Coceira, ressecamento, vermelhidão e ardência nos olhos são alguns dos
sintomas comuns a quem passa muito tempo em frente à tela do computador. Mas
será que, além desse incômodo, existe risco a longo prazo para quem precisa
ficar horas conectado?
"São sintomas temporários. Não há danos permanentes", aponta o
médico Oswaldo Ferreira Moura Brasil, membro da diretoria da SOB (Sociedade
Brasileira de Oftalmologia).
O incômodo frequente acontece porque, no monitor, as letras e os
desenhos têm bordas menos definidas, o que dificulta a manutenção do foco pelos
olhos. Mudanças de imagens, brilho e contraste são outros elementos que exigem
um esforço extra dos olhos. Além disso, piscamos até 60% menos quando
estamos diante da tela do computador.
"Quando o indivíduo está em frente a esses objetos, acaba por
inibir a ação de um mecanismo chamado de sistema nervoso autônomo, que é
responsável inconscientemente por encaminhar estímulo para que as pálpebras
pisquem e esparramem a lágrima sobre os olhos, hidratando a superfície ocular e
mantendo a transparência da córnea, necessária para a visão", explica
Pedro Antonio Nogueira Filho, oftalmologista e chefe do pronto-socorro do
H.Olhos Paulista.
De acordo com os médicos ouvidos pelo UOL, esses efeitos podem
atingir tanto usuários de tablets e smartphones quanto de desktops e notebooks.
Segundo estudo realizado pelo National Institute for Occupational Safety and
Health, dos Estados Unidos, cerca de 90% das pessoas que passam três horas ou
mais no computador sofrem do que eles chamam de síndrome da visão de
computador.
Apesar de mais frequente entre adultos, que fazem parte da população
economicamente ativa, os problemas podem se manifestar em qualquer idade.
"É importante salientar que os sintomas podem se intensificar em pacientes
a partir de 40 anos, quando observamos uma condição fisiológica chamada de
presbiopia (vista cansada) e que se manifesta com a dificuldade da visão para
perto", afirma Nogueira.
De modo geral, é preciso ficar alerta a incômodos que não passam após
pequenas pausas, já que podem estar associadas a outras doenças. "Sempre
que houver sintomas nos olhos, o oftalmologista deve ser consultado",
afirma Brasil.
Só na consulta, o especialista pode diagnosticar, por meio de exames, o
problema e avaliar se é preciso usar lentes corretivas ou colírios específicos
para melhorar a hidratação dos olhos.
Postura correta.
As queixas mais comuns associadas à síndrome da visão do computador são
vista embaçada, cansaço visual e sensação de corpo estranho nos olhos. Além desses
efeitos, muitos usuários frequentes relatam dores de cabeça, nas costas e no
pescoço.
Para evitar esses problemas, médicos recomendam, em primeiro lugar,
intervalos de cinco a dez minutos a cada hora de uso do computador. A pausa
deve ser maior se você ficar mais de 4 horas em frente ao monitor.
Outra dica importante é manter uma distância confortável entre os olhos
e a tela, que deve ser de mais ou menos 70 cm. "É importante também não
deixar a tela do computador mais brilhante do que a luz ambiente", diz o
médico da SOB.
Segundo a entidade, as telas de LCD costumam apresentar melhor resolução
e, assim como os filtros protetores, refletem menos a iluminação externa. A
taxa de renovação da tela, ou "refresh rate", deve ser ajustada nas
configurações do vídeo para ficar entre 80 Hz e 120 Hz, o que melhora o
conforto do usuário.
Quanto à altura correta, a parte superior do monitor deve ficar na mesma
altura ou levemente abaixo do nível dos olhos. "O ideal é que a posição
dos olhos esteja alinhada com a tela na horizontal ou para baixo, nunca para
cima, o que favoreceria uma abertura maior das pálpebras e, consequentemente,
mais sintomas pela exposição dos olhos", diz o médico do H.Olhos Paulista.
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