Ir ao dentista de seis em seis meses é o mínimo
indicado quando se está com a saúde bucal em dia. O problema é que nem sempre
isso acontece. Em muitos casos, principalmente quando não se sente dor, o
acompanhamento odontológico é adiado, e isso pode trazer inúmeros danos para
sua saúde, incluindo problemas sérios e silenciosos que podem exigir
intervenções invasivas. Quer evitar contratempos e dor? Confira como se formam
e como evitar alguns problemas bucais.
Erosão dentária.
De acordo com Andreia Salvador de Castro
(CROMG 13600), especialista em Dentistica, a erosão/corrosão dentária
é a perda irreversível do tecido dental duro, como o esmalte (que é a camada
mais externa dos dentes) por ácidos. Esse tipo de problema não envolve a ação
bacteriana: mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares são o
principal motivo para o agravamento da condição. Os ácidos que causam a erosão
podem ser provenientes de bebidas como refrigerantes, energéticos e sucos, ou
do próprio corpo humano, como os do suco gástrico.
“Todo paciente com diagnóstico de Refluxo
Gastroesofágico deveria procurar o dentista, pois ele já pode ter sinais de
desgaste dental, mesmo sem perceber”, alerta Andreia. A dentista explica que o
paciente só vai perceber os sintomas dessa disfunção quando eles estiverem mais
avançados, causando sensibilidade dental. “Deve-se tratar o problema gástrico
com o médico e também buscar a orientação de um dentista, principalmente sobre
questões como alimentação, adiar escovação logo após episódios de regurgitação
ou ingestão de bebidas ácidas, usar cremes dentais menos abrasivos e otimizar a
remineralização dentária através do uso de flúor”, indica a especialista.
Quando já houver grandes perdas, não tem jeito: é preciso realizar o tratamento
restaurador com resina ou outros materiais.
Cáries.
O consumo frequente de
açúcares, associado a uma má higienização e à ação das bactérias que
naturalmente habitam nossa boca, pode levar à perda de minerais dos dentes. A
evolução desse problema leva à perda do tecido dental, formando um buraco.
Nesse processo, o fluxo salivar tem um papel fundamental, pois naturalmente
auxilia na remineralização dos dentes. O flúor também é um aliado: a substância
reverte perdas minerais que ocorrem diariamente, reduzindo os sinais da doença.
“É importante tratar a cárie antes que apareçam
os sinais de cavidade, pois nesses casos o tratamento é obrigatoriamente
restaurador. A visita ao dentista é fundamental para o controle da doença antes
das manifestações clínicas visíveis”, alerta Andreia. As cáries podem trazer
dor, comprometimento estético e até a perda do dente.
Tártaro.
Tártaro é a placa
bacteriana (ou biofilme dental) que endurece na superfície dos dentes e também
pode se formar sob a gengiva e irritar os tecidos gengivais. O tártaro não só
prejudica a saúde dos dentes e gengiva, mas também é um problema estético: por
ser poroso, absorve as manchas com mais facilidade. Assim, para aquelas pessoas
que fumam ou tomam chá ou café, é ainda mais importante que evitem a formação
do tártaro.
“Como não existem sintomas dolorosos, muitas
vezes a pessoa desconhece que possui o tártaro. A escovação ou o uso do fio
dental são efetivos no controle da placa. Porém, quando esta se torna
mineralizada e aderida ao dente (que é o tártaro), a higienização caseira já
não faz mais efeito: apenas um dentista pode retirá-lo por meio de uma limpeza
profissional”, alerta a dentista Isabelle
Weiss (CROPR 10457), especialista em Prótese Dentária e
Implantodontia.
Problemas gengivais.
As bactérias podem
infectar a gengiva, causando a doença periodontal. Isabelle explica que existem
basicamente três estágios da doença: A gengivite, que é a inflamação da gengiva
causada pelo acúmulo da placa bacteriana. Nesse primeiro estágio, a doença pode
ser revertida com um processo eficaz de higienização e acompanhamento profissional.
A periodontite é um estágio mais avançado, no qual o osso de apoio e as fibras
que sustentam os dentes estão danificadas. O tratamento pode reverter os danos,
ou não. Na periodontite severa, as fibras e ossos dos dentes estão bem
comprometidos, com perdas significativas e, muitas vezes, irreversíveis.
“O diagnóstico precoce é fundamental para o
sucesso do tratamento, ou seja, se a pessoa só procurar o dentista quando
sentir alguma coisa, como mobilidade do dente, mau hálito e sangramento
gengival, pode ser tarde para um tratamento conservativo”, salienta Isabelle.
Os primeiros sintomas desse tipo de problema podem ser percebidos em semanas,
no caso da gengivite, ou até anos, no caso de uma periodontite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário