FONTE: Marcelle Souza, Colaboração para o UOL, em São Paulo, (http://noticias.uol.com.br).
Enquanto uns dormem pesado a noite
toda, outras pessoas costumam despertar com qualquer barulho. Mas o que
diferencia os segundos dos "bons de cama"? Especialistas indicam que
hábitos, genética e algumas doenças, como depressão e ansiedade, são questões
decisivas para ter ou não uma restauradora noite de sono.
"Uma pessoa que não consegue
aprofundar muito o sono ou desperta várias vezes durante a noite pode ter
alguma predisposição genética, problemas emocionais, psicológicos ou hábitos
inadequados", afirma Rosana Cardoso Alves, neurologista e especialista em
medicina do sono.
A médica explica que, de modo geral, um
adulto deve dormir entre 7 e 9 horas por noite, com ciclos de sono
compostos por quatro fases: 1, 2, 3 e REM (sigla em inglês para movimento
rápido dos olhos). Nas três primeiras, o corpo sai do estado de vigília e entra
aos poucos em um processo de desaceleração do metabolismo (temperatura e
batimentos cardíacos caem e a respiração fica mais leve), mas é no REM que
entramos no sono profundo.
É nesta etapa, que dura entre 20% e
25% da noite, em que acontecem sonhos, picos de pressão e de batimentos
cardíacos e descargas de adrenalina.
Sono leve?
O sono que chamamos de leve,
portanto, é o que a medicina entende como a primeira fase, onde há mais chances
de despertar e que deve durar apenas 10% da noite. De acordo com a médica Lia
Bittencourt, especialista da Associação Brasileira do Sono, ficar muito
tempo na etapa de sono leve pode ser sinal de ansiedade ou depressão.
"O depressivo acorda no meio da
noite e fica com pensamentos ruins ou acorda cedo demais", diz.
Os ansiosos, por sua vez, aproveitam
o silêncio das primeiras horas de vigília para pensar nos problemas, planos ou
compromissos do dia seguinte.
Nesses casos, diz Bittencourt, é
importante não usar remédios para dormir, mas procurar um especialista para,
primeiro, tratá-las com psicoterapia e, se necessário, medicamentos para esta
finalidade. "Se não tratarmos a doença, vira um ciclo vicioso, porque
quanto menos você dorme, pior fica a ansiedade e a depressão", diz.
Mudanças de hábito, como levantar e
anotar as ideias para não ficar pensando nelas durante a noite ou fazer
exercícios de relaxamento, também são válidas.
Dormir rápido
também é mau sinal.
Nem sempre "dormir como uma
pedra" é sinal de que está tudo bem. Ficar pouco tempo na fase 1 do sono,
por exemplo, pode indicar que ele não tem sido de qualidade.
Pessoas que deitam e dormem muito
rápido podem estar cansadas e sonolentas porque não dormiram o suficiente na
noite anterior. O normal é custar um pouco a dormir e alternar entre o sono
profundo e o sono leve."
Lia Bittencourt, especialista em
medicina do sono.
Ronco é mau sinal.
De acordo com Alves, outro alerta é
quando a pessoa ronca durante a noite. "Apneia
significa que o indivíduo tem alguma alteração respiratória durante o sono e
isso é uma das causas de sonolência excessiva durante o dia", afirma.
Segundo a ABS, 32,9% dos paulistanos
têm Apneia Obstrutiva do Sono, mas menos de 20% deles têm o diagnóstico da
doença. O problema é que, além de comprometer a sua noite de noite, quem ronca
também costuma atrapalhar outras pessoas de dormir bem.
Quem não dorme direito, seja porque acorda muito à noite, não consegue
atingir o sono profundo ou ronca demais, pode apresentar problemas de
concentração, de memória e queda de desempenho nos estudos e no trabalho.
As especialistas explicam que cumprir
todo o ciclo é um processo importante, já que é durante o sono que acontece a
manutenção do equilíbrio geral do organismo e consolidação da memória, por
exemplo.
Como ter uma noite
bem dormida.
Para quem não consegue descansar
durante a noite, o primeiro passo, segundo as especialistas, é mudar alguns
hábitos. "É importante acertar um pouco a rotina e estabelecer horários
para dormir e levantar, evitar chá preto, café e outros estimulantes à noite,
retirar elementos eletrônicos do quarto e reduzir, na medida do possível, os
ruídos", afirma a médica do Fleury.
Uma hora antes de ir para a cama, as
médicas recomendam a diminuição da luz e dos estímulos visuais, como os de
computadores e smartphones, além de evitar alimentos pesados no jantar.
Praticar esportes pouco antes de ir para a cama ou ingerir álcool também podem
afetar a qualidade do sono.
"Se você perdeu o sono ou está
demorando para dormir, eu recomendo sair da cama e fazer uma atividade
relaxante, como ouvir uma música calma ou fazer meditação. Quando começar a
sonolência, você volta para a cama ", diz Bittencourt. "Ficar ali
acordado vai potencializando o medo de não dormir".
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