A insônia foi alvo de debate no congresso da Sociedade
de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), o maior do Brasil. Durante uma apresentação de quase
duas horas sobre o impacto da saúde mental no coração, o psiquiatra Kalil
Duailibi, da Universidade Santo Amaro, fez questão de ressaltar a importância
de receitar boas noites de sono para evitar que os pacientes sofram com infarto
e mesmo AVC, o popular derrame.
SAÚDE
esteve presente nesta aula. E pinçou para você grandes motivos apontados por
Duailibi — corroborados por outros especialistas — que explicam o porquê dessa
associação negativa. Confira:
Hipertensão: dormir menos de cinco horas por noite, acredite, aumenta
em cinco vezes o risco de ter pressão alta, um dos principais fatores de risco
para o infarto. Por quê? Além do estresse, os vasos sanguíneos de quem não
consegue se desligar por tempo suficiente ficam mais rígidos.
Obesidade: uma série de estudos mostra que a falta de descanso
estimula a pessoa a comer mais. Pior: ela estimula que o alimento seja estocado
na forma de gordura. Há, por exemplo, pesquisas sugerindo que, mesmo com uma
ingestão idêntica de calorias, os sujeitos com poucas horas de sono tendem a
engordar mais.
Diabetes: Duailibi citou um levantamento com 300 pessoas
completamente saudáveis que, por algumas semanas, foram impedidas de relaxar
adequadamente. Algumas eram acordadas antes da hora, outras tinham de escutar
barulhos ao longo da madrugada…
Após
tanto sofrimento, notou-se que essa turma — que antes apresentava exames
normais — desenvolveu um princípio de resistência à insulina. E esse cenário,
marcado por uma dificuldade de a tal insulina colocar a glicose para dentro das
células, com o tempo abre as portas para o diabetes tipo 2.
Depressão: é uma via de mão dupla, na verdade. Se por um lado esse
transtorno psiquiátrico pode dificultar o adormecer, a insônia mexe com a
cabeça da pessoa a ponto de aumentar o risco de uma tristeza profunda.
Acontece
que os quadros de melancolia moderada ou grave estão cada vez mais associados a
repercussões pelo corpo inteiro. Isso porque substâncias produzidas em maior
escala entre os pacientes deprimidos podem lesar os vasos sanguíneos.
Mais
do que isso, a doença em si faz o sujeito se importar menos com a própria
saúde. Ele para de se exercitar, começa a comer pior, abandona o tratamento de
eventuais doenças… E quem sofre com isso é o coração, literalmente.
Resumo da ópera.
Segundo
Duailibi, essas questões ajudam a entender levantamentos que indicam que,
quanto mais sintomas da insônia águem apresenta, maior a probabilidade de
infarto. Ou seja, é bom levar a sério sinais como dificuldade de concentração,
sonolência diurna e irritação. Dormir não é desperdício de tempo, como muita
gente alega.
E um
último dado para chamar atenção: menos de seis horas de sono aumenta o risco de
morte por qualquer causa. Que tal valorizar o descanso?
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