FONTE: Fernando Cymbaluk, Do UOL, em São Paulo, (http://noticias.uol.com.br).
Um simples exame de
sangue pode ajudar os médicos a prever se o paciente com câncer de próstata
avançado reagirá de forma positiva aos tratamentos existentes contra a doença.
A nova técnica, ainda está em pesquisa, mas tem resultados promissores.
Cientistas do Reino
Unido estão pesquisando um tipo de teste que detecta DNAs liberados por células
cancerígenas na corrente sanguínea e que indicam se os tratamentos serão
eficazes ou não.
Os pacientes cujas
amostras de sangue carregam múltiplas cópias de um gene específico tendem a
reagir mal quando tratados com abiraterona e enzalutamida --drogas usadas no
tratamento padrão do câncer de próstata avançado. Esses genes são receptores
androgênicos, que fazem o câncer crescer e o tornam resistente aos
medicamentos.
De acordo com
Gerhardt Attard, pesquisador do Institute of Cancer Research que liderou o
estudo, o uso de abiraterona e a enzalutamida são "excelentes
tratamentos" para câncer de próstata avançado, mas não funcionam para
todos os pacientes. Em alguns casos, a doença retorna rapidamente. O
câncer de próstata é o segundo que mais acomete os homens no Brasil, de acordo
com o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Com um teste que
identifique DNAs com esses genes, pacientes poderiam ser poupados de efeitos
colaterais de tratamentos que não vão surtir efeitos. Os médicos poderiam então
buscar tratamentos alternativos. O teste poderá ser usado para personalizar o
tratamento do câncer de próstata. Contudo, para chegar aos hospitais e centros
de tratamento, ainda requer mais pesquisas.
O estudo foi
desenvolvido pelo Institute of Cancer Research e pela Royal Marsden NHS Foundation
Trust, ambos do Reino Unido, e publicado na revista Annals
of Oncology.
Pesquisa mostrou quatro
vezes mais chances de morrer.
Os pesquisadores
analisaram amostras de sangue de homens com câncer de próstata avançado em três
ensaios clínicos diferentes. As amostras foram feitas antes dos pacientes
receberem tratamento com abiraterona ou enzalutamida e após a evolução positiva
ou negativa da doença.
Em um grupo inicial
de 171 pacientes, homens com níveis elevados do gene em suas amostras de sangue
apresentaram quatro vezes mais chances de morrer ao longo do estudo do que
aqueles com níveis mais baixos. Os achados foram confirmados em um segundo
estudo que contou com 94 pacientes.
Toque e PSA são
necessários para diagnosticar câncer.
A visita ao
urologista para averiguar a saúde da próstata é acompanhada por algumas
dúvidas. Uma clássica envolve os mitos sobre o exame de toque. Outra, mais
recente, recai sobre o exame de dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico)
para detectar câncer no órgão. No começo de maio, um grupo de cientistas ligados ao governo dos EUA
voltou atrás em decisão de contraindicar o exame. Mas,
afinal, quais são os exames existentes e quais o homem deve fazer?
Existem três tipos de
exame, além do exame de toque. O PSA (feito a partir da coleta de sangue), o
PCA3 (feito com amostra de urina) e a ressonância magnética. O problema é que
nenhum deles possui grande precisão. Ainda assim, o aumento observado nas taxas
de incidência da doença no país pode estar relacionado à evolução dos métodos
de diagnóstico.
"São importantes
os exames preventivos porque as chances de cura dependem da fase em que é
detectado o tumor", diz o médico patologista clínico Hélio Magarinos
Torres. Assim, o diagnóstico precoce é fundamental.
Por ser mais comum,
barato e acessível, o PSA, associado ao exame de toque, é ainda o mais
indicado, devendo ser realizado como exame de rotina por todo homem com mais de
50 anos. Homens que correm mais risco devem fazer o exame a partir dos 45 anos
- quando há parentes de primeiro grau que receberam o diagnóstico de câncer de
próstata antes dos 65 anos - ou dos 40 - no caso dos parentes com câncer serem
diversos.
Exame de
toque: O toque retal permite que o
médico identifique alterações nas bordas da próstata. Precisa ser complementado
pelo PSA, que pode sugerir a existência de tumor presente na região interna da
próstata, que não é percebido no exame de toque.
PSA: Exame
indicado para rastreio do câncer de próstata, é realizado através de exame de
sangue e permite diagnosticar alterações precocemente. Por estar associado a
resultados falso-negativos e falso-positivos, deve ser complementado por outros
exames. A nova recomendação nos EUA orienta que os médicos informem a homens de
55 a 69 anos sobre os riscos do exame e que a decisão de fazê-lo ou não deve
ser tomada de acordo com a particularidade de cada caso. É feito gratuitamente
pelo SUS.
PCA3: Feito a partir de exame de urina, consegue identificar proteínas
cancerosas produzidas pela próstata. Ele é o principal aliado para descartar a
dúvida sobre necessidade de biópsia nos pacientes. Possui uma sensibilidade
maior que o PSA. Mas, ainda assim, pode registrar falso-negativos e
falso-positivos. Não está disponível na rede pública de saúde.
Ressonância Magnética: As imagens obtidas pelo exame permitem avaliar a estrutura da
próstata e identificar possíveis áreas de aumento ou distorções na anatomia da
glândula que indiquem existência de câncer. Também serve para acompanhar a
progressão ou regressão do tumor.
Biópsia: Feita a partir da captura de fragmentos da próstata com
o uso de uma pistola, pode ser feita em consultório, com ou sem anestesia.
Permite detectar câncer com maior precisão e classificar o tipo do tumor.
Assim, o médico pode saber se ele é mais ou menos agressivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário