou seja, com pressão arterial acima de 140/90 mmHg.
Os
voluntários foram divididos em dois grupos pelos pesquisadores. O primeiro
grupo foi tratado com o mesmo medicamento do estudo anterior, composto por
clortalidona e amilorida, enquanto o segundo recebeu o diurético Losartana,
fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde a pessoas com hipertensão.
Os pacientes também foram avaliados a cada três meses pelo período de 18 meses,
como na primeira fase do estudo.
Ao
fim do período, os participantes do primeiro grupo apresentaram redução de 2,3
mmHg na pressão sistólica em comparação com o segundo grupo. Além disso, os
voluntários que receberam Losartana precisaram de doses maiores da medicação
para controlar a pressão arterial.
“A
hipertensão é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doença
cardiovascular. Por isso, é importante saber qual o medicamento que funciona
melhor para baixar a pressão do paciente”, ressaltou a professora Sandra Fuchs.
Segundo ela, o diurético feito à base de clortalidonia e amilorida é um
medicamento de baixo custo, mais barato que a Losartana.
A
pesquisadora, no entanto, disse que respeita a autonomia e a convicção dos
médicos para prescrever medicamentos. “O que o nosso estudo faz é trazer novas
informações que não estavam disponíveis e, a partir disso, as pessoas têm de
reconhecer que a pesquisa, sendo válida, está mostrando qual é o tratamento que
funciona melhor”, explicou.
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