Ardência ao urinar e
fluxo fraco ou interrompido devem acender o sinal de alerta nos homens.
São Paulo - A descoberta de um câncer de próstata está longe de ser uma sentença de
morte para o paciente, principalmente se o diagnóstico foi realizado logo no
início da doença. Para isso, é fundamental combinar ao menos dois tipos de
exames, que dão até 80% de sucesso na detecção precoce desse tipo de tumor.
O toque retal garante até 48% de chance de encontrar o câncer, caso ele
exista. Quando feito em conjunto com o PSA (exame de sangue que identifica
alterações), sobe para 80%. Homens negros ou filhos de quem teve a doença devem
procurar o urologista para investigar o problema já aos 45 anos. Os demais, a
partir dos 50.
“Quanto mais precoce se faz o diagnóstico, maiores são as chances de
cura. Nos estágios iniciais, a sobrevida da doença se aproxima dos 100% em
cinco anos. Porém, quando a doença é diagnosticada em estágios avançados [com
metástase], a sobrevida em cinco anos cai drasticamente”, diz Gustavo
Guimarães, diretor do IUCR (Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia
Robótica).
Segundo Guimarães, o principal problema é que o câncer de próstata tem
evolução silenciosa, podendo se confundir com o crescimento benigno da
glândula. O paciente deve suspeitar de algo errado quando sentir dor ou
ardência ao urinar e tiver fluxo de urina fraco ou interrompido, entre outros
sintomas, e isso permanecer por duas semanas ou mais. Outro sintoma recorrente
é o surgimento de sangue na urina ou no sêmen, além da dificuldade de ereção.
Além de procurar o urologista e fazer os exames dentro da faixa etária
adequada, adotar hábitos de vida saudáveis é algo importante para evitar o
câncer de próstata. Fugir do cigarro e das comidas gordurosas, além de praticar
atividade física são atitudes recomendáveis.
Segundo um levantamento feito pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer),
do Ministério da Saúde, só em 2017 foram cerca de 15 mil mortes em decorrência
do câncer de próstata no Brasil. A estimativa é de que neste ano sejam
registrados 68 mil novos casos da doença e venham a morrer de 27% a 34% desses
pacientes —uma multidão entre 18 mil a 23 mil pessoas.
Metade dos homens nunca
consultou o urologista.
Piadinhas na roda de amigos sobre o toque retal e desconhecimento sobre
como cuidar da saúde formam a combinação perfeita para que o câncer de próstata
se desenvolva. Mesmo com grande chance de cura, a doença ainda mata por causa
do preconceito.
“Ainda, sim, há preconceito, principalmente em relação ao exame de toque.
No entanto, está diminuindo com campanhas importantes, como a do Novembro
Azul”, afirma o urologista Alex Meller, da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo Meller, estudo feito pela Sociedade Brasileira de Urologia
apontou que 51% dos homens nunca foram a um urologista. “Normalmente as
mulheres são orientadas pelos pais a realizarem exames anuais com o
ginecologista desde o período da adolescência, associado ao início da
menstruação e aos cuidados com o útero”, diz.
“Esse hábito levado a vida adulta as torna mais preocupadas com a saúde.
Ainda muitos homens vão ao médico porque a esposa agenda a consulta”, completa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário