De
acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado
na quinta-feira (21), 5% da população mundial consumiu algum tipo de droga
em 2015, o que se traduz em aproximadamente 250 milhões de pessoas, e pelo
menos 190 mil morreram neste mesmo ano por causas diretas relacionadas com
entorpecentes. As informações são da Agência EFE.
O
Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, divulgado hoje em Viena, mostra especial
preocupação pela situação de 29,5 milhões de pessoas que sofrem com transtornos
graves pelo consumo de drogas, incluída a toxicodependência, e que são os mais
vulneráveis.
Só
uma de cada seis pessoas que requer tratamento por estes transtornos recebe
assistência, a maioria nos países desenvolvidos, aponta o reporte elaborado
pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC).
O
número de consumidores de drogas se mantém estável há cinco anos, mas os
responsáveis pelo relatório advertem que o mercado das drogas está se
diversificando com o surgimento de novas substâncias mais potentes e perigosas.
"Aumentou
a situação de risco para a saúde pela diversificação e a potência de novas
substâncias", explicou em uma coletiva de imprensa Angela Me, coordenadora
do relatório.
A
especialista usou como exemplo o fentanil, um analgésico em pó que é até 50
vezes mais potentes que a heroína e que causou numerosas overdoses nos EUA nos últimos anos.
A
maconha é a droga mais consumida, com 183 milhões de usuários em 2015, mas os
opioides, entre eles a heroína, seguem sendo as substâncias mais nocivas e as
que causam mais mortes.
"O
consumo de opioides está associado ao risco de overdose fatais e não fatais, ao risco de
contrair doenças infecciosas (como HIV e hepatite C) devido à prática perigosa
de consumo de drogas por injeção", aponta o relatório.
O
diretor da UNODC, Yuri Fedotov, aponta no relatório que "a nível mundial
foram registradas pelo menos 190 mil mortes prematuras - na maioria dos casos,
evitáveis - provocadas pelas drogas, na maioria atribuídas ao consumo de
opioides."
As
estimativas do relatório sobre mortes são muito conservadoras, como reconheceu
a própria ONU, se levar em conta que só nos EUA houve 52,4 mil mortes por overdose em 2015.
Cerca
de 35 milhões de pessoas consumem opiáceos (substâncias que procedem da
papoula, como heroína e morfina) ou opioides (substâncias químicas de efeito
análogo, como metadona).
Este
grupo de drogas, segundo o relatório, "representaram 70% dos impactos
negativos para a saúde associada com transtornos por consumo de drogas no mundo
todo."
Em
uma situação especialmente arriscada estão as 12 milhões de pessoas que se
injetam opioides como a heroína.
Delas,
"uma de cada oito (1,6 milhões) está vivendo com HIV e mais da metade (6,1
milhões) com hepatite C, enquanto cerca de 1,3 milhão sofrem tanto com hepatite
C como com HIV".
"Geralmente,
morre o triplo de pessoas que consumem drogas por causa da hepatite C (222 mil)
do que pelo HIV (60 mil)", explica o repórter.
Os
consumidores de cocaína chegam a cerca de 17 milhões, os de "ecstasy"
são 21,6 milhões, enquanto os de anfetaminas são calculadas em 37.
O
relatório aponta que há indícios de um maior consumo de cocaína nos EUA e
Europa, os dois maiores mercados, e que aumentaram os casos de tratamento por
consumo desta droga.
O
relatório aponta que as anfetaminas, que são estimulantes sintéticos, são a
segunda causa de tratamento, atrás dos opioides, por transtornos causados pelo
consumo de drogas.
O
texto também mostra que as "novas substâncias psicoativas", das quais
até 2015 eram mais de 700 tipos, podem supor riscos para a saúde porque sua
composição não costuma estar padronizada e pode conter elementos muito nocivos.
Estas
novas substâncias sintéticas imitam os efeitos de certas drogas tradicionais,
como a maconha, e ao ser mais baratas costumam ser mais atrativas para alguns
consumidores.
Além
das mortes, o relatório aponta para a perda de "anos de vida sã"
pelas mortes prematuras e a incapacidade causada pelo consumo de drogas.
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