FONTE:, Fernanda Morelli, (http://www.msn.com).
Se
esticado, o intestino humano atinge até 9 metros de comprimento (o equivalente
a um prédio de três andares). Além de comprido, esse superórgão, que tem como
função primordial extrair os nutrientes dos alimentos e fornecer energia para o corpo, também abriga 500
milhões de neurônios – o que lhe rendeu o apelido de “segundo cérebro”. Neles é
produzida 90% da serotonina, o neurotransmissor responsável pelo bem-estar. E,
para manter tudo isso em ordem, trilhões de microrganismos trabalham na
composição da flora intestinal – aquela que, equilibrada, faz com que o resto
do corpo funcione bem (mas, quando preguiçosa, cria uma bagunça geral).
“A prisão de
ventre acomete cerca de 20%
da população, a maioria mulheres. Pesquisas relacionam essa ligação a questões
hormonais e comportamentais”, afirma o gastroenterologista Fernando Assed, do
Rio de Janeiro.
Alguns
dos sintomas de constipação são: ir ao banheiro menos de três vezes por semana,
sob muito esforço; sensação de não esvaziamento total após a evacuação e desconfortos
abdominais. Ainda que só um médico possa fazer o diagnóstico preciso, algumas
estratégias são comprovadamente eficientes para manter a saúde dessa região.
Prepare-se para colher os benefícios (barriga mais lisa e menos doenças).
De olho no prato.
O fator
que mais interfere na prisão de ventre é a alimentação – por isso mesmo, está nela um dos principais caminhos
para a solução. Não se trata, apenas, de incluir este ou aquele ingrediente no
cardápio diário. “O primeiro passo é desintoxicar o organismo, eliminando o
excesso de pratos gordurosos (como frituras) e de processados e refinados (como
pão e arroz branco)”, orienta a nutricionista Rachel Faria, do Rio de Janeiro.
Planeje
as refeições de forma que consiga incluir o maior número de itens benéficos ao
abdômen: frutas frescas, vegetais escuros e legumes estão no topo dessa lista.
Recomenda-se a ingestão de cerca de 25 gramas de fibras por dia – uma concha de
feijão tem quase 10 gramas. Boas fontes delas são vegetais folhosos (como
alface, brócolis e couve), mamão, ameixa seca, laranja (com bagaço) e grãos
(como linhaça, gergelim, farelo de trigo e granola).
Para
que esses alimentos não causem efeito rebote, congestionando o trânsito
intestinal, beber uma quantidade mínima de água por dia (a Organização Mundial da Saúde recomenda uma média de
2,5 litros) é imprescindível. Para um cálculo individualizado, considera-se
0,04 litro de água por quilo de peso.
Movimento contínuo.
A
prática regular de exercícios (pelo menos 30 minutos por dia) também é fundamental
para o bom funcionamento do intestino. “Mexer o corpo colabora para a
movimentação do trânsito intestinal, aumentando a capacidade do órgão de
realizar os movimentos peristálticos”, diz Faria. Há ainda duas outras
vantagens apontadas por uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, na
Inglaterra: uma maior liberação de fluxo sanguíneo é capaz de otimizar o
funcionamento do organismo como um todo (inclusive do intestino), e o
fortalecimento muscular dá impulso à ação mecânica do órgão.
Para
fins de ganhos específicos para essa região, as atividades mais recomendadas
são pular corda, caminhar, praticar ioga e fazer agachamentos.
Bactérias boas.
Lactobacilos
e bifidobacterium, os
chamados probióticos, são microrganismos que compõem a flora intestinal
(microbiota), facilitam a digestão e reduzem inflamações (que deixam o
metabolismo mais lento). “Quando eles estão em desequilíbrio, abrem espaço para
distúrbios como a constipação, a síndrome do intestino irritável e até doenças
metabólicas e inflamatórias”, alerta a endocrinologista Alessandra Rascovski,
de São Paulo. Por outro lado, quando equilibrados, trazem vários ganhos: “Eles
atuam em nossa imunidade como um todo e até na regulação do armazenamento de
gordura no tecido adiposo”, completa a médica. Essas bactérias “do bem” estão
presentes em leites, iogurtes e no kefir (um probiótico normalmente extraído do
leite).
Ainda
assim, especialistas vêm indicando com cada vez mais frequência a suplementação
com cápsulas ou sachês a quem tem necessidade de ajuda extra. Outro reforço é
feito via ingestão de alimentos considerados prebióticos, que funcionam como
nutrientes dessas bactérias boas (o que ajuda a aumentar a quantidade delas):
fibras e carboidratos complexos, como alcachofra, alho-poró, beterraba, centeio
e integrais em geral.
De corpo e alma.
Toda
a rede de neurônios justifica a enorme influência das emoções no funcionamento
do intestino – não é à toa que um nervosismo se reflete na barriga. “Vergonha de ir ao banheiro em qualquer lugar, comum especialmente
entre as mulheres, também atrapalha o órgão”, lembra Rascovski.
A
questão emocional provoca uma trava física, que pode levar dias para ser
afastada. Como uma via de mão dupla, o desequilíbrio intestinal também afeta a
produção de serotonina, causando alterações de humor, como irritação e
desânimo. Estudos demonstram que períodos de estresse diminuem o fluxo
sanguíneo em órgãos vitais, atrapalhando seu funcionamento.
Justamente
por isso, tratamentos multidisciplinares (que olham o paciente como um todo),
com técnicas de meditação, massagem e acupuntura são prescritos por médicos e
nutricionistas com cada vez mais frequência.
Sinal de alerta.
Estar
com intestino preso é diferente de ter essa condição. A disfunção inesperada
que se prolonga por mais do que três dias pode significar algum desequilíbrio
mais sério, como a síndrome do intestino irritável.
Procure
um médico gastroenterologista se sintomas como dor ou desconforto abdominal,
estufamento e distensão abdominal, associados a alterações nas fezes, se
repetirem por mais de três dias.
“Não
existe receita mágica, mas se nenhuma das indicações básicas (acima) melhorarem
o funcionamento do intestino, este pode ser um sinal de que algo não vai bem”,
afirma Rachel Faria.
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